Ángel Manuel Rodríguez
É correto dizer que o amor de Deus é incondicional e sem qualquer razão fora do próprio Deus?
Tem sido escrito tanto a respeito do amor de Deus que dificilmente podem ser resumidos os resultados desses estudos. O texto mais importante obviamente é 1 Jo 4:8: “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (NVI).
O propósito de João não era especular a respeito da natureza de Deus, mas motivar os Cristãos a amarem um ao outro. Contudo, no processo ele fez esta notável declaração na qual sugeriu que se explorarmos a própria natureza de Deus, encontraremos apenas amor, e essa atividade divina é motivada e determinada pelo puro amor.
1. Incondicional? Podemos usar o termo incondicional para se referir à expressão do amor de Deus para com Suas criaturas? Se Deus é amor por natureza, se a essência de Seu ser é autodoação expressa com respeito ao bem-estar de outros, então devemos reconhecer que nada fora do próprio Deus pode fazer com que Ele nos ame. Incondicional é apropriado se entendido em termos de nossa incapacidade de nos tornar amáveis diante de Ele. De fato, é totalmente desnecessário nos tornarmos amáveis, por que Deus por natureza nos ama. Seu amor não é trazido à tona por nossa atratividade física ou moral. Ele nos amou quando ainda éramos pecadores (Rm 5:8). Em termos práticos isto significa que Ele ama Americanos e Iranianos, Adventistas e Hindus, pecadores e santos, etc., com a mesma intensidade. Quanto ao amor de Deus por Suas criaturas e Sua oferta de salvação, Deus não faz distinções.
2. Sem Causa? Visto que Deus não espera que satisfaçamos certas condições antes que possamos ser objetos de Seu amor, alguns têm concluído que não pode ser oferecida razão para Seu amor por nós exceto o próprio amor (Ele me ama porque Ele me ama). Portanto, ir além do amor em si é rouba-lo de sua espontaneidade. O amor de Deus, eles dizem, não pode ser baseado em qualquer razão em particular exceto o fato que Deus é amor. Esta é uma ideia atraente, porém danosa teologicamente para a visão bíblica de Deus. Ela define Deus e a natureza da realidade última de Deus como essencialmente irracional. Não é que o amor transcenda a razão, mas que a razão e o amor são compreendidos como incompatíveis pois é preciso fornecer uma razão para o amor. Isto negligencia o fato que do ponto de vista bíblico a razão do amor de Deus por nós é que Ele nos criou. Depois que pecamos, Ele continuou a nos amar, porque Cristo morreu por nós, embora fôssemos pecadores e rebeldes.
3. Indiferente? Visto que Deus continua a nos amar apesar de nosso pecado, isso não sugere que Ele nos ama não importa o que façamos? Devemos ser extremamente cuidadosos para não dar a impressão que o amor divino é igual ao amor humano, que surge sentimentalmente de emoções irracionais acompanhadas por elementos de culpa psicológicas por falhas pessoais em nossas relações interpessoais.
Amor e permissividade são incompatíveis. Quando dizemos: “Deus me ama não importa o que eu faça,” estamos na verdade dizendo que Deus é indiferente àquilo que fazemos. O oposto do amor não é ira, mas indiferença. A Bíblia declara que Deus reage àquilo que fazemos ou não fazemos, e que evocamos uma reação de Deus por que Ele nos leva a sério. É porque nos ama que Ele Se torna irado quando nos rebelamos contra Ele. A ira e o amor de Deus não são incompatíveis. A ira divina é o amor de Deus buscando expressar sua dor enquanto oferece reconciliação. O amor de Deus é um amor obstinado.
4. Criativo: O amor de Deus por nós é determinado, não por nosso valor real ou presumido, mas pelo fato que Ele nos criou e redimiu. Entretanto, não devemos concluir que somos objetos sem valor. Quando Deus nos faz objetos do Seu amor, nos tornamos extremamente valiosos. O amor levou Deus a nos criar, e aquilo que Ele criou era valioso, bom, muito bom (Gn 1:31). Perdemos nosso valor através da Queda, mas quando o Filho de Deus Se tornou pobre para que fôssemos enriquecidos, o amor divino restaurou nosso valor. Agora somos filhos do Rei do universo!
João escreveu: “Amados, visto que assim Deus nos amou, nós também devemos amar uns aos outros” (1 Jo 4:11, NVI). Você compreendeu o argumento?