José Carlos Ramos, D.Min.
Professor de Daniel e Apocalipse no Salt, Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP

Resumo: O Espírito Santo é revelado nas Escrituras como uma Pessoa divina semelhante ao Pai e ao Filho e, ao mesmo tempo, distinta de ambos. Mas grupos dissidentes do adventismo insistem que o Espírito Santo não passa de mera energia despersonalizada proveniente de Deus. Em resposta a essa teoria, o presente artigo provê um estudo bíblico-exegético sobre a natureza da terceira Pessoa da Divindade. O autor também procura restaurar o sentido original de algumas citações dos escritos de Ellen G. White distorcidas pelos antitrinitarianos.

Abstract: The Holy Spirit is revealed in the Scriptures as a divine Person like the Father and the Son but, at the same time, distinct to both. However, Adventist offshut groups insist that the Holy Spirit is only a mere despersonalized energy from God. In response to this theory, the present article provides a biblical-exegetical study on the third Person of the Godhead. The author also tries to restaure the original meaning of some quotations from the writings of Ellen G. White that have being distorted by anti-Trinitarians.

Introdução

Dos membros da Trindade, o terceiro é Aquele de Quem há menos informações objetivas, precisas, que definam o seu próprio Ser. O Filho Se tornou um de nós. Sua manifestação foi visível, material, em nosso nível. O Pai foi por Ele revelado. Mas o Espírito permanece um tanto imperceptível, à parte, despretensioso, operando sem autoprojeção, não Se impondo, não falando “de Si mesmo” (Jo 16:13). E no próprio ato do desprendimento, Ele cumpre a divina obra que O faz conhecido. É parte de Sua glória exaltar e glorificar o Filho e, através do Filho, o Pai, fazendo com que a revelação de ambos se efetive na consciência humana. Que exemplo de abnegação!

No quarto Evangelho, o Espírito executa pelo menos sete atividades, todas em exaltação a Jesus:

(1) Ensinar, e

(2) Fazer lembrar tudo o que Jesus disse – João 14:26

(3) Dar testemunho de Jesus – João 15:26

(4) Convencer do pecado, porque o mundo não crê em Jesus; da justiça, porque Ele foi para o Pai; e do juízo, porque Satanás foi julgado e derrotado – João 16:8

(5) Guiar a toda a verdade, e Jesus é a verdade (14:6) – João 16:13

(6) Declarar ou anunciar o que Jesus, da parte do Pai, Lhe entrega – João 16:13, 14, 15

(7) Glorificar a Jesus – João 16:14

O Apocalipse refere-se a Ele como os sete Espíritos de Deus (Ap 1:4, 5; 4:5). Sete é o número da plenitude. O Espírito alcança a plenitude nesta atividade cristocêntrica sétupla.

Isso é tão fundamental para o plano da redenção, que, sem o operar do Espírito, seria como se Jesus nunca tivesse encarnado e Deus nunca tivesse Se manifestado. Ele habilita o homem a entender a salvação e responder positivamente a ela. Sem Ele, a Igreja não poderia cumprir Sua missão e estaríamos fadados a permanecer neste mundo indefinidamente.

Objeto de especulação

Talvez o fato de existir pouca informação sobre o Espírito Santo faça com que uma conceituação sobre Ele se torne mais susceptível de especulação. Nos dias de Ellen G. White havia aqueles que afirmavam que o Espírito era uma “luz derramada” e “uma chuva caída”. Ela considerou essas ideias como de cunho espiritualista, ou espiritista, e as condenou por rebaixarem a Deus.1

Igualmente afrontoso é tomá-Lo por criatura. Há os que acreditam que Ele e Gabriel se equivalem. A inspiração nega isso fazendo clara distinção entre ambos no registro das palavras deste anjo a Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo…” (Lc 1:35). Gabriel não poderia estar falando de si mesmo. E Ellen G. White assegura que o seguidor de Jesus pode sentir-se confiante e seguro no conflito “contra as hostes espirituais da maldade”, porque “mais que anjos estão nas fileiras. O Espírito Santo, o representante do Capitão do exército do Senhor, desce para dirigir a batalha.”2 Rebaixar o Espírito Santo à categoria de anjo é, na realidade, minimizar a Deus, algo muito a gosto de Satanás.

Outra forma especulativa no tratamento de tão sublime tema é despojar o Espírito de Sua personalidade. Entre os que negam a Trindade, é comum a afirmação de que Ele é apenas uma influência ou energia – o poder de Deus. Esta idéia é tão antiga quanto o século terceiro, quando Paulo de Samosata, monarquista/adocionista e bispo de Antioquia entre 260 e 272, a difundiu. No tempo da Reforma, Lélio Socino e seu sobrinho Fausto, ambos antitrinitaristas, propagaram a teoria.

Não há como negar que este conceito rebaixa o valor do Espírito Santo para a Igreja. L. E. Froom a isto se refere quando afirma que negar a personalidade do Espírito não é

mera questão técnica, acadêmica ou simplesmente teórica. É de suprema importância e do mais elevado valor prático. Se Ele é uma Pessoa divina e O consideramos como influência impessoal, estamos roubando desta Pessoa divina a deferência, honra e amor que Lhe são devidos. E mais: Se o Espírito é mera influência ou poder, podemos então procurar apropriar-nos dEle e usá-Lo.3

Continua Froom:

Não, o Espírito Santo não é uma tênue, nebulosa influência imanente do Pai. Não é algo impessoal, vagamente reconhecido, apenas um invisível princípio de vida… Jesus foi a personalidade mais influente e marcante neste velho mundo, e o Espírito Santo foi designado para preencher Sua vaga. Nada a não ser uma Pessoa poderia substituir Aquela maravilhosa Pessoa. Nenhuma simples influência seria suficiente.”4

Para substituir uma Pessoa maravilhosa só outra Pessoa maravilhosa.

Espírito de Deus, Espírito de Cristo, e o gênero neutro de Pneuma

Dissidentes se valem do fato de a Bíblia identificar o Espírito Santo como Espírito de Deus ou de Cristo (1Jo 4:2; 1Co 3:16; Gl 4:6; 1Pe 1:11, entre outros textos), para afirmar que o Espírito Santo é algo inerente a Deus, tal como a Sua energia, virtude, fôlego, glória, etc., e que, portanto, ao ser enviado, “parte de dentro (do interior) do Pai”.5

Ricardo Nicotra e Jairo de Carvalho, como exemplos, presumem que o verbo ekporeúomai, empregado em João 15:26 (um dos textos que registram a promessa do envio do Espírito), e vertido como “proceder” na Almeida Revista e Atualizada, significa originalmente sair, ou partir, ou vir de dentro de, do interior de.6 Não se sabe de onde eles copiaram esta idéia, mas o que temos aqui é uma dedução apressada e temerária. Quando tão somente ekporeúomai é registrado, não é feita referência ao ponto de partida do movimento que ele expressa; nesse aspecto, o verbo significa simplesmente sair, partir, encaminhar-se, conduzir-se, proceder, etc. (no sentido de ida e de vinda), tal como aparece em algumas passagens, como Lucas 3:7, que fala de multidões que “saíam para serem batizadas” (saíam de onde?), ou Atos 9:28, informando que, estando Paulo em Jerusalám, entrava e saía com toda a liberdade (entrava e saía sem sair de Jerusalém, isto é, ele se movimentava livremente na cidade).

Às vezes, o sentido de procedência de ekporeúomai está implícito, mas normalmente ele é dependente da preposição que rege o ponto de origem explícito na frase. Por esta razão, é totalmente supérfluo se valer de outros textos em que este verbo é empregado aparentemente com o significado aludido pelos dissidentes, se, nesses textos, a preposição é distintamente outra. Três exemplos alegados por Nicotra, com as referidas preposições aqui italizadas, são como seguem:

(1) “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4:4);

(2) “O que sai do homem, isso é o que o contamina” (Mc 7:20); e

(3) “Então vi sair da boca do dragão, da boca da besta…” (Ap 16:13).7

O original de (3) não consigna verbo algum, e é levado em conta apenas na pretensão do dissidente, razão porque desconsideramos esse exemplo. Observamos, então, que em (1), a preposição é diá cujo sentido principal é através de; qualquer palavra, normalmente, é emitida através da boca, daí procedendo. Alegar que antes que uma palavra seja dita ela se formulou na mente, o que pode até ser um fato,8 e que, portanto, significa “sair de dentro”, é impor ao verbo um sentido que ele, por si só, não reúne. É a preposição que se liga ao ponto de onde parte o movimento que poderá dar esse significado.9

Por exemplo, em (2), a preposição é ek, “de, desde”, e pode implicar o sentido “de dentro de”, como o emprego de ésôten, “de dentro”, em Marcos 7:21 e 23 demonstra. Dizemos que pode, porque nem sempre é isto o que ocorre, ainda que seja empregada a preposição ek. Exemplos: “Do trono [ek tou thrónou] saem relâmpagos, vozes trovões…” (Ap 4:5), e “rio da água da vida… que sai do trono [ek tou thrónou] de Deus” (22:1) não significam necessariamente que os relâmpagos, vozes, trovões e o rio saem de dentro do trono.

Ademais, se o sentido original de ekporeúomai fosse mesmo “vir de dentro”, como querem os dissidentes, seria uma desnecessária redundância Marcos 7:21 e 23 registrar ésôthen ekporeúetai, “procedem de dentro”; seria o mesmo que dizer em português: sair para fora, entrar para dentro, subir para cima e descer para baixo.

Assim, a preposição é importante para se estabelecer o ponto de origem do movimento expressado por ekporeúomai. Em João 15:26, a preposição é pará, também “de, desde”, mas com a acepção de posição, colocação, etc. (cf. à nossa palavra paralelo). Segundo Robertson, uma das maiores autoridades no estudo do koiné, o grego popular do Novo Testamento, pará significa “ao lado de”, “junto com”.10 Em outras palavras, o Espírito Santo procede de onde o Pai está, não do íntimo dEle.

Assim, o verbo ekporeúomai, para ter o significado requerido por Nicotra e Carvalho na aplicação que fazem ao Espírito Santo, teria que, no mínimo, estar ligado à preposição ek, ou, então, apó, como na construção “saía de Jericó” em Marcos 10:46. E este não é o caso em João 15:26.

Portanto, a fórmula “Espírito de Deus”, ou “de Cristo”, indica procedência e não inerência, e implica que a obra do Espírito Santo é executada em subordinação ao Pai e ao Filho. Parte desta obra é a representação vicária de Ambos neste mundo. De fato, Jesus prometeu aos discípulos que, juntamente com o Pai, retornaria para eles na pessoa do Espírito Santo (Jo 14:16-18, 23).

Outro expediente utilizado pelos que rejeitam a personalidade do Espírito Santo é o gênero neutro do grego pneuma, espírito. “A Bíblia não empregaria uma palavra neutra para identificar uma personalidade,” dizem. Contra esta hipótese se verifica que o termo é usado em referência a entidades reconhecidamente pessoais. “São todos eles espíritos ministradores…”, afirma o escritor sagrado acerca dos anjos (Hb 1:14).

Especulação na ordem do dia

Condenando as especulações, o Espírito de Profecia adverte: “A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Senhor não revelou. Com fantasiosos pontos de vista, pode-se reunir passagens das Escrituras e dar-lhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a Igreja. Com relação a tais mistérios – demasiado profundos para o entendimento humano – o silêncio é ouro.”11

Quanto a esse assunto (natureza do Espírito Santo), está na ordem do dia o que Ellen White classifica de “fantasiosos pontos de vista”. Dissidentes oportunistas e aventureiros, com “comichões nos ouvidos” (2Tm 4:3), imaginam ser crime de apostasia a aceitação da divindade do Espírito Santo, e, inescrupulosamente, intentam arrancar das páginas sagradas alguma noção que lhes satisfaça as divagações; com isto, acabam preterindo o criterioso ensino bíblico e do Espírito de Profecia sobre tão sublime tema, por arrazoados fantasistas e inconsequentes que, no mínimo, denigrem o caráter sacratíssimo deste Ser. E isso, sim, é crime. E o que é pior: julgam-se os portadores da verdade, enquanto o povo de Deus, em sua totalidade, está errado.

Não obstante, o que acontecia no tempo de Ellen G. White, e que mereceu sua veemente censura, está literalmente ocorrendo hoje, pois tal como a serva do Senhor denunciou, os atuais dissidentes igualmente reúnem um punhado de “passagens bíblicas”, arbitrariamente catadas aqui e ali e, sem o mínimo respeito às mais elementares regras hermenêuticas, colocam-nas numa cadeia temática ilegítima que as obriga a afirmar aquilo que eles pretendem. O resultado é uma interpretação barata, superficial, abusiva, tendenciosa, sem o necessário respaldo de pesquisa séria e responsável, o que, inevitavelmente, conduz a conclusões confusas e contraditórias; ora o Espírito é definido em termos de pessoalidade, ora em termos de abstração.

Para se confirmar esse fato, basta uma olhadela em publicações produzidas por separatistas. Algumas colocações aí feitas quanto ao Espírito Santo são de estarrecer mesmo o leitor casual. “Entre outras, cada qual mais descomunalmente absurdas,”12 são feitas as seguintes declarações:

O Espírito Santo…

(1) …é o sopro, o fôlego de Deus,13 no sentido de que da mesma forma que o homem tem fôlego (isto é, espírito) Deus também tem fôlego (isto é, espírito).14 Em outras palavras, a teoria transforma uma simples analogia empregada por Paulo (ver 1Co 2:11) numa realidade substancial que toma o homem por modelo. Mas se isto é o que Espírito de Deus significa, é inevitável a ideia de que o antropomorfismo divino, longe de ser um engano,15 é um conceito correto: o homem é a padronização de Deus – como é com ele, assim é com Deus!!! Mas vejamos: não importando se o homem tem fôlego porque respira ou respira porque tem fôlego, uma questão aqui pertinente é: Deus respira? (bem, esse seria o caso se Ele tivesse fôlego como o homem). Tem Ele um sistema respiratório que inclui, por exemplo, pulmões? Há no céu uma camada atmosférica para suprir a respiração dos que ali habitam?

(2) …é o próprio Senhor,16 no sentido de que o Espírito Santo equivale ou a Cristo, ou ao Pai, ou a ambos. Este raciocínio descamba para uma variação de outra heresia; seria um sabelianismo17 dicotômico.

(3) …é isto.18 O dissidente Jairo Carvalho afirma que é “um total desprezo chamar mesmo um ser humano de ‘isto’”, quanto mais Deus, o que para ele é “uma prova de que o Espírito Santo não pode ser um Deus”,19 já que, como ele supõe, Atos 2:33 O identifica como “isto”. Mas nesse caso, não importando o que ou quem Ele seja, o Espírito Santo é, segundo esse raciocínio, inferior ao próprio homem, pois “isto”, que não é cabível a este, é próprio para o Espírito Santo.

Pena que o Sr. Carvalho não tenha percebido que o demonstrativo neutro não se aplica à pessoa do Espírito Santo propriamente, mas ao efeito poderoso da Sua operação, o milagre que todos testemunharam! O texto diz: “Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.” Por um lado, “Espírito Santo”, o assunto da promessa, e “isto”, o que foi derramado, não se correspondem necessariamente; por outro lado, segundo o discurso de Pedro à multidão atônita, o “isto” foi referido como aquilo que “vedes e ouvis”. O que eles viam e ouviam? Era o Espírito Santo ou era a Sua operação? Bem, ali estava um grupo de iletrados galileus falando, nos vários idiomas representados, as grandezas de Deus (vs. 6-8, 11 e 12), e isto eles estavam muito bem vendo e ouvindo; em outras palavras, eles testemunhavam o poder do Espírito em exercício, e era exatamente o poder do Espírito, e não Sua pessoa, que fora derramado.

Com efeito, Atos não afirma que Deus derramou o Seu Espírito, mas do Seu Espírito (ver 2:17). Em 10:45, é o “dom do Espírito” que “foi derramado.” À luz de 1 Coríntios 12, o Espírito Santo é tanto dom como doador. Derramar significa conceder generosamente, e refere-se fundamentalmente aos recursos do Espírito. Dias antes, Jesus havia prometido isso aos discípulos; receberiam poder ao descer sobre eles o Espírito (At 1:8). É a Pessoa quem desce; é o poder que é “derramado”. O que aconteceu com a igreja primitiva foi a repetição do que já acontecera com Jesus (10:38). Neste texto, o Espírito é distinto de poder, e vice-versa. De fato, ao ser batizado, o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma de pomba (Mt 3:16), e o resultado foi um poderoso ministério. O senso de derramamento transparece no relato de Marcos, que afirma que “os céus rasgaram-se” (1:10), enquanto o de pessoalidade é notado em Lucas, ao afirmar que o Espírito veio em “forma corpórea” (3:22).

Houve, portanto, uma compreensão equivocada de Atos 2:33 por parte do Sr. Carvalho. O demonstrativo isto se refere antes à consequência da manifestação do Espírito, que à Sua pessoa.

(4) …é a mente de Deus.20 Mas a Bíblia diz que o próprio Espírito tem mente (Rm 8:27); seria correto falar em mente da mente?

(5) …é o dedo de Deus.21 Nesse caso, o Espírito Santo seria uma pequena parte d[o corpo d]e Deus. E aí pergunta-se: “Deus tem corpo?”

(6) …é qualquer anjo fiel22 com especial menção primeiramente a Lúcifer,23 então a Gabriel, quando aquele que se tornou Satanás foi expulso do céu.24 Na verdade, o autor confundiu a verdade afirmando que Gabriel é um Espírito Santo, mas não o Espírito Santo, o qual é a glória de Deus.25 Mas quantos Espíritos Santos existem? A Bíblia diz que é apenas um (Ef 4:4). Para Carvalho, entretanto, qualquer anjo fiel pode ser um Espírito Santo; Gabriel é a terceira pessoa da Divindade (que ele insiste em dizer que é “a partir da Divindade”),26 e deve ser distinguida do Espírito Santo. Mas a inspiração afirma que ambos, a terceira pessoa e o Espírito Santo, são o mesmo ser: “O príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Divindade,27 o Espírito Santo.”28

(7) …é a glória de Deus.29 Aqui o dissidente se aproximou consideravelmente de uma das abstrações espíritas condenadas por Ellen G. White; havia em seu tempo aqueles que diziam que o Espírito Santo era uma “luz derramada”.30 Mas o mais deplorável é consignado ao final das colocações de Carvalho: como o Espírito Santo é meramente a glória divina, então mesmo o “pior inimigo de Deus”, Satanás, tem o Espírito Santo, pois ele “ainda possui um pouco da glória que recebeu de Deus.”31 Simplesmente estarrecedor!

É espantoso como determinados elementos, como fruto de seus devaneios, chegam ao extremo de nescidades como esta; isto é sacrilégio de elevada ordem, diante da qual as palavras de Jesus soam oportunas: “…a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. … Se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir… visto que é réu de pecado eterno”(Mt 12:31, 32; Mc 3:29).  Dizer que o Espírito Santo é a glória de Deus, que o próprio diabo ainda retém e emprega em sua obra de engano, como o Sr. Carvalho afirma, é, na realidade, dizer que o Espírito Santo é um instrumento nas mãos do diabo para a operação do mal e serviço do pecado!!! Na esperança de, quem sabe, despertar um pouco a consciência do dissidente, pergunto: “O Espírito Santo continua ainda glorificando a Cristo, como João 16:14 afirma que é uma de Suas tarefas, quando Ele é usado pelo diabo em sua obra satânica?”

Um Ser pessoal e divino

Impugnadas as lucubrações meramente humanas quanto ao Espírito Santo, observemos agora o que a revelação tem a dizer sobre tão excelso tema.

Quando Ellen G. White afirma que “a natureza do Espírito Santo é um mistério”,32 não significa que nada podemos aprender sobre Ele. Aquilo que a revelação nos transmite não é especulação; é a realidade que temos o dever de, pela fé, aceitar.

Dois pontos sobre o Espírito Santo estão devidamente assentados nas páginas sagradas: Ele é uma pessoa, e é Deus. “O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus.”33

A Personalidade do Espírito Santo

A personalidade do Espírito Santo é claramente inferida do testemunho bíblico. As seguintes referências não deixam dúvida a respeito:

(1) Ele é citado entre pessoas: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo…” (At 15:28). Além disso, Ele aparece na fórmula batismal junto ao Pai e ao Filho (Mt 28:19); seria redundância Jesus mencionar o Espírito Santo, tendo já mencionado o Pai, fosse Ele a mera energia dEste, ou Seu sopro, ou Sua glória; também não faria sentido Jesus ordenar o batismo em nome de uma Pessoa, o Pai, de outra Pessoa, o Filho, e agora em nome de uma energia, ou sopro, ou glória, o Espírito.34

(2) Pode e deve ser mantida comunhão com Ele (Fp 2:1; 2Co 13:14). Não se mantém comunhão com uma energia, nem com um sopro, ou glória.

(3) Não é mero poder, mas tem poder (Rm 15:19). Seria outra redundância a Bíblia falar do poder do Espírito Santo, fosse Ele mero poder; seria “o poder do poder”, o que é um contra-senso, da mesma forma que “mente da mente” visto acima.

(4) Pode-se mentir a Ele (At 5:3). Mente-se a uma pessoa e não a uma energia, a uma luz, ou à glória.

(5) Pode-se-Lhe resistir (At 7:51). É possível cumprir o papel de um resistor (componente que impede, ou atenua, o fluxo da corrente elétrica) para com o Espírito Santo? Sim, e isto o pecador faz quando, diante do apelo divino, prefere permanecer no erro. Mas tal não significa que o Espírito Santo não seja uma pessoa, pois não é apenas a uma energia que se resiste. Pessoas também podem ser resistidas, incluindo Deus (11:17). O texto fala de se resistir às claras evidências da verdade, apresentadas pelo Espírito Santo.

(6) Pode-se guerrear contra Ele (Gl 5:17). O que é uma intensificação de resistência ao Espírito Santo.

(7) Pode-se ultrajá-Lo (Hb 10:29). Como é possível ultrajar uma energia, o sopro, a glória? Ultrajar se liga naturalmente ao sentido de afrontar, insultar, difamar, injuriar, ofender, deprimir, vilipendiar, desacatar, vituperar, envergonhar. Como se pode fazer tudo isso a uma abstração?

(8) Pode-se blasfemar contra Ele como se blasfema contra o Filho (Mt 12:31). É possível blasfemar contra o sopro, contra uma energia? Blasfema-se contra uma pessoa, como é caso de Jesus aqui.

(9) Ele executa específicas funções próprias, não de uma abstração, mas de uma pessoa:

sonda, perscruta a Deus – 1Co 2:10

concede dons para a edificação da Igreja – 1Co 12:8, 12

manifesta-Se nesses dons –1Co 12:7 (em outras palavras, ao conceder dons à Igreja o Espírito Se dá a ela)

contende com pecadores – Gn 6:3

ordena sobre itens relevantes para a obra e o povo de Deus – At 8:39; 10:19, 20

envia pessoas no processo do cumprimento de alguma missão – At 10:19, 20

ensina o que uma vez ouviu – Jo 16:13 (ouvir não é próprio de uma energia), ver também 14:26; 1Co 2:13

revela, especialmente pelo exercício profético – At 1:16; 2Pe 1:21; 1Tm 4:1

testifica através da intuição na consciência, bem como com o testemunho da Igreja – Rm 8:16; At 5:32; Ap 22:17

move o agente humano na captação da revelação divina – 1Pd 1:21

incute novas realidades ainda não percebidas – Hb 9:8

indica a correta compreensão do que é revelado – 1Pd 1:11

guia os filhos de Deus – Rm 8:14, inclusive na busca de “toda a verdade” – Jo 16:13

assiste nas fraquezas – Rm 8:26

intercede corrigindo nossas orações – Rm 8:26

produz frutos na vida dos que se submetem a Ele – Gl 5:22, 23

lava e renova, o que resulta em salvação – Tt 3:5. Em João 3:5, 6 este ato é referido por Jesus em termos do novo nascimento

escreve a lei de Deus nas tábuas do coração – 2Co 3:3

santifica – 2Ts 2:13; 1Pd 1:2

sela os que são de Deus – Ef 1:13

(10) Ele possui mente (Rm 8:27). O termo grego, traduzido “mente” neste texto em algumas versões, é phrónema (alguma coisa que se tem em mente, que passa pela mente, o pensamento), em contraste com nous (a mente como sede da consciência, da reflexão, da percepção, do entendimento, do julgamento crítico e da determinação). O importante é que phrónema pressupõe a existência de nous. Apenas um ser pessoal é dotado de nous, e pode exercer phrónema. O Espírito Santo é um ser pensante, o que implica inteligência e consciência. Ele não pode ser menos que uma pessoa.

Mas o que é uma entidade pessoal? É aquela que afeta outras entidades pessoais e é afetado por elas. Afeta-nos Deus? Naturalmente. Podemos afetá-Lo? Bem, Sua tristeza e alegria, misericórdia e justiça, interesse por nós e condescendência, amor e ira indicam que sim. Deus é afetado por Suas criaturas porque antes de mera consciência das coisas, Ele tem autoconsciência; esta é o traço fundamental da personalidade porque é a capacidade que uma pessoa tem de referir a si mesma a consciência de qualquer coisa ou experiência pela qual passa. Isso não acontece com um animal, porque ele não pode distinguir entre o ego pessoal e a momentânea sensação que experimenta. Por não ser um ente pessoal, ele não consegue formar uma noção objetiva de seus sentimentos e das ações que estes geram, e aplicá-los a si mesmo. O ser humano, ao contrário, torna-se, por exemplo, consciente de erros cometidos, reconhece-os como tais, e chega à autoconsciência da culpa. Isso porque é um ser pessoal, dotado de mente e razão.

Aplicando isso a Deus, dizemos que Sua autoconsciência é prova irretorquível de Sua personalidade. Isaías 55:8 fala de Seus pensamentos. Ele pensa porque tem mente, e ter mente O faz pessoal. Então, quando nos é afirmado que também o Espírito Santo tem mente, não podemos senão concordar que Ele é, de fato, um ser pessoal. Se assim é, perguntamos: afeta Ele a cada um de nós? Por suposto que sim.35 Afetamos igualmente a Ele? Claro, pois a Bíblia fala da tristeza (Ef 4:30), do anseio (Tg 4:5), da alegria (1Ts 1:6), da vontade (1Co 12:11), do amor (Rm 15:30), e até do ciúme (Tg 4:5) do Espírito Santo.

(11) Além disso, o Novo Testamento emprega fartamente pronomes pessoais gregos em referência ao Espírito Santo. Apenas em João 14-16 isso ocorre 24 vezes, e Ele próprio faz referência a Si com o pronome pessoal: “Disse o Espírito [a Pedro]: Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles nada duvidando; porque Eu os enviei” (At 10:19, 20).

(12) Finalmente, a palavra inconteste de Jesus não deixa qualquer margem para dúvida no que respeita à personalidade do Espírito Santo. “Eu rogarei ao Pai,” prometeu Ele à Igreja, “e Ele vos dará outro Consolador, o Espírito Santo” (Jo 14:16, 26). Chamando-O “Consolador”, Jesus evocou Sua personalidade. O original parákletos (etimologicamente chamado para estar ao lado de), é masculino e aplica-se à pessoa que apóia, conforta, orienta, defende, etc., o que uma abstração não faz.

A Divindade do Espírito Santo

Um estudo mais atento da Palavra de Deus, e, acima de tudo, desprovido de idéias pré-concebidas, atesta naturalmente a divindade do Espírito Santo. Pode Ele ser menos que Deus, se possui os atributos exclusivamente divinos de Eternidade (Hb 9:14), Onisciência (1Co 2:10 e 11) e Onipresença (Sl 139:7)? Quem menos que Deus pode criar e comunicar vida (Jó 33:4), convencer do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8), regenerar (Tt 3:5), santificar (2Ts 2:13; 1Pe 1:2), escrever Sua lei nas tábuas do coração (2Co 3:3), ressuscitar (Rm 8:11), e selar o crente para o dia da redenção (Ef 4:30)?

Como um ser menor que Deus pode perscrutá-Lo? (1Co 2:10). Como pode a blasfêmia contra o Espírito Santo não ser perdoada, enquanto que aquela contra Jesus pode (Mt 12:31)? Porventura, pecar contra uma coisa, ou uma criatura, é algo mais sério que pecar contra Deus? E como é possível que, segundo a fórmula batismal (28:19), alguém deva ser batizado em nome do Pai (que é Deus), do Filho (que também é Deus), e do Espírito Santo (que seria uma coisa ou uma criatura, como supõem os antitrinitaristas)?

Além disso, é-nos afirmado que, no próprio ato de mentirem ao Espírito Santo, Ananias e Safira mentiram “a Deus” (At 5:4). Nesse mesmo sentido de correspondência, Paulo primeiramente declara que somos santuário “de Deus, e que o Espírito de Deus habita em” nós (1Co 3:16; ver também 6:19), para então afirmar que “somos santuário do Deus vivente”, e que é o próprio Deus que habita em nós (2Co 6:16, 17). Percebemos claramente aqui que o Espírito Santo habitando no coração é Deus se fazendo aí presente. Isso não seria possível se Ele mesmo, o Espírito Santo, não fosse Deus.

E quanto a Jesus? Reconheceu Ele a divindade do Espírito Santo? Bem, deixemos mais uma vez que Ele fale. Ele prometeu “outro Consolador” (Jo 14:16). “Outro” pressupõe um Consolador prévio, o próprio Jesus, também identificado como Parákletos (1Jo 2:1). Dois termos gregos são vertidos “outro” em nossas Bíblias: állos e héteros, o primeiro, empregado aqui, significando “outro da mesma espécie”, enquanto o segundo “outro de natureza diferente”. O prometido Consolador é Alguém tão divino quanto Jesus. Fosse Ele Gabriel, como querem os dissidentes, teria que ser classificado héteros, e não állos.

Mas, qual a qualidade da divindade de Jesus? A Bíblia e o Espírito de Profecia não deixam por menos: Ele é tão divino quanto o Pai, e é um com Este desde toda a eternidade (Jo 1:1; 10:30). “Cristo era Deus em essência e no mais alto sentido. Ele esteve com Deus desde toda a eternidade…”36 Se assim é com o primeiro Consolador, não será diferente com o segundo. O mesmo Espírito de Profecia confirma esse fato: “O Consolador que Cristo prometeu enviar depois de ascender ao Céu, é o Espírito em toda a plenitude da Divindade, tornando manifesto o poder da graça divina a todos quantos recebem e crêem em Cristo como um Salvador pessoal.”37 “Toda a plenitude da divindade” é precisamente o que Colossences 2:9 afirma residir corporalmente em Cristo. De fato, o Espírito Santo é o segundo Consolador, da mesmíssima natureza do primeiro.

É-nos afirmado ainda: “Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é uma pessoa, como o próprio Deus, está andando por estes terrenos.”38 Pode ainda haver dúvida que, à luz da inspiração, o Espírito Santo seja uma pessoa, e seja Deus?

Um com o Pai e um com o Filho

Um último ponto referente à divindade do Espírito Santo se faz necessário. Pela doutrina da Trindade entendemos que Jesus é um com o Pai porque possui a mesma natureza divina dEle. São distintos como Pessoas, mas iguais em Divindade. Isto resulta em que onde Um está pessoalmente, ali o Outro estará essencialmente. Enquanto o Filho estava pessoalmente na Terra, o Pai estava essencialmente aqui (embora pessoalmente continuasse no Céu), pois Jesus afirmou: “Não estou só, porque o Pai está comigo” (Jo 16:32). Da mesma forma, enquanto O Pai estava pessoalmente no Céu, Jesus estava essencialmente ali, pois disse a Nicodemos muito antes da ascensão: “Ninguém subiu ao Céu, senão Aquele que de lá desceu, o Filho do homem que está no Céu” (3:13).39

Devemos crer que é exatamente isso o que ocorre em relação ao Espírito Santo? A resposta é “sim!”, pois, como vimos, Ele é állos, isto é, da mesma natureza divina de Jesus. É por isso que o Salvador, imediatamente após prometer a vinda do “outro Consolador” que estaria não apenas “com”, mas “nos” discípulos (Jo 14:16, 17), pôde também assegurar-lhes que, por este Consolador, Ele, Jesus, voltaria para eles (v. 18) e, com o Pai, faria neles morada (v. 23). Isto porque o Espírito Santo é igual a Jesus e ao Pai em divindade. Assim, onde Ele estiver, Pai e Filho também estarão. É por esta razão que Jesus declarou ser vantajoso aos discípulos que voltasse ao Céu, pois assim lhes enviaria o Espírito (Jo 16:7), e, através dEle, estaria em todo o tempo com toda a Sua comunidade de seguidores.

O Espírito Santo é o representante de Cristo, mas despojado da personalidade humana, e dela independente. Limitado pela humanidade, Cristo não poderia estar em toda a parte em pessoa. Era, portanto, do interesse deles [os discípulos] que fosse para o Pai, e enviasse o Espírito como Seu sucessor na Terra. Ninguém poderia ter então vantagem devido a sua situação ou seu contato pessoal como Cristo. Pelo Espírito, o Salvador seria acessível a todos. Nesse sentido, estaria mais perto deles do que se não subisse ao alto.40

Com isto em mente, não há qualquer dificuldade para se entender o que Ellen G. White quis dizer quando declarou:

Impedido por Sua humanidade, Cristo não poderia estar em todos os lugares pessoalmente; então foi para benefício deles que Ele deveria deixá-la, ir para o Pai, e enviar o Espírito Santo para ser Seu sucessor na Terra. O Espírito é Ele mesmo, despojado da personalidade humana e independente dela. Ele Se representaria como estando presente em todos os lugares por Seu Espírito, como onipresente.41

Como ela afirma, o Espírito Santo reunindo, a exemplo de Jesus, a plenitude da divindade, é o sucessor de Cristo, e pode tão perfeitamente representá-Lo neste mundo, que se torna uma bendita realidade a presença essencial dEle aqui, isto é, “Ele mesmo,” Cristo, “despojado da personalidade humana e independente dela… como estando presente [com Seu povo] em todos os lugares por Seu Espírito, como onipresente.” “O Senhor Jesus age através do Espírito Santo, pois é Seu representante.”42

Quão surpreendentemente fascinante é o plano de Deus e Seu trato com os pecadores! Enaltecido seja o Seu nome.

Conclusão

Que pessoa maravilhosa é o Espírito Santo! Que humildade, que interesse, que desvelo! Ele nos ama a ponto de instar conosco a que sejamos salvos. Ele está disposto a aplicar em nossa vida a obra redentora da cruz em toda a Sua extensão. A exemplo do Pai e do Filho, Ele anseia por nossa presença no reino de Deus. Já Lhe agradecemos por isso?

De fato, Ele é um precioso amigo. Se O resistirmos, magoá-Lo-emos, e Ele poderá se afastar triste e pesaroso por nossa indelicadeza e apego a ideias que O desmerecem, e que resultarão finalmente em nossa ruína eterna. Mas se O valorizarmos como Ele merece, e O acolhermos em nossa vida, Ele tomará posse do nosso ser, far-nos-á crescer em semelhança com Jesus, até que coloquemos nossos pés na cidade celestial.

“Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hb 4:7).


Referências

1 Ellen G. White, Evangelismo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997), 614.

2 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), 352. Esta afirmação do Espírito de Profecia denota claramente a personalidade e divindade do Espírito Santo.

3 LeRoy E. Froom, A Vinda do Consolador (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988), 40. À página 36 da edição castelhana, acrescenta-se ao final do parágrafo a seguinte colocação: “Mas se O reconhecemos como Pessoa, estudaremos como nos submeter a Ele de modo que nos use segundo Sua vontade.”

4 Ibid, 41, 42.

5 Ricardo Nicotra, “Eu e o Pai Somos Um” (São Paulo: Ministério Bíblico Cristão, maio/2004), 9, 34 e 35; Jairo Carvalho, A Divindade (Contenda, PR: Ministério 4 anjos, s.d.), 114.

6 Ibid, 35.

7 Ibid.

8 Embora, de vez em quando, palavras sejam proferidas ou escritas por aí sem, ao menos, se pensar nelas.

9 É bom lembrar neste momento que Jesus é chamado Logos, “Palavra” (a Almeida verte “Verbo”), nos escritos joaninos (Jo 1:1, 14; 1Jo 1:1; Ap 19:13), e nem por isso iríamos afirmar que Ele, na encarnação, procedeu de dentro do Pai. O emprego da preposição prós, “com”, no prólogo do quarto Evangelho indica que Jesus veio da íntima companhia do Pai, de um relacionamento face a face, de um companheirismo como iguais (ver A. T. Robertson, A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Reserarch [Nashville, TN: Broadman, 1934], 613, e The Divinity of Christ in the Gospel of John [New York: Fleming H. Revell, 1916], 39): “O Verbo estava com [prós] Deus… Ele estava no princípio com [prós] Deus” (Jo 1:1, 2). Vemos, então, que é sempre importante levar em conta a preposição usada e sua conotação.

10 Robertson, A Grammar, 613; ver pp. 553-649 para uma abordagem geral das preposições gregas.

11 Atos dos Apóstolos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1986), 52.

12 A fórmula é de Rui Barbosa em alusão às prerrogativas papais de infalibilidade (ver O Papa e o Concílio [Rio de Janeiro: Elos, s/d], I:113).

13 Nicotra, 8, 9. Carvalho, 44-46, 74, 110.

14 Nicotra, 8, 9, 11.

15 Por exemplo, muito da “teologia” grega do tempo dos apóstolos era antropomórfica, o que naturalmente recebeu o repúdio da fé cristã.

16 Nicotra, 12, 32, 33, 36; Carvalho, 18, 19, 20, 21, 26, 31, 32, 50, 51,

17 Sabelianismo, de Sabélio, herege do terceiro século, que afirmava que uma única Pessoa na Divindade se manifesta de três modos distintos: às vezes como Pai, outras como Filho, e ainda outras como Espírito Santo. Assim, para Sabélio, o Espírito Santo era às vezes o Pai, outras vezes o Filho.

18 Carvalho, 21.

19 Ibid.

20 Nicotra, 8.

21 Ibid, 28.

22 Carvalho, 24.

23 Ibid, 132, 133.

24 Ibid., 80, 134, 135, 136, 137.

25 Ibid., 80, 137.

26 Ver nota a seguir.

27 “A partir da Divindade”, em vez de “da Divindade”, é como Jairo Carvalho verte o original inglês “of the Godhead”, do texto em apreço de Ellen G. White. Ele recorre ao Webster’s Dictionary em apoio à sua versão, afirmando que, segundo este, “of ” é sinônimo de “from”, que ele afirma significar “a partir de” (107). Mas, na acepção que o dissidente requer, é duvidoso atribuir tal significado à preposição “from”. Em sua edição mais completa, o aludido dicionário supre os diversos casos de equivalência entre “of” e “from”, e nenhum deles coincide com o que o dissidente imagina (ver “of ” em Webster’s Dictionary of the English Language – Unabridged – Encyclopedic Edition [Chicago, IL.: J. G. Ferguson Publishing Company, 1979], II:1241, 1242). Igualmente não pode ser alegado que, “na época em que o texto [de Ellen G. White] foi escrito, por volta de 1890”, um dos significados de “of ” era “a partir de” (Carvalho, 107, 128), pois o mesmo Dicionário supre os significados obsoletos do termo e também nenhum deles é o que o dissidente pretende. Quisesse a serva do Senhor declarar o que ele afirma, teria registrado algo como “starting from” em lugar do simples “of ”.

28 Evangelismo, 617. Se é apenas pelo poder do Espírito Santo que se vence o inimigo, o que será dos que O negam e rejeitam? Senhores dissidentes, pensem nisso!

29 Carvalho, 22, 52, 114, 116, 117, 118, 121, 122, 124, 125, 142, 143, 159.

30 Evangelismo, 614.

31 Carvalho, 165.

32 Atos dos Apóstolos, 52.

33 Evangelismo, 617.

34 Afirmar, como o Sr. Nicotra faz (18-24), que a fórmula batismal no tríplice nome de Deus em Mateus 28:19 foi interpolada posteriormente ao texto original do Evangelho, sendo, portanto, apócrifa, não é verdade, como ficou evidenciado em Jose C. Ramos, “Mateus 28:19 ¯ falso ou autêntico?”, Revista Adventista, maio de 2005, 10, 11.

35 Veja, por exemplo, Lucas 2:27; João 3:5, 6; 16:8; Romanos 8:4, 23; 14:17; Gálatas 5:17, 22, 23; 1 Pedro 1:2; 2 Pedro 1:21.

36 Ellen G. White, “The Word Made Flesh,” Review and Herald, 5 de abril de 1906, 8.

37 Evangelismo, 615 (itálicos supridos).

38 Ibid., 616.

39 Quanto à genuinidade da fórmula “que está no céu” em João 3:13, ver José C. Ramos, “La Revelación de Dios em JesuCristo en el Cuarto Evangelio”, Theologika VII, 2 (1993) 93: 112-127, principalmente 117-121.

40 O Desejado de Todas as Nações, 669. Ênfase suprida.

41 Manuscrito 14, 23 e 24. Ênfase suprida.

42 Ellen G. White, “Our Battle with Evil”, Review and Herald, 10 de fevereiro de 1903, 8.


Fonte: Revista Parousia, 2° Semestre de 2005, UNASPRESS