Pergunta: Dr. Johns, como e sob que circunstâncias o Departamento Jurídico da Associação Geral contratou a firma Diller, Ramik & Wight Ltd., para investigar as questões pertinentes a Ellen White e sua utilização de refêrencias literárias?

Dr. Johns: Bem, em outubro de 1980 um pastor adventista da conta oeste dos Estados Unidos, apareceu com destaque no diário Times, de Los Angeles, ao levantar graves acusações de plágio contra Ellen G. White. A matéria foi veiculada em dezenas de jornais em todo o país, por intermédio de uma rede telegráfica e uma agência de notícias. Chegou até ser publicada no jornal inglês Guardian, de Manchester. Obviamente a notícia suscitou uma série de perguntas na mente de nossos irmãos, bem como entre leitores não-adventistas. Em abril – seis meses mais tarde – nosso departamento decidiu que deveria esclarecer os aspectos e implicações legais do caso. Contratamos então os serviços de uma firma altamente conceituada e especializada nas leis de direitos autorais, patentes e marcas registradas. Ela apresentou-nos um parecer detalhado, válido perante a lei.

Pergunta: Houve alguma orientação por parte da Associação Geral ou do Patrimônio de Ellen G. White para proceder assim?

Dr. Johns: Não, absolutamente. Agimos por iniciativa própria. Nenhum desses órgãos teve qualquer participação. No dia 12 de abril comentei com o secretário do Patrimônio de Ellen G. White o que nos propúnhamos a fazer; entretanto, nem seu departamento nem a Associação Geral, iniciaram o processo. Além do mais, ninguém tinha conhecimento do rumo que a investigação estava tomando ou das conclusões tiradas, até o trabalho ter terminado e o relatório ter sido entregue a nós. As despesas com este tipo de investigação legal são consideráveis. Contudo, achamos ser importante desvendar a verdade. Portanto, nosso departamento está arcando com o custo.

Pergunta: Por que foi escolhida a firma Diller, Ramik & Wight, Ltd. Para realizar a tarefa?

Dr. Johns: Primeiramente, nosso departamento dispõe somente de três advogados para atender a Associação Geral. Esta, por sinal, deve estar classificada entre as cinquenta maiores organizações dos E.U.A, em termos financeiros, de acordo com a lista das 500 maiores da revista Fortune. Já estávamos muito ocupados com outras questões e desafios. Por outro lado, acusações de plágio envolvem questões legais extremamente profundas e complexas. Sentimos que deveríamos recorrer a especialistas e foi o que fizemos. As melhores firmas do ramo estão instaladas aqui em Washington, e já trabalhamos com o Dr. Ramik durante os últimos quatro ou cinco anos.

Nesse período achamos seus préstimos altamente profissionais e competentes. Devido a essa habilidade comprovada e indubitável perícia, cultivamos um grande respeito por seu trabalho.

Pergunta: Ao considerar a contratação do Dr. Ramik, um católico romano, o senhor ficou preocupado com o fato de ele ser obrigado, por necessidade, a ler O Grande Conflito na íntegra, visto que o livro é considerado uma ofensa pessoal por muitos católicos?

Dr. Johns: Reconhecemos que alguns adventistas poderiam indagar se ele seria imparcial. Por outro lado, se tivéssemos contratado um advogado adventista e ele apresentasse uma conclusão favorável, seria difícil atestar sua imparcialidade. De qualquer forma, já conhecíamos o profissionalismo e imparcialidade do Dr. Ramik. Acima de tudo, queríamos descobrir a verdade, a despeito das consequências. Achávamos que ele descerraria os fatos, aplicaria a lei e resolveria a questão para a Igreja de uma vez por todas.

Pergunta: O senhor diria que esse relatório de 27 páginas põe termo à questão?

Dr. Johns: Totalmente!

Pergunta: Qual seria a importância e o significado deste relatório para a Igreja?

Dr. Johns: As acusações de plágio, pirataria literária, violação de direitos autorais, etc., foram desmascaradas como sendo totalmente sem fundamento legal. Ao utilizar-se de material literário de outros autores, a Sra. White agiu inteiramente dentro dos limites da lei. Pelas definições estabelecidas na própria lei, ela não somente se restringiu à legislação, como também atuou de maneira eminentemente ética. As acusações feitas contra ela, simplesmente não têm qualquer validade. Ela não agiu da forma desleal, duvidosa ou antiética como foi acusado. Foi uma autora cristã, honesta e honrada. Não fosse o seu ministério, não haveria uma Igreja Adventista da forma como hoje a conhecemos.

Pergunta: Como o senhor vê então o futuro da aceitação da irmã White por parte da Igreja?

Dr. Johns: Sou inclinado a concordar com o sociólogo Irmgard Simon, doutorando de uma universidade em Münster, Alemanha, e autor de uma tese sobre o adventismo e Ellen White, na qual afirma: “Os Adventistas do Sétimo Dia prosseguem até hoje movidos pelo espírito de Ellen G. White, e só terão futuro enquanto essa herança sobreviver”. Em 19 de janeiro de 1981, o editor de religião da revista News Week fez uma observação semelhante: “Se perder sua fundadora, a Igreja talvez descubra que perdeu sua distinta alma visionária”.

Pergunta: Qual será o impacto que o relatório Ramik causará na Igreja e nos críticos de Ellen White? Conseguirá silenciá-los?

Dr. Johns: Bem, estou certo de que confirmará a fé daqueles que ficaram inquietos com as alegações agora provadas como infundadas. E talvez dê origem a um novo posicionamento por parte de alguns críticos. Porém, como última análise diria que, para os que querem crer, não há necessidade de provas; e para os que querem duvidar, não há provas que bastem!

* O Dr. Warren L. Johns foi o conselheiro chefe de Assessoramento Jurídico da Associação Geral da IASD.


Fonte: Artigo da Revista Adventista, Junho/1982; pp.4-14.