Sou muito infeliz no casamento e, por isso, mantenho um relacionamento extraconjugal. Gostaria de saber se Deus aprovaria o divórcio, para eu me casar com a outra mulher.
Alberto R. Timm
Um dos maiores problemas da sociedade contemporânea é a infelicidade e a conseqüente infidelidade no casamento. Sentindo-se incapazes de solucionar seus problemas matrimoniais, muitos têm optado pelo divórcio ou por relacionamentos afetivos extraconjugais. Isto se deve, em grande parte, à tendência moderna de encarar o amor não mais como um princípio alterocêntrico (centralizado nos outros) e sim como um mero sentimento egocêntrico (centralizado no próprio eu).
De acordo com as Escrituras, o casamento é um compromisso vitalício e indissolúvel (ver Mt 19:6), que não pode ser desfeito, exceto pela morte (ver I Co 7:8, 9 e 39) ou pelo adultério (ver Mt 19:3-9) de um dos cônjuges. Somente quando um dos consortes morre ou adultera é que o outro fica livre para contrair novas núpcias, se assim o desejar. São de Cristo as palavras: “quem repudiar sua mulher, não sendo por relações sexuais ilícitas [da parte dela], e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério” (Mt 19:9; ver também Mc 10:11 e 12).
Todo relacionamento sexual extra-conjugal é condenado pelo sétimo mandamento do Décalogo, que ordena: “Não adulterarás” (Êx 20:14; ver também Mt 5:27-32). João Batista foi claro e incisivo em sua desaprovação ao relacionamento extraconjugal de Herodes Antipas com Herodias (ver Mt 14:1-12; Mc 6:14-29; Lc 3:18-20). Em nenhum momento João sancionou a idéia de que Herodes poderia separar-se de sua primeira esposa para casar com Herodias, com a qual ele já convivia.
O conceito bíblico é que marido e esposa se tornam, através do casamento, “uma só carne” (Gn 2:24) e que esta união não pode ser desfeita por vontade humana (ver Mt 19:6). Paulo afirma em I Coríntios 7:10 e 11 que os casados não devem se separar. Se todavia o fizerem, que procurem logo se reconciliar. Caso essa reconciliação não seja mais viável, que permaneçam então sozinhos. Fica evidente, portanto, que não é a mera obtenção de um divórcio legal que desfaz os laços vitalícios do matrimônio.
A maioria das separações matrimoniais gera nos cônjuges um senso de fracasso pela incapacidade de superar o problema. Muitos dos casais que alegam possuir pleno direito de se divorciarem esquecem que, com essa atitude, estão tolhendo o direito de seus filhos de terem uma família bem estruturada. Bom seria se todos os casais infelizes no matrimônio lessem, antes de qualquer decisão extrema, os conselhos bíblicos encontrados em Provérbios 15:1, Mateus 5:38-48 e I Coríntios 13.
Fonte: Sinais dos Tempos, fevereiro de 1998, p. 29 (usado com permissão)