Arthur L. White
Este artigo constitui uma breve resenha histórica da singular posição da Sra. White no tocante a certas situações especiais relacionadas com o dízimo. Antes que os adventistas observadores do sábado houvessem organizado igrejas e associações, e antes de ser escolhido o nome “Adventistas do Sétimo Dia”, os crentes perceberam as reivindicações obrigatórias do sistema dizimal, tão claramente apresentado nas Escrituras. Sob a expressão geral “Beneficência Sistemática”, eles adotaram, no começo de 1859, um plano dizimal que era calculado com base nas propriedades. Considerava-se que a propriedade de uma pessoa devia produzir uma renda de dez por cento ao ano – o que constituía o “aumento”. O dízimo seria a décima parte disso, ou um por cento ao ano da avaliação total da propriedade.* Quando o Testemunho no 5 saiu do prelo, em junho de 1859, ele continha a afirmação de que “o plano da beneficência sistemática é agradável a Deus”. Ellen White contou como, em visão, sua “atenção foi chamada para os dias dos apóstolos, e [ela] viu que Deus estabeleceu o plano pela descida de Seu Santo Espírito e que mediante o dom de profecia Ele aconselhou Seu povo a respeito de um sistema de beneficência. “Todos deviam participar dessa obra de partilhar suas coisas materiais com os que lhes ministravam as coisas espirituais.” – 1T, 190.
* “Propomos que os amigos dêem o dízimo, ou a décima parte de sua renda, orçando essa renda em dez por cento do que possuem.” – Tiago White, em Good Samaritan, janeiro de 1861. O plano teve uma boa aceitação. E por quase vinte anos houve pouca ou nenhuma modificação no plano da “beneficência sistemática”. Então, em 1878, alguns obreiros e membros da Igreja perceberam que havia um defeito na maneira de calcular o dízimo com base nas propriedades possuídas, e que, “segundo o plano bíblico, um dólar de cada dez dólares ganhos é assegurado à causa do Senhor”. Pagar um dízimo correto requeria, portanto, “o dízimo de toda a nossa renda”. (Ver Systematic Benevolence; or the Bible Plan of Supporting the Ministry”, 1878.) Desde o começo do sistema dizimal entre nós, certos princípios destacaram-se de modo especial:
O dízimo deve ser usado para o sustento do ministério.
Este pensamento está contido na declaração inicial do Espírito de Profecia, citada mais acima, referente aos que “ministravam as coisas espirituais”. Ele é como um fio que se estende através de todo o conjunto de conselhos a respeito do dízimo, dados durante um período de cinqüenta anos, como nestas afirmações características: “O dízimo é sagrado, reservado por Deus para Si mesmo. Tem de ser trazido ao Seu tesouro, para ser empregado em manter os obreiros evangélicos em seu labor.” – OE, 226. “[O dízimo] deve ser unicamente dedicado ao sustento do ministério do evangelho.” – CM, 81. “Que a obra não continue mais a ser impedida porque o dízimo foi desviado para vários fins diversos daquele para que o Senhor disse que ele devia ir. Devem-se estabelecer provisões para esses outros ramos da obra. Eles devem ser mantidos, mas não do dízimo. Deus não mudou; o dízimo tem de ser ainda empregado para a manutenção do ministério.” – 9T, 250; OE, 227. 2. O dízimo deve ser levado à “casa do tesouro” e distribuído a partir desse local. “É parte da obra do ministro ensinar os que aceitam a verdade mediante seus esforços, a trazerem os dízimos ao tesouro, como testemunho de que reconhecem sua dependência de Deus.” – OE, 370. “[Deus] reclama o dízimo como Seu, e este deve ser sempre uma reserva sagrada, a ser colocada no Seu tesouro e tido por sagrado para o Seu serviço, segundo Ele determinou.” – 9T, 247, 248. 3.
Diferentemente de sua responsabilidade na questão das ofertas voluntárias, o dizimista não tem opção quanto ao local em que deve pagar o seu dízimo. “A porção que Deus reservou para Si, não deve ser desviada para nenhum outro desígnio que não aquele por Ele especificado. Ninguém se sinta na liberdade de reter o dízimo, para empregá-lo segundo seu próprio juízo. Não devem servir-se dele numa emergência, nem usá-lo segundo lhes pareça justo, mesmo no que possam considerar como obra do Senhor.” – 9T, 247; OE, 225. “Uma mensagem muito clara, definida, me foi dada para nosso povo. É-me ordenado dizer-lhes que estão cometendo um erro em aplicar os dízimos a vários fins, os quais, embora bons em si mesmos, não são aquilo em que o Senhor disse que o dízimo deve ser aplicado. Os que assim o empregam, estão-se afastando do plano de Deus. Ele os julgará por essas coisas.” – 9T, 248; OE, 226. “Alguns se têm sentido mal-satisfeitos, e dito: ‘Não devolverei mais o dízimo; pois não confio na maneira por que as coisas são dirigidas na sede da obra.’ Roubareis, porém, a Deus, por pensardes que a direção da obra não é correta? Apresentai vossa queixa franca e abertamente, no devido espírito, e às pessoas competentes. Solicitai em vossas petições que se ajustem as coisas e ponham em ordem; mas não vos retireis da obra de Deus, nem vos demonstreis infiéis porque outros não estejam fazendo o que é correto.” – 9T, 227; OE, 227. 4.
Deus tem tido um plano para todas as dispensações. “O dízimo de todas as nossas rendas é do Senhor. Reservou-o para Si, para ser empregado em fins religiosos. Santo é. Nada menos que isso aceitou Ele em qualquer dispensação. A negligência ou adiamento desse dever provocará o desagrado divino. Se todos os professos cristãos trouxessem seus dízimos fielmente a Deus, Seu tesouro estaria cheio.” – R&H, 16 de maio de 1882.
A Sra. White e o Pagamento do Dízimo
Nada é mais claro nos escritos de Ellen White do que a instrução a respeito do fiel pagamento do dízimo e o fato de que ele é reservado para o sustento do ministério. Há alguns indivíduos que usam de maneira estranha os escritos de Ellen White e o conhecimento que eles têm de certas situações especiais. Procuram contornar os claros conselhos que têm guiado a Igreja quanto ao modo de lidar com o dízimo e querem levar outras pessoas a assumir a responsabilidade de manejar o seu dízimo por sua conta e risco. Sentimos o dever de assinalar uma grave deturpação do ensino de Ellen White. Ao fazermos isso, ficará claro que não há justificativa para certas conclusões tiradas e expostas por esses detratores.
Primeiro temos de estabelecer a relação pessoal da Sra. White para com a obrigação do dízimo e a maneira pela qual ela pagava o seu dízimo. Deixemos que ela fale, como o fez em 1890, numa declaração publicada num panfleto antigo:
“Eu pago os meus dízimos com prazer e voluntariamente, dizendo como Davi: ‘Das Tuas mãos To damos’.” Para que alguns não aleguem que essa declaração não demonstra que a Sra. White pagava os seus dízimos à tesouraria da associação, da maneira regular, damos aqui a colocação mais completa: “Vós que tendes retido vossos meios da causa de Deus, lede o livro de Malaquias e vede o que é declarado ali a respeito dos dízimos e das ofertas. Não podeis ver que, em quaisquer circunstâncias, o melhor não é reterdes os vossos dízimos e ofertas por não concordardes com tudo o que vossos irmãos fazem? Os dízimos e as ofertas não são propriedade de homem algum, mas devem ser usados para certa obra para Deus. Ministros indignos podem receber alguns dos recursos angariados desse modo, mas alguém ousaria, por causa disso, retê-los do tesouro e incorrer na maldição de Deus? Eu não ousaria. Eu pago os meus dízimos com prazer e voluntariamente, dizendo como Davi: ‘Das Tuas mãos To damos’.” “Reter algo egoisticamente de Deus conduzirá a pobreza em nossa própria alma. Desempenhai a vossa parte, meus irmãos e irmãs. Deus vos ama, e Ele está ao leme. Se os negócios da associação não forem geridos de acordo com a ordem do Senhor, esse pecado é o dos que erram. O Senhor não vos considera responsáveis por ele, se fizerdes o que estiver ao vosso alcance para corrigir o mal. Não cometais, porém, vós mesmos, algum pecado, retendo de Deus o que Lhe pertence. ‘Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente’, ou fraudulentamente. Quando as pessoas declaram que não pagarão os seus dízimos porque os recursos não são empregados como elas pensam que deveriam ser, irá o ancião da igreja ou o pastor concordar com os pecadores? Ajudará ele o inimigo em sua obra? Ou, como sábio, dotado de conhecimento, entrará em ação, para corrigir o que é vil, removendo assim a pedra de tropeço? Mas, irmãos, não sejais infiéis em vossa condição. Estai a postos. Não aumenteis nossas dificuldades financeiras por vossa negligência do dever.” – Special Testimonies, Series A, no 1, págs. 27 e 28 (10 de agosto de 1890).
A Obra Especial de Ellen G. White
Os adventistas do sétimo dia aceitam que a Sra. White foi chamada para uma obra especial – desempenhar a função de um profeta. Mas sua obra era mais ampla do que isso. Ela diz: “Minha comissão abrange a obra de um profeta, mas não finda aí. Compreende muito mais do que pode entender a mente dos que têm estado a semear as sementes da incredulidade.” – 1ME, 36. Num artigo na Review and Herald, no mesmo ano em que redigiu as palavras citadas acima, Ellen White delineou pormenorizadamente a ampla obra para a qual ela foi chamada. O relato encontra-se em Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 33 e 34. Citamos um item:
“Recebi o encargo de não negligenciar ou passar por alto os que estivessem sendo tratados com injustiça. … Se eu vir os que se encontram em posições de confiança negligenciando os ministros idosos, cumpre-me apresentar o assunto àqueles cujo dever é deles cuidar. Ministros que fizeram fielmente sua obra não devem ser esquecidos ou negligenciados ao se tornarem débeis na saúde.* Nossas associações não devem menosprezar as necessidades dos que levaram os encargos da obra.”
* O plano de aposentadoria que toma providências para os obreiros idosos ou incapacitados não estava em vigência antes de 1911. Isto colocou um fardo pesado sobre os ombros de Ellen White. Como obreira denominacional, ela sabia por experiência própria o que significava enfrentar doenças na família sem provisão para ajuda financeira. Sabia o que isso significava, pois Tiago White, enquanto desempenhava a função de presidente da Associação Geral, foi acometido de paralisia, e ela teve de remover do assoalho os tapetes de trapos, de sua própria confecção, e vendê-los, bem como os móveis, a fim de conseguir recursos para o tratamento do marido. Portanto, a instrução de que, de modo especial, devia atentar para os pastores que pudessem estar passando necessidade, era significativa para ela.
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E não somente devia estar atenta às necessidades de obreiros fiéis, mas, em visão, sua atenção muitas vezes era chamada para os casos de pastores ou suas famílias que estavam sendo negligenciados. Em muitos desses casos, ela prestou ajuda financeira de sua própria renda ou de fundos sob o seu controle, pois, às vezes, os seus recursos pessoais eram inadequados. Seu filho, Pastor W. C. White, escreveu sobre essa experiência, fazendo alusão ao pedido da mãe, de que certos obreiros negligenciados recebessem ajuda de sua renda:
“Quando argumentamos com ela, mencionando que sua renda era toda consumida na obra de preparar os seus livros para publicação, ela disse, com efeito: “‘O Senhor mostrou-me que a experiência de pobreza e privação, pela qual seu pai e eu passamos nos primeiros tempos de nossa obra, deu-me intenso apreço e simpatia por outros que estão passando por experiências similares, de necessidade e sofrimento. E onde vejo obreiros nesta Causa que têm sido sinceros e leais à obra, deixados a sofrer, é meu dever falar em seu favor. Se isto não leva os irmãos a ajudá-los, então eu tenho de fazê-lo, mesmo que me veja obrigada a usar uma parte do meu dízimo para proceder assim.’ “Em harmonia com isso, Mamãe muitas e muitas vezes solicitou que os oficiais de nossa associação dessem consideração às necessidades de humildes mas fiéis obreiros, que estavam, de algum modo, sendo passadas por alto. “Em muitos casos, seus pedidos têm sido atendidos, sendo prestado o necessário auxílio. Mas em alguns casos, a falta de recursos e a ausência de consideração pela dignidade e as necessidades têm deixado os obreiros carentes sem ajuda, fazendo com que ela tenha de enfrentar o encargo. Então, ela tem dito para mim ou para o guarda-livros: ‘Envie o auxílio logo que puder, e se for necessário, desconte-o do meu dízimo.’ Em muitos casos, verificamos ser possível atender a esses pedidos com donativos de seus recursos pessoais, e em outros casos foi usada uma parte do seu dízimo. “Tais experiências dizem respeito, principalmente, aos anos em que estivemos na Europa e na Austrália, e aos anos 1900 a 1906, em prol da obra nos Estados do Sul. “Durante a maior parte do tempo, desde minha conexão com os negócios de Mamãe em 1881, o dízimo integral do seu salário tem sido pago aos tesoureiros de igreja ou da associação. Em vez de pagar o dízimo sobre o lucro proveniente de seus livros, tem sido separada uma quantia maior do que o dízimo, da qual, de vez em quando, ela tem feito apropriações, segundo a instrução mencionada mais acima. “Em vista das extraordinárias e excepcionais responsabilidades colocadas sobre ela como mensageira de Deus, que recebeu luz e encargos especiais em benefício dos necessitados e oprimidos, ela afirma ter-lhe sido concedida especial e excepcional autoridade no tocante ao emprego do seu dízimo. Tem usado essa autoridade de maneira limitada, conforme o que parecia ser para os melhores interesses da Causa.” – W. C. White, numa declaração “A Respeito do Emprego do Dízimo”.
A Carta de Ellen G. White a Respeito do Dízimo
Em 22 de janeiro de 1905, a Sra. White escreveu uma carta ao presidente de uma associação local, na qual ela fez certas advertências e se referiu à experiência que acabou de ser recontada. Essa carta tem sido amplamente publicada pelos que desejam fazer investidas contra a natureza sagrada do manuseio do dízimo. Alguns a expõem como prova para dar aparente justificativa à sua maneira de proceder. Antes de apresentar a carta, mencionaremos os antecedentes históricos. A obra da denominação começou relativamente tarde e se desenvolveu lentamente na região Sul dos Estados Unidos. Isto foi especialmente assim entre os negros. O Sul de um século atrás era pouco desenvolvido e, em geral, de baixo nível econômico. Mesmo quando a Igreja se introduziu ali, ela era esparsa e pequena, e foi com grande dificuldade que se manteve financeiramente. Muito antes de ser organizada a União-Associação do Sul, diversos obreiros, que foram para essa região por conta própria, iniciaram um trabalho entre os negros. Isto foi reconhecido pela Igreja, e quando se formou a Sociedade Missionária do Sul, para promover esse empenho, ela teve pleno reconhecimento oficial, e aparece no Seventh-day Adventist Yearbook [Anuário Adventista] como uma das organizações denominacionais.
A maior parte da obra da Sociedade Missionária do Sul consistiu na fundação e manutenção de escolas missionárias, mas também estava promovendo outros aspectos do evangelismo e sustentando diversos pastores ordenados. Durante algum tempo, a Sociedade recebeu uma pequena verba da associação, mas essa quantia, embora muito apreciada pelos oficiais da Sociedade, era uma pequenina dádiva em comparação com a magnitude da obra. Eles ficaram aflitos pelo fato de que um povo negligenciado, num campo privado de recursos, estava sendo destituído da mensagem do evangelho porque sua necessidade e desamparo não estavam sendo compreendidos. Enquanto visitava o Estado de Colorado, no final de 1904, um representante da Sociedade Missionária do Sul recebeu de uma igreja um donativo de cerca de 400 dólares, para ajudar a obra da Sociedade. Esses fundos resultaram do seu apelo para ajuda na evangelização do Sul. Uma parte do dinheiro era dízimo.
O Pastor W. C. White, que estava familiarizado com os pormenores dessa ocorrência, escreveu o seguinte a esse respeito: “Quando o representante da Sociedade Missionária do Sul solicitou donativos aos membros dessa igreja do Colorado, eles manifestaram boa vontade para dar, e alguns deles disseram que estavam pagando um grande dízimo; outros não ficaram inteiramente satisfeitos com a maneira pela qual ele estava sendo usado. Em comparação com os habitantes do Estado, a associação era forte e tinha uma boa renda. Por isso, alguns disseram: ‘Enviemos uma parte do nosso dízimo para ser usada na boa obra em prol do negligenciado povo de raça negra nos Estados do Sul.’ “Então, os oficiais da igreja e o representante da Sociedade fizeram de modo irregular o que a partir daí se tornou muito popular como medida sábia e altruísta, quando efetuada de modo ordeiro e regular. Eles transferiram uma parte do dízimo de uma associação abastada, para um campo missionário muito necessitado. “Os oficiais da Sociedade Missionária do Sul não usaram esse dinheiro para pagar os seus próprios salários. Eles não o empregaram, de modo algum, para o seu benefício pessoal. Nem pagaram com ele o sustento de homens a quem as associações do Sul consideravam incompetentes ou indignos. Tampouco foi pago a homens que promoviam uma obra não autorizada, de sua própria invenção.
“O dinheiro foi colocado na tesouraria da Sociedade Missionária do Sul e desembolsado de maneira regular e econômica, a obreiros aprovados que estavam engajados na obra denominacional regular. “A ação foi, porém, irregular da parte do representante que recebeu o dinheiro e da igreja que o pagou para ele. Pelos oficiais da Associação Colorado, essa ação não somente foi considerada irregular, mas errônea e censurável. Eles achavam que necessitavam do dinheiro para uso interno e consideraram a ação dos oficiais da Sociedade Missionária do Sul digna de condenação e censura pública e que o dinheiro devia ser restituído. “Os oficiais da Sociedade estavam em dificuldades. Eles haviam usado o dinheiro rapidamente para pagar os salários de pregadores, e seus rendimentos estavam muito abaixo das necessidades. Além disso, achavam que uma denúncia pública tenderia a diminuir a pequena renda que então estavam recebendo. Sua aflição chegou ao conhecimento da Sra. White, e de Mountain View, Califórnia, em 22 de janeiro de 1905, ela escreveu uma carta ao presidente da associação. Eis aqui a sua carta. Notem atentamente o seu teor:
“Meu irmão, desejo dizer-lhe: Seja cuidadoso em sua maneira de agir, pois não está agindo prudentemente. Quanto menos falar sobre o dízimo que foi destinado para o campo mais necessitado e mais desalentador do mundo, tanto mais sensato será. “Durante anos, tem-me sido apresentado que o meu dízimo deveria ser utilizado por mim mesma para ajudar os ministros brancos e negros que estavam sendo negligenciados e não recebiam o suficiente para sustentarem devidamente suas famílias. Quando minha atenção era chamada para ministros idosos, brancos ou negros, o meu dever especial consistia em investigar quais eram suas necessidades, e supri-las. Esta devia ser minha obra especial, e tenho feito isso em diversos casos. Ninguém deve dar notoriedade ao fato de que, em casos especiais, o dízimo é usado dessa maneira. “Quanto à obra entre os negros do Sul, esse campo foi e ainda está sendo privado dos meios que deviam chegar aos obreiros nessa região. Se tem havido casos em que nossas irmãs têm utilizado o seu dízimo para o sustento dos ministros que trabalham pelas pessoas de cor, no Sul, que todo homem, se for sábio, permaneça calado. “Eu mesma tenho utilizado o meu dízimo para os casos de maior necessidade que chegam ao meu conhecimento. Tenho sido instruída a fazer isso; e como o dinheiro não é retido do tesouro do Senhor, este não é um assunto que deva ser comentado, pois requererá que eu torne conhecidas essas questões, o que não desejo fazer, porque não é o melhor. “Alguns casos têm sido mantidos perante mim durante anos, e tenho suprido suas necessidades com o dízimo, como Deus me ordenou fazer. E se alguma pessoa me disser: ‘Irmã White, quer utilizar o meu dízimo onde sabe ser mais necessário?’, responderei: ‘Sim, quero’; e tenho feito isso. Enalteço as irmãs que têm aplicado o seu dízimo onde é mais necessário para ajudar a realizar uma obra que tem sido deixada por fazer. Se for dada publicidade a esta questão, isso produzirá um conhecimento que seria melhor ficar na condição em que se encontra. Eu não me interesso em dar publicidade a esta obra que o Senhor me incumbiu de fazer, e também a outras pessoas. “Remeto-lhe esta mensagem, para que não cometa algum erro. As circunstâncias alteram os casos. Não recomendo que alguém adote a prática de pegar o dinheiro do dízimo [de outrem, para aplicá-lo]. Mas, durante anos, de vez em quando tem havido pessoas que perderam a confiança na apropriação do dízimo e colocam o seu dízimo em minhas mãos, dizendo que se eu não o receber, eles mesmos o entregarão às famílias dos pastores mais necessitados que encontrarem. Tenho pego o dinheiro, dado um recibo e declarado às pessoas como ele foi aplicado. “Escrevo-lhe isto para que mantenha a calma, não se agite nem dê publicidade a essa questão, para que muitas outras pessoas não sigam o exemplo que mencionei.” – Carta 267, 1905.
Ao falar do emprego do dízimo neste caso especial e em outros casos, a Sra. White sempre o fez sob o aspecto de dinheiro que devia ser utilizado para o sustento de nossos pastores. Todo dinheiro do dízimo manejado por ela era empregado da maneira que tal dinheiro devia ser utilizado. Na carta que estamos considerando, ela diz: “Não recomendo que alguém adote a prática de pegar o dízimo.” E também: “Como o dinheiro não é retido do tesouro do Senhor, este não é um assunto que deva ser comentado.” E quanto ao campo para o qual ele foi transferido, ela declara: “Esse campo foi e ainda está sendo privado dos meios que deviam chegar aos obreiros nessa região.” A Irmã White, portanto, numa época em que havia inadequada provisão para esses ministros ordenados, foi autorizada a suprir tais necessidades fazendo uso até mesmo do dinheiro de seu dízimo. Isso, porém, de modo algum deve servir de pretexto para membros da Igreja ou pastores aplicarem o seu dízimo onde quer que acharem conveniente. É bem claro que essa experiência fora do comum não autoriza algum obreiro a pegar o dinheiro do dízimo e empregá-lo para seu próprio uso ou de seus companheiros. Tampouco dá permissão para quem quer que seja convidar o nosso povo a entregar-lhe o seu dízimo para algum empreendimento missionário muito necessário. Nessa carta não há uma só expressão ou frase que invalide ou contrarie as claras e cabais instruções a respeito da devolução do dízimo ou de seu emprego. Quando estamos a par de todos os fatos, podemos ver com facilidade que semelhante uso da carta é um abuso.
O Dízimo Que Era Entregue aos Cuidados da Sra. White
Na carta ao presidente da associação, citada mais acima, a Sra. White, com base nas instruções especiais que Deus lhe deu, declarou que “se alguma pessoa me disser: ‘Irmã White, quer utilizar o meu dízimo onde sabe ser mais necessário?’, responderei: ‘Sim, quero’; e tenho feito isso. … Tenho pego o dinheiro, dado um recibo e declarado às pessoas como ele foi aplicado.” Ela não adotou a prática de captar recursos do dízimo; nunca solicitou que o dízimo lhe fosse entregue. Havia um colportor veterano que às vezes enviava uma parte do seu dízimo à Sra. White, para ser devidamente aplicado na obra do Senhor. Como lidava com esse dízimo é indicado numa carta que ela escreveu para nossos obreiros no Sul, na qual explicou a fonte de cerca de 500 dólares, que lhes estava enviando às pressas, em resposta a uma necessidade urgente de que fora informada. Ela relatou como a maior parte desse dinheiro lhe fora dada pelo público em geral, ao ter feito um apelo numa grande reunião. Outra parte era dinheiro do dízimo que lhe fora entregue por esse colportor. Ela escreveu o seguinte sobre esta última parte:
“Tenho 75 dólares do Irmão R, dinheiro de dízimo, e achamos que seria melhor enviá-lo junto, para o campo sulino, a fim de ajudar os pastores negros. … Quero que seja aplicado especialmente aos pastores negros, para ajudá-los em seus salários.” – Carta 262, 1902. Escrevendo, porém, para esse homem noutra ocasião, ela revelou não somente como havia procedido, mas também sua atitude para com tais questões, recomendando que ele tivesse confiança em seus irmãos e dizendo qual era a maneira regular de lidar com o dízimo: “Você pergunta se eu aceitaria receber o seu dízimo para utilizá-lo onde for mais necessário na Causa de Deus. Em resposta, declaro que não me recusaria a fazer isso; ao mesmo tempo, porém, digo-lhe que há um meio melhor. É melhor ter confiança nos pastores da associação em que você vive, e nos oficiais da igreja em que presta culto. Aproxime-se de seus irmãos. Ame-os sincera e intensamente, e anime-os a assumir fielmente suas responsabilidades, no temor de Deus. ‘Para os que crêem, seja exemplo na conversa, na conduta, no amor, na fé e na pureza.’” – Carta 96, 1911.
Grandes mudanças ocorreram em nossa obra desde os dias em que a Sra. White empregou recursos do dízimo entregues aos seus cuidados. Foi estabelecido o Fundo de Aposentadoria, e por meio dessa bendita entidade o dinheiro é sabiamente distribuído a obreiros que dantes eram negligenciados. Além disso, têm sido adotados planos por meio dos quais o dízimo é enviado para fora das associações que são fortes, a fim de ajudar a manter a obra em associações e missões em necessidade. Nos Testemunhos Para a Igreja pode ser encontrada muita coisa a respeito do pagamento do dízimo e da doação sistemática, mas nada que apóie a idéia de que é correto que pastores e outros obreiros, autorizados ou autodesignados, recebam e usem o dízimo para sustentarem a si mesmos numa obra independente. Certamente, nenhuma pessoa sincera e honesta encontrará nessas experiências alguma justificativa para a retenção de recursos do dízimo, ou para empregá-los como achar melhor. A menos que ela se qualifique como alguém a quem Deus, por meio de instruções especiais, levou a adotar um rumo diferente do que foi tão claramente exposto nos muitos conselhos publicados de Ellen White, não tem o dever e a obrigação de aderir a esses conselhos?
A Responsabilidade Para Com o Dízimo Confundida Com a Responsabilidade Pessoal na Questão das Ofertas Voluntárias
Diversas vezes, em publicações editadas particularmente, nas quais é reproduzida a carta que a Sra. White escreveu para o presidente da associação, em 1905, são apresentadas outras citações que parecem servir de apoio à ideia de que, no tocante ao dízimo, cada pessoa só é responsável a Deus, e não deve buscar o conselho de homem algum. Citações curtas, removidas de seu contexto e colocadas bem próximo a declarações relacionadas com o dízimo, parecem revogar os claros conselhos que aparecem no livros de Ellen White. Cumpre notar que a principal citação é extraída de um documento que geralmente não é acessível hoje em dia. Eis aqui a citação, do modo como tem sido publicada particularmente, em diversos panfletos:
“O Senhor nos tornou, individualmente, Seus mordomos. Cada um de nós tem a solene responsabilidade de empregar os seus recursos por si mesmo. Deus não coloca sobre vós o encargo de perguntar à associação, ou a algum conselho composto de homens, se deveis usar vossos meios do modo que considerardes apropriado para promover a obra de Deus.” – Special Testimonies to Battle Creek, págs. 41 e 42.
Nestes dois períodos – na realidade, amplamente separados no panfleto original – não é feita menção alguma do dízimo. Nessas frases, a Sra. White não está escrevendo sobre o dízimo. Nem está escrevendo sobre as nossas ofertas regulares. As declarações dizem respeito à responsabilidade do autor de produções literárias na mordomia de seus direitos autorais da obra publicada. O contexto é o mesmo que o do artigo intitulado “O Autor”, em Testemunhos Para a Igreja, vol. 7, págs. 176-180. Talvez seja conveniente recapitular sucintamente os antecedentes históricos. A maioria dos autores recebe alguma remuneração por sua obra literária do que se chama “direito autoral” – certa porcentagem do preço de venda de cada livro. Quando um editor aceita um manuscrito para publicação, ele geralmente o faz nessa base. Este plano tem sido adotado em nossa denominação desde os seus primeiros tempos.
Houve uma ocasião, em meados da década de 1890, em que algumas de nossas casas publicadoras achavam que a organização estava em muito melhor condição para conhecer as necessidades da Causa do que o autor de um livro, e instavam com os autores para que doassem seus manuscritos à casa publicadora ou aceitassem uma quantia muito modesta, paga de uma só vez. Assim, qualquer que fosse o sucesso obtido pelo livro, ele beneficiaria a casa publicadora, e não o autor. Ellen White salientou que isso era injusto e que o autor devia receber os direitos autorais que lhe eram devidos. Ao mesmo tempo, mostrou ao autor que sua renda dos direitos autorais não lhe pertencia para ser usada como lhe aprouvesse, mas que ele era um mordomo para Deus. O Senhor lhe concedera talentos especiais, e se o Senhor, abençoando esses talentos, lhe trouxera benefícios financeiros, o autor deveria reconhecer sua condição de despenseiro no emprego desses recursos. A Sra. White remeteu aos irmãos dirigentes diversas comunicações sobre essa questão, e é de uma dessas comunicações, a qual apareceu em Special Instruction Relating on the Review and Herald Office and the Work in Battle Creek (“Instrução Especial a Respeito do Escritório da Review and Herald e da Obra em Battle Creek”), que foram extraídas as partes das três frases que estamos considerando.
Na página 38 desse panfleto, a Sra. White escreveu como introdução: “Tenho dado abundante testemunho, realçando o fato de que a habilidade para escrever um livro é, como qualquer outro talento, um dom de Deus, pelo qual o possuidor é responsável a Ele. Nenhum homem pode comprar ou vender esse talento sem incorrer em grande e perigosa responsabilidade.” Então, da página 40 em diante, citamos, em seu contexto mais amplo, as frases de que estamos tratando, colocando-as em grifo, para identificá-las. Visto que o panfleto não é muito acessível, citamos os trechos na íntegra: “Não é a nossa propriedade que nos é confiada para aplicação. Se o fosse, poderíamos reivindicar poder discricionário; poderíamos transferir a responsabilidade para outros, e deixar nossa mordomia com eles. Mas não podemos fazer isso, pois o Senhor nos está provando individualmente. Se agirmos sabiamente ao negociar com os bens de nosso Senhor, multiplicando os talentos que nos foram dados, empregaremos esse ganho para o Mestre, orando por sabedoria para sermos despidos de todo egoísmo e trabalhando mui fervorosamente para promover a preciosa verdade em nosso mundo. “Alguns homens ou comissões poderão dizer: ‘É exatamente isso que desejamos fazer. A Comissão da Associação pegará o seu capital e o empregará para esse próprio fim.’
O Senhor nos tornou, individualmente, Seus mordomos. Cada um de nós tem a solene responsabilidade de empregar os seus recursos por si mesmo. É correto colocar uma parte no tesouro, para promover os interesses gerais da obra, mas o despenseiro de recursos não estará livre de culpa perante Deus, a menos que, na medida em que for capaz de fazê–lo, utilize esses recursos conforme as circunstâncias revelem a necessidade. Devemos estar dispostos a ajudar os que sofrem, e pôr em ação planos para o avanço da verdade em vários modos. Não compete à Associação ou a qualquer outra organização desobrigar-nos desse aspecto da mordomia. Se precisais de sabedoria, dirigi-vos a Deus; pedi-a a Ele por vós mesmos, e trabalhai então com o olhar voltado unicamente para Sua glória. “Exercendo vosso bom senso, dando onde percebeis que há necessidade em algum setor da obra, estais emprestando vosso dinheiro aos banqueiros. Se notardes, em alguma localidade, que a verdade está-se consolidando e que ali não há uma casa de culto, fazei então alguma coisa para suprir a necessidade. Por vossa própria ação, incentivai outros a agirem no sentido de construírem uma humilde casa para adoração de Deus. Tende interesse na obra em todas as partes do mundo. “Embora não estejais lidando com vossos próprios bens, sois responsáveis por sua sábia aplicação, por seu uso ou abuso. Deus não coloca sobre vós o encargo de perguntar à associação, ou a algum conselho composto de homens, se deveis usar vossos meios do modo que considerardes apropriado para promover a obra de Deus em cidades e vilas destituídas de recursos e em localidades empobrecidas. Se fosse seguido o plano correto, não teriam sido empregados tantos recursos em algumas localidades, e tão poucos em outros lugares onde não foi erguido o estandarte da verdade. Não devemos deixar que nosso critério individual seja absorvido por alguma instituição em nosso mundo. Precisamos volver-nos para Deus em busca de sabedoria, como fez Daniel.
“Século após século vem Jesus concedendo Seus bens a Sua Igreja. Na época do primeiro advento de Cristo ao nosso mundo, exerciam os homens que compunham o Sinédrio sua autoridade dominando as pessoas segundo sua vontade. Se as vontades humanas sempre estivessem imersas na vontade de Deus, isso seria seguro, mas quando os homens estão separados de Deus, e sua própria sabedoria passa a ser um poder controlador, as almas por quem Cristo deu a vida, a fim de libertá-las da servidão de Satanás, são colocadas de outra forma em sujeição a ele. “Reconhecemos nós individualmente nossa verdadeira posição, a de que como servos assalariados de Deus não devemos barganhar nossa mordomia, e sim, perante o universo celestial, administrar a verdade que nos foi confiada por Deus? Nosso próprio coração deve ser santificado; nossas mãos devem ter algo a repartir das rendas que Deus nos confiou, segundo a ocasião o requeira. Aos mais humildes de nós foram confiados talentos e podemos ser instrumentos de Deus, usando nossos dons para a glória de Seu nome. É dever de cada pessoa reconhecer sua própria responsabilidade, e cuidar de que seus talentos sejam devolvidos com vantagem, como uma dádiva que ela deve devolver, tendo feito o máximo para melhorá-la. Aquele que aproveita os seus talentos ao máximo de sua capacidade pode apresentar suas ofertas a Deus como uma dádiva sagrada que diante dEle seja como que incenso fragrante, um aroma de vida para vida.” – Special Instruction Relating to the Review and Herald Office, and the Work in Battle Creek, págs. 40-43.
O comerciante tem uma responsabilidade como mordomo para o Senhor. Ele é responsável pela maneira em que utiliza os lucros de seus negócios depois de haver pago um dízimo fiel. O agricultor é responsável a Deus pela utilização dos meios que o Senhor lhe confia. Essas pessoas não deviam transferir para alguma outra pessoa a responsabilidade da utilização dos recursos que Deus lhes deu, e assim era também com o autor. Isso nada tinha que ver com o dízimo, mas estava tratando do princípio da mordomia em geral, e colocar juntas as partes dos três trechos citados, como tem sido feito em diversos panfletos publicados particularmente, constitui uma deturpação grosseira.
Outro Caso de Deturpação Grosseira
Outro caso em que as palavras da Sra. White, a respeito de dádivas voluntárias, são erroneamente aplicadas ao dízimo, encontra-se nalguns desses panfletos publicados particularmente, em estreita ligação com as frases consideradas mais acima. Eis aqui a declaração e a citação que supostamente lhe serve de apoio, extraída dos Testemunhos: “Antes que o Senhor indicasse à Irmã White onde devia pagar o seu dízimo, ela, durante algum tempo, pagou o dízimo à Associação de Publicações Adventistas do Sétimo Dia. Mais tarde, ela não pôde mais fazer isso conscienciosamente, pois escreveu: ‘Quando, com insistência, me eram oferecidos recursos, eu os recusava ou os destinava a tais fins caritativos como a Associação de Publicações. Não farei mais isso.’ – 1T, 678.” (Extraído da página 5 de um panfleto publicado particularmente.)
Nessa declaração, escrita em 1868, a Sra. White, de modo algum, estava falando do dízimo. Isto se tornará claro se lermos as frases citadas no seu contexto, no parágrafo inteiro. Esse contexto é a aflitiva experiência dos maus-tratos a que Hannah More foi submetida. A Sra. White declarou: “Vemos pessoas desamparadas, viúvas, órfãos, pobres dignos e pastores em necessidade, e muitas oportunidades de usar recursos para a glória de Deus, para o avanço de Sua Causa e para o alívio de santos que sofrem, e eu preciso de recursos a serem usados para Deus. A experiência de quase um quarto de século em longas viagens, sentindo a condição dos que precisam de auxílio, nos habilitam a fazer criterioso emprego do dinheiro de nosso Senhor. Tenho comprado os meus próprios artigos de papelaria, pago minhas remessas postais e passado a maior parte de minha vida escrevendo para o bem de outros, e tudo o que tenho recebido por este trabalho, que me tem cansado e desgastado consideravelmente, não pagaria a décima parte das minhas despesas postais. Quando, com insistência, me eram oferecidos recursos, eu os recusava ou os destinava a tais fins caritativos como a Associação de Publicações. Não farei mais isso. Cumprirei o meu dever no trabalho como sempre, mas os meus receios de receber recursos a serem usados para o Senhor desapareceram. Este caso da Irmã More despertou-me plenamente para que veja a atuação de Satanás em privar-nos de recursos.” – 1T, 678 e 679.
A Sra. White salienta aí que, quando aqueles que tinham sido beneficiados por sua paciente labuta em escrever minuciosamente o que o Senhor lhe revelara para eles, e [essas pessoas] desejavam dar-lhe alguma coisa como forma de remuneração, ela o havia recusado. Ou se era aceito, ela não o guardava para si, mas o entregava a tais organizações como a Associação de Publicações. Agora, ao ver as prementes necessidades ao seu redor, ela declarou que aceitaria essas dádivas e usaria o dinheiro para ajudar os necessitados. Nesse trecho, não há nenhuma referência ao dízimo. A descoberta de semelhante uso dos escritos do Espírito de Profecia deveria fazer com que todos tivessem muita cautela ao lidar com publicações particulares e realçar a absoluta necessidade de consultar, no contexto completo, cada uma das citações de Ellen G. White utilizadas nessas publicações. Mas isso não é tudo. Não satisfeito com essa clara deturpação, o autor do panfleto publicado particularmente, a que nos referimos, após a breve declaração deturpada que acabou de apresentar, acrescenta: “Por que ela não podia mais pagar conscienciosamente o seu dízimo à publicação da literatura adventista do sétimo dia é visto melhor num testemunho emitido mais tarde: ‘Sinto um terror na alma ao ver a que situação chegou a nossa casa publicadora. Os prelos na instituição do Senhor têm imprimido as teorias destrutoras da alma, do romanismo e outros mistérios da iniqüidade. Isso está tirando toda a santidade da repartição. Os administradores estão carregando as armas do inimigo e colocando-as em suas mãos, para serem usadas contra a verdade. Como Deus considera essa obra? Nos livros do Céu estão escritas as palavras: Mordomia infiel. Assim Deus considera a publicação de material proveniente da manufatura de Satanás – seus infernais embustes científicos.’ – Sra. Ellen G. White, em A Solemn Warning (Uma Advertência Solene), lida para a Comissão Diretiva da Review and Herald, em novembro de 1901. Publicada pela Pacific Press, Oakland, Califórnia, 1903.”
Já salientamos que o dízimo de modo algum está envolvido nesses trechos. A Sra. White declarou em 1868 que, devido às prementes necessidades de pessoas ao seu redor, ela usaria os recursos que lhe eram dados, não como dádiva para a Casa Publicadora, mas para ajudar os necessitados. Mas o escritor do panfleto publicado particularmente, removendo primeiro do seu contexto a afirmação da Sra. White em 1868: “Não farei mais isso”, declara categoricamente que a mudança nas generosidades da Sra. White ocorreu por causa do tipo de literatura publicado nas oficinas da Review and Herald, e cita a declaração de 1901 como apoio. Quanto à literatura de índole reprovável, publicada durante um breve período de tempo na Review and Herald, temos amplas informações em Testimonies, vol. 7, págs. 164-168 (3TS, 164-168). Foi somente no começo da década de 1890 que surgiu esse problema – 25 anos depois que a Sra. White escreveu a afirmação sobre os objetivos de suas generosidades. Certamente, semelhante falsificação e grosseira deturpação dos escritos do Espírito de Profecia deve acautelar os leitores contra os verdadeiros objetivos daqueles que fazem tal uso dos preciosos conselhos que tanto significam para a Igreja. A todos os que realmente desejam conhecer o que a Sra. White de fato ensinou, recomendamos a leitura dos conselhos do Espírito de Profecia nos próprios livros de Ellen G. White, e não nos panfletos publicados particularmente e em folhas mimeografadas.
Março de 1959. Revisado em fevereiro de 1990.