Os escritos de Ellen White se igualam aos da Bíblia? Como ela entendia a relação de seus escritos para com as Escrituras? Qual é a diferença entre os profetas canônicos e os não-canônicos?
Os adventistas do sétimo dia acreditam que “os escritos de Ellen White não constituem um substituto para a Bíblia. Não podem ser colocados no mesmo nível. As Escrituras Sagradas ocupam posição única, pois são o único padrão pelo qual os seus escritos – ou quaisquer outros – devem ser julgados e ao qual devem estar subordinados” (Nisto Cremos, p. 305). A própria Ellen White afirmou que “pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor para guiar homens e mulheres à “luz maior” (Review and Herald, 20 de janeiro de 1903). Como esta afirmação deve ser entendida? Ela considerava a si mesma em condições de igualdade com os profetas da Bíblia? Existem “graus” de inspiração?
Estas e outras questões são tratadas por Ellen White e vários outros autores adventistas abaixo. A primeira “O Entendimento de Ellen G. White de como seus Escritos se Relacionam com as Escrituras“, que consiste de duas passagens importantes da Sra. White sobre o assunto. “Como a IASD Entende a Autoridade de Ellen G. White” consiste de duas declarações de fontes oficiais da igreja. Na Biblioteca de Referência, os leitores interessados poderão encontrar uma abordagem mais completa destas questões no documento “A Relação Entre os Escritos de Ellen G. White e a Bíblia“.
O Entendimento de Ellen G. White de Como
Seus Escritos se Relacionam com as Escrituras
Documento n. 1
Em Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o conhecimento necessário à salvação. As Santas Escrituras devem ser aceitas como autorizada e infalível revelação de Sua vontade. Elas são a norma do caráter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da experiência religiosa. “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” – II Tim. 3:16 e 17.
Todavia, o fato de que Deus revelou Sua vontade aos homens por meio de Sua Palavra, não tornou desnecessária a contínua presença e direção do Espírito Santo. Ao contrário, o Espírito foi prometido por nosso Salvador para aclarar a Palavra a Seus servos, para iluminar e aplicar os seus ensinos. E visto ter sido o Espírito de Deus que inspirou a Escritura Sagrada, é impossível que o ensino do Espírito seja contrário ao da Palavra.
O Espírito não foi dado – nem nunca o poderia ser – a fim de sobrepor-Se à Escritura; pois esta explicitamente declara ser ela mesma a norma pela qual todo ensino e experiência devem ser aferidos. Diz o apóstolo João: “Não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” – I João 4:1. E Isaías declara: “À lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, não haverá manhã para eles.” – Isa. 8:20.
Muito descrédito tem acarretado à obra do Espírito Santo o erro de certa gente que, presumindo-se iluminada por Ele, declara não mais necessitar das instruções da palavra divina. Tais pessoas agem sob impulsos que reputam como a voz de Deus às suas almas. Entretanto o espírito que as rege não é de Deus. Essa docilidade às impressões de momento, com desprezo manifesto do que ensina a Bíblia, só pode resultar em confusão e ruína, favorecendo os desígnios do maligno. Como o ministério do Espírito tem importância vital para a igreja de Cristo, é o decidido empenho de Satanás, por meio dessas excentricidades de gente desequilibrada e fanática, cobrir de opróbrio a obra do Espírito Santo e induzir o povo a negligenciar a fonte de virtude que Deus proveu para o Seu povo.
Em harmonia com a Palavra de Deus, deveria Seu Espírito continuar Sua obra durante todo o período da dispensação evangélica. Durante os séculos em que as Escrituras do Antigo Testamento bem como as do Novo estavam sendo dadas, o Espírito Santo não cessou de comunicar luz a mentes individuais, independentemente das revelações a serem incorporadas no cânon sagrado. A Bíblia mesma relata como, mediante o Espírito Santo, os homens receberam advertências, reprovações, conselhos e instruções, em assuntos de nenhum modo relativos à outorga das Escrituras. E faz-se menção de profetas de épocas várias, de cujos discursos nada há registrado. Semelhantemente, após a conclusão do cânon das Escrituras, o Espírito Santo deveria ainda continuar a Sua obra, esclarecendo, advertindo e confortando os filhos de Deus.
Jesus Cristo prometeu a Seus discípulos: O “Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. – João 14:26. “Quando vier aquele Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; … e vos anunciará o que há de vir.” – João 16:13. As Escrituras claramente ensinam que estas promessas, longe de se limitarem aos dias apostólicos, se estendem à igreja de Cristo em todos os séculos. O Salvador afirma a Seus seguidores: “Estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” – Mat. 28:20. E Paulo declara que os dons e manifestações do Espírito foram postos na igreja para “o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. – Efés. 4:12 e 13.
A favor dos crentes da igreja de Éfeso o apóstolo Paulo orava “para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dEle, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento… e qual a suprema grandeza do Seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder”. – Efés. 1:17-19. Era a ministração do Espírito na iluminação do entendimento e desvendação dos olhos do espírito humano para penetração das coisas profundas da Palavra de Deus, que o apóstolo suplicava para a igreja de Éfeso.
Depois da maravilhosa manifestação do Espírito Santo no dia de Pentecoste, Pedro exortou o povo a arrepender-se e batizar-se em nome de Cristo, para a remissão de seus pecados; e disse ele: “E recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.” – Atos 2:38 e 39.
Em imediata relação com as cenas do grande dia de Deus, o Senhor, pelo profeta Joel, prometeu uma manifestação especial de Seu Espírito. (Joel 2:28). Esta profecia recebeu cumprimento parcial no derramamento do Espírito, no dia de Pentecoste. Mas atingirá seu pleno cumprimento na manifestação da graça divina que acompanhará a obra final do Evangelho. (Trecho extraído do livro O Grande Conflito, pp. 9-11)
A Primazia da Palavra
A relação dos escritos de Ellen G. White para com a Bíblia reconhecida no primeiro livro
Documento n. 2
Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de vossa fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados. Nela Deus prometeu dar visões nos “últimos dias”; não para uma nova regra de fé, mas para conforto do Seu povo e para corrigir os que se desviam da verdade bíblica. Assim tratou Deus com Pedro, quando estava para enviá-lo a pregar aos gentios. –– Primeiros Escritos p. 78.
Não para tomar o lugar da palavra
O Senhor deseja que estudeis a Bíblia. Ele não deu alguma luz adicional para tomar o lugar de Sua Palavra. Esta luz deve conduzir as mentes confusas a Sua Palavra, a qual, se for comida e assimilada, é como o sangue que dá vida à alma. Então serão vistas boas obras como luz brilhando nas trevas. –– Carta 130, 1901.
Obter provas da Bíblia
No trabalho público não torneis proeminente nem citeis o que a Irmã White tem escrito, como autoridade para apoiar vossas posições. Fazer isto não aumentará a fé nos testemunhos. Apresentai vossas provas, claras e simples, da Palavra de Deus. Um “Assim diz o Senhor” é o mais forte testemunho que podeis apresentar ao povo. Que ninguém seja instruída a olhar para a Irmã White, e, sim, ao poderoso Deus, que dá instruções à Irmã White. – Carta 11, 1894.
Relação dos escritos de Ellen White para com a Bíblia – a luz menor
Pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor para guiar homens e mulheres à luz maior. – Review and Herald, 20 de janeiro de 1903. (Citado em O Colportor-Evangelista , p. 125.)
Não para proporcionar nova luz
O irmão J. procura confundir os espíritos, esforçando-se por fazer parecer que a luz que Deus nos concedeu por meio dos Testemunhos constitui um acréscimo à Palavra de Deus, mas com isto apresenta os fatos sob uma luz falsa. Deus escolheu chamar por este meio a atenção de Seu povo para a Sua Palavra, a fim de conceder-lhes uma compreensão mais perfeita da mesma.
A Palavra de Deus é suficiente para iluminar o espírito mais obscurecido, e pode ser compreendida de todo o que sinceramente deseja entendê-la. Mas, não obstante isto, alguns que dizem fazer da Palavra de Deus o objeto de seus estudos, são encontrados vivendo em oposição direta a alguns de seus mais claros ensinos. Daí, para que tanto homens como mulheres fiquem sem escusa, Deus dá testemunhos claros e decisivos, a fim de reconduzi-los à Sua Palavra, que negligenciaram seguir.
A Palavra de Deus está repleta de princípios gerais para a formação de hábitos corretos de vida, e os testemunhos, tanto gerais como individuais, visam chamar a sua atenção particularmente para esses princípios. – Testemunhos Seletos , vol. 2, p. 279.
Testemunhos para trazer lições simples da Palavra
Nas Escrituras Deus expôs lições práticas para governar a vida e a conduta de todos; mas, conquanto Ele tenha dado minuciosas instruções a respeito de nosso caráter, conversação e conduta, em grande parte Suas lições são negligenciadas e desprezadas. Além das instruções em Sua Palavra, o Senhor tem concedido testemunhos especiais a Seu povo, não como uma nova revelação, mas para que possa apresentar-nos as claras lições de Sua Palavra, a fim de que sejam corrigidos os erros e indicado o caminho certo, para que toda alma fique sem escusa. – Carta 63, 1893. (Ver Testimonies , vol. 5, p. 665.) (Trecho extraído do livro Mensagens Escolhidas , vol. 3, pp. 29-31.)
Como a IASD Entende a Autoridade de Ellen G. White
Uma Declaração Sobre a Compreensão Atual
Documento n. 3
Em resposta a pedidos, uma declaração sobre a relação dos escritos de Ellen G. White com a Bíblia foi preparada inicialmente por um comitê ad hoc (para este fim específico) da Associação Geral. A declaração foi publicada na Adventist Review de 15 de julho de 1982 e na edição de agosto de 1982 da revista Ministry com um convite para os leitores darem sua opinião. As sugestões de leitores e de vários grupos levaram a um aperfeiçoamento da declaração até o seu presente formato. Embora ela não seja uma declaração votada, acreditamos que a participação mundial em seu aperfeiçoamento a torna um reflexo das opiniões da igreja sobre o tópico a que ela se aplica. – Biblical Research Institute.
Na Declaração das Crenças Fundamentais votada pela Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia em Dallas em abril de 1980, o prefácio afirma: “Os Adventistas do Sétimo Dia aceitam a Bíblia como seu único credo e mantêm algumas crenças fundamentais como sendo o ensino das Escrituras Sagradas.” O parágrafo um reflete o entendimento sobre inspiração e autoridade das Escrituras, enquanto o parágrafo dezessete reflete o entendimento da igreja sobre os escritos de Ellen White em relação às Escrituras. Estes parágrafos dizem o seguinte:
As Escrituras Sagradas
As Escrituras Sagradas, o Antigo e o Novo Testamento, são a Palavra de Deus escrita, dada por inspiração divina por intermédio de santos homens de Deus que falaram e escreveram ao serem movidos pelo Espírito Santo. Nesta Palavra, Deus transmitiu ao homem o conhecimento necessário para a salvação. As Escrituras Sagradas são a infalível revelação de Sua vontade. Constituem o padrão de caráter, o prova da experiência, o autorizado revelador de doutrinas, e o registro fidedigno dos atos de Deus na História. Encontramos apoio para esta afirmação nas seguintes passagens bíblicas: II Ped. 1:20,21; II Tim. 3:16,17; Sal. 119:105; Prov. 30:5,6; Isa. 8:20; João 17:17; I Tess. 2:13; Heb. 4:12.
O Dom de Profecia
Um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Este dom é uma característica da Igreja remanescente e foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como a mensageira do Senhor, seus escritos são uma contínua e autorizada fonte de verdade e proporcionam conforto, orientação, instrução e correção à Igreja. Eles também tornam claro que a Bíblia é a norma pela qual deve ser aprovado todo ensino e experiência. Encontramos apoio para esta afirmação nas seguintes passagens bíblicas: Joel 2:28,29; Atos 2:14-21; Hebreus 1:1-3; Apocalipse 12:17; Apocalipse 19:10.
As seguintes afirmações e negações trazem maior esclarecimento sobre as questões que têm sido levantadas a respeito da inspiração e autoridade dos escritos de Ellen White e sua relação com a Bíblia. Estes esclarecimentos devem ser vistos como um todo. Eles são uma tentativa de expressar o entendimento atual dos adventistas do sétimo dia. Eles não devem ser interpretados como um substituto das duas declarações doutrinárias citadas acima, nem como sendo parte delas.
Afirmações
01. Acreditamos que a Escritura é a palavra divinamente revelada de Deus e é inspirada pelo Espírito Santo.
02. Acreditamos que o cânon da Escritura é composto somente dos sessenta e seis livros do Antigo e Novo Testamentos.
03. Acreditamos que a Escritura é a base da fé e a autoridade final em todos os assuntos de doutrina e prática.
04. Acreditamos que a Escritura é a Palavra de Deus em linguagem humana.
05. Acreditamos que a Escritura revela que o dom de profecia será manifestado na igreja cristã após o período do Novo Testamento.
06. Acreditamos que o ministério e os escritos de Ellen White foram uma manifestação do dom de profecia.
07. Acreditamos que Ellen White foi inspirada pelo Espírito Santo e que seus escritos, frutos dessa inspiração, são aplicáveis e autoritativos, especialmente para os adventistas do sétimo dia.
08. Acreditamos que os propósitos dos escritos de Ellen White incluem orientação na compreensão dos ensinos das Escrituras e na aplicação destes ensinos, com urgência profética, para a vida espiritual e moral.
09. Acreditamos que a aceitação do dom profético de Ellen White é importante para a nutrição espiritual e a unidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
10. Acreditamos que o uso que Ellen White fez de fontes e assistentes literários encontra paralelo em alguns dos escritos da Bíblia.
Negações
01. Não acreditamos que a qualidade ou grau de inspiração nos escritos de Ellen White seja diferente do da Escritura.
02. Não acreditamos que os escritos de Ellen White sejam um acréscimo ao cânon da Escritura Sagrada.
03. Não acreditamos que os escritos de Ellen White funcionem como o fundamento e a autoridade final da fé cristã, como a Bíblia funciona.
04. Não acreditamos que os escritos de Ellen White possam ser usados como a base da doutrina.
05. Não acreditamos que o estudo dos escritos de Ellen White possa ser usado para substituir o estudo das Escrituras Sagradas.
06. Não acreditamos que a Escritura possa ser compreendida somente através dos escritos de Ellen White.
07. Não acreditamos que os escritos de Ellen White esgotem o significado das Escrituras.
08. Não acreditamos que os escritos de Ellen White sejam essenciais para a proclamação das verdades das Escrituras para a sociedade como um todo.
09. Não acreditamos que os escritos de Ellen White sejam o produto de mera piedade cristã.
10. Não acreditamos que o uso de fontes e assistentes literários por parte de Ellen White negue a inspiração de seus escritos.
Portanto, concluímos que o correto entendimento da inspiração e autoridade dos escritos de Ellen White evitará dois extremos: (1) considerar que estes escritos funcionem no mesmo nível canônico das Escrituras, ou (2) considerá-los como uma literatura cristã comum.
Fonte: Extraído da Adventist Review, de 23 de dezembro de 1982. “A inspiração e autoridade dos escritos de Ellen G. White” Publicado pelo Instituto de Pesquisas Bíblicas (Biblical Research Institute) da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.
O Dom de Profecia
O Espírito de Profecia e a Bíblia
Documento n. 4
Os escritos de Ellen White não constituem um substituto para a Bíblia. Não podem ser colocados no mesmo nível. As Escrituras Sagradas ocupam posição única, pois são o único padrão pelo qual os seus escritos – ou quaisquer outros – devem ser julgados e ao qual devem estar subordinados.
A Bíblia é o padrão supremo
Os adventistas do sétimo dia apóiam plenamente o princípio da Reforma, sola scriptura, a Bíblia como seu próprio intérprete e a Bíblia sozinha, como base de todas as doutrinas. Os fundadores da igreja desenvolveram suas crenças fundamentais através do estudo da Bíblia; não receberam tais doutrinas através das visões de Ellen White. Seu principal papel durante o desenvolvimento das doutrinas da igreja foi orientar a compreensão da Bíblia e confirmar as conclusões às quais se chegava através do estudo da Bíblia.
A própria Ellen White cria e ensinava que a Bíblia representa a norma final da igreja. Em seu primeiro livro, publicado em 1851, ela escreveu: “Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de vossa fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados.”Ela jamais modificou esse ponto de vista. Anos mais tarde ela tornou a escreveu: “Em Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o conhecimento necessário à salvação. As Santas Escrituras devem ser aceitas como autorizada e infalível revelação de Sua vontade. Elas são a norma do caráter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da experiência religiosa.” link à [3] Em 1909, durante sua última palestra perante uma sessão da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ela abriu sua Bíblia, ergueu-a diante da congregação, e disse: “Irmãos e irmãs, eu vos recomendo este Livro.”
Em resposta aos crentes que consideravam seus escritos como uma adição à Bíblia, ela escreveu, dizendo: “Tomei a preciosa Bíblia e circundei-a com os vários Testemunhos Para a Igreja, concedidos ao povo de Deus… Não estais familiarizados com as Escrituras. Se tivésseis feito da Palavra de Deus objeto de estudo regular, com o desejo de alcançar os padrões bíblicos e de atingir a perfeição cristã, não teria havido necessidade dos Testemunhos. É porque negligenciastes familiarizar-vos com o Livro inspirado de Deus, que Ele procurou alcançar-vos através de testemunho simples e direto, chamando a atenção para as palavras da inspiração que negligenciastes obedecer, insistindo em que a vossa vida se paute de acordo com esses puros e elevados ensinos.”
Um guia para entender a Bíblia
Ela encarou seu trabalho como a condução das pessoas de volta à Bíblia. “Pouca importância é dada à Bíblia”, escreveu ela, e assim, “o Senhor concedeu uma luz menor para conduzir homens e mulheres à luz maior.” “A Palavra de Deus”, prossegue a autora, “é suficiente para iluminar a mente mais obscurecida e pode ser compreendida por todos aqueles que sentirem o desejo de entendê-la. Apesar de tudo isto, alguns que pretendem estar fazendo da Palavra de Deus o seu objeto de estudo, encontram-se vivendo em direta oposição aos seus mais claros ensinos. Conseqüentemente, para que homens e mulheres fiquem sem escusa, Deus concede testemunhos claros e diretos, fazendo com que estas pessoas retornem à Palavra que haviam negligenciado em seguir.”
Um guia na compreensão da Bíblia
Ellen White considerava seus escritos como um guia para a compreensão mais clara da Bíblia. “Não são apresentadas verdades novas; através dos Testemunhos , porém, Deus simplificou as grandes verdades já concedidas e segundo a forma por Ele mesmo escolhida, trouxe-as perante o povo, visando despertá-los e impressionar suas mentes, afim de que todos eles fiquem sem escusa.” “Os testemunhos escritos não são concedidos a fim de prover nova luz, mas para imprimir vividamente sobre o coração as verdades da inspiração já anteriormente reveladas.”
Um guia para aplicar princípios bíblicos
Muitos de seus escritos aplicam os conselhos bíblicos ao viver diário. Ellen White disse que ela foi “orientada a apresentar princípios gerais, e ao mesmo tempo, especificar os perigos, erros e pecados de alguns indivíduos, a fim de que todos pudessem ser advertidos, reprovados e aconselhados”. Cristo havia prometido semelhante orientação profética a Sua igreja. A própria Ellen White observou: “O fato de que Deus revelou Sua vontade aos homens por meio de Sua Palavra, não tornou desnecessária a contínua presença e direção do Espírito Santo. Ao contrário, o Espírito foi prometido por nosso Salvador para aclarar a Palavra a Seus servos, para iluminar e aplicar os seus ensinos.”
O desafio ao crente
O livro do Apocalipse profetiza que o de que o “testemunho de Jesus” haveria de manifestar-se através do “espírito de profecia” nos últimos dias da história terrestre. Isso representa um desafio a todos, no sentido de não assumir uma atitude de indiferença ou descrença, mas a “provar todas as coisas” e “reter o que é bom”. Existe muito a ganhar – ou perder – face à atitude com a qual assumirmos nossa investigação biblicamente ordenada. Jeosafá exortou no passado: “Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas, e prosperareis” – (II Crôn. 20:20). Essas palavras soam como perfeitamente verdadeiras, ainda nos dias de hoje.
Fonte: Extraído do livro Nisto Cremos. 27 Ensinos Bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia (Tatuí, SP: CPB, 1990), pp. 305-307.
Referências:
01. Jemison, A Prophet Among You, pp. 208-210; Froom , Movement of Destiny (Washington, D.C.: Review and Herald, 1971) pp. 91-132; Damsteegt, Foundations of the Seventh-day Adventist Message and Mission, pp. 103-293.
02. White, Primeiros Escritos, p. 78.
03. White, O Grande Conflito, p. 9.
04. William A. Spicer, The Spirit of Prophecy in the Advent Movement (Washington, D.C.: Review and Herald, 1937), p. 30.
05. White, Testemunhos Seletos, vol. II, p. 280.
06. White, “An Open Letter”, Review and Herald, 20 de janeiro de 1903, p. 15, in White, O Colportor Evangelista (Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, 1997), p. 125.
07. White, Testemunhos Seletos, vol. II, p. 279.
08. Ibid., pp. 280, 281.
09. Ibid., pp. 275, 276.
10. White, O Grande Conflito, p. vii.