“Drogas são substâncias naturais ou sintéticas que, ao penetrarem no organismo humano, entram diretamente na corrente sanguínea, atingem o cérebro e alteram seu equilíbrio, fazendo com que a pessoa sinta tudo “diferente”.”
Por Márcia F. de Castro Negrão
Drogas são substâncias naturais ou sintéticas que, ao penetrarem no organismo humano sob qualquer forma – ingeridas, injetadas, inaladas ou absorvidas pela pele – entram diretamente na corrente sanguínea, atingem o cérebro e alteram seu equilíbrio, fazendo com que a pessoa sinta tudo “diferente”. Historicamente, muitas dessas substâncias são utilizadas sem grandes consequências pelo ser humano, e até mesmo com finalidades terapêuticas. Em alguns casos, porém, se corre o risco de criar dependência dessas substâncias. A dependência é caracterizada pela necessidade incontrolável de prosseguir consumindo uma substância compulsivamente, apesar dos problemas significativos que podem surgir, sejam físicos, emocionais, sociais, financeiros etc.
O porquê
Os motivos que podem levar alguém a provar ou usar ocasionalmente as drogas são:
a) curiosidade
b) influência dos amigos
c) prazer imediato que produzem
d) fácil acesso e obtenção
e) desejo ou impressão de que elas podem resolver todos os problemas ou aliviar as ansiedades.
Estas são também razões para a utilização abusiva de drogas. Muitas pessoas usam drogas a primeira vez pelo menos – por causa de seus efeitos prazerosos. A curiosidade, a busca de prazer, a atração do “barato” e o modismo são as principais razões para a primeira experiência. A maioria dos adolescentes nos estágios iniciais do uso de drogas veem a “viagem” como uma experiência agradável e positiva. Some-se a isso a fase extremamente crítica da adolescência, quando aumentam os questionamentos, a insegurança e a revolta contra o sistema. A droga pode ser uma saída nesses casos. Mas as drogas apenas escondem sentimentos e problemas ruins ou desagradáveis por um breve momento – elas não os fazem desaparecer para sempre. As drogas dão a falsa impressão de que se está lidando melhor com as próprias emoções. No entanto, elas só anestesiam, disfarçam, encobrem as emoções e seu consumo traz consequências ruins ao ser humano, tanto física quanto psicologicamente.
Características/Sintomas
Existem algumas características comuns àqueles que fazem uso de drogas. São elas:
MUDANÇA DE HUMOR E DE PERSONALIDADE. MENOS RESPONSABILIDADE – Os usuários de drogas podem parecer felizes num momento e tristes no seguinte. Podem ter sentimentos fortes e anormais de pânico, ansiedade e medo. Desconfiam de todos, tornam-se irritadiços, nervosos, dissimulados, mal-humorados e pouco afetuosos. Não fazem os trabalhos domésticos, chegam tarde em casa, esquecem as ocasiões de reuniões de família, deixam o quarto desarrumado e recusam-se a colaborar.
MUDANÇA DE AMIGOS, PASSATEMPOS, INTERESSES. SOLICITAÇÃO DE MAIOR PRIVACIDADE. DIFICULDADE DE COMUNICAÇÃO – Os usuários de drogas podem subitamente perder o interesse pelos estudos, esportes e demais atividades de que sempre gostaram. Mudam a linguagem, o corte de cabelo e seu modo de vestir. Eles podem matar aula, não fazer os deveres de casa, mudar de amigos ou afastar-se de seu círculo habitual, e ser relutantes em falar sobre seus atuais amigos e o que eles fazem. Recusam-se a discutir suas atividades, tornam-se negativos quando os efeitos do uso de drogas são discutidos, argumentam, defendem com veemência o uso ocasional de drogas pelos amigos e preferem falar sobre os maus hábitos dos adultos. Tendem a brigar com facilidade.
DETERIORAÇÃO FÍSICA E MENTAL – Aumento dos sentidos do tato, paladar ou olfato; aumento do apetite (no caso de uso de álcool ou maconha); raciocínio ilógico ou incoerente, perda de peso. Parecem doentes ou cansados, apresentando sintomas de resfriado crônico, tais como olhos vermelhos, nariz escorrendo, dores de cabeça, manchas roxas inexplicáveis, sangramento de gengivas, fraqueza muscular e tremor nas mãos.
ODORES E OBJETOS ESTRANHOS – Algumas vezes, costumam deixar sinais à volta e em seus quartos, tais como: cheiros estranhos, desodorantes para encobrir o cheiro da droga, incenso, cachimbos, papéis para enrolar “baseados”, etc.
Como Evitar
Aqui vão algumas sugestões para ajudar a “fazer a guerra” contra o uso das drogas:
1 – Aprender tudo sobre o assunto. Quanto mais se souber, mais se entenderá quanto mal podem fazer. Quando não matam, elas podem arruinar a vida, prejudicando a performance na escola, tornando a pessoa doente fisicamente e mudando sua personalidade.
2 – Procurar resistir à influência negativa dos colegas, trocando de amigos, mudando o círculo de amizades. Tentar envolver-se em atividades onde se encontrem novas pessoas, em que se tenha a impressão de estar bem consigo mesmo e em que se adquira a confiança necessária para viver livre das drogas.
3 – Conversar, de forma construtiva, e não crítica, com os pais, filhos, amigos e professores. Ao mesmo tempo, ter sempre definidas regras firmes e limites sobre drogas, bebidas e outros comportamentos que se julgue particularmente inaceitáveis.
4 – Passar um tempo, durante a semana, em família, procurando aproveitá-lo da maneira mais agradável, produtiva e criativa possível, com atividades de qualidade.
O conceito principal que se deve ter é o de não começar a usar drogas. A melhor forma de evitar problemas é não experimentar. A dependência pode ser consequência de fatores tais como genética, personalidade, meio ambiente e relações sociais, além de atingir qualquer pessoa, independente de idade, classe social, credo ou cor. É impossível detectar se uma pessoa tem ou não tendência a se tornar dependente. Portanto, se tantos fatores fazem-nos correr riscos que nos conduzem à dependência, o ideal é evitar a primeira dose. Dizer “sim” ou “não” às drogas é uma opção de cada um, pois é a escolha de um caminho de vida. Ninguém pode decidir por outra pessoa, tendo-se portanto que assumir a responsabilidade pelas atitudes tomadas.
MACONHA
A maconha, ao contrário do que é difundido geralmente, não é inofensiva ao organismo, e seu consumo tem efeitos nocivos para o corpo e a mente. A maconha vem da planta cannabis sativa, de origem asiática, cujo ingrediente ativo, que causa alteração das sensações, é um produto químico conhecido por THC. A fumaça da maconha contém mais elementos cancerígenos que a do tabaco, além de penetrar mais profundamente nos pulmões. A maconha atual é 20 vezes mais forte – e perigosa do que a usada nos anos 60. A resina mais concentrada da cannabis é conhecida como haxixe. A maconha é encontrada normalmente sob a forma de cigarros, os “baseados”, podendo também ser fumada em cachimbos. Depois do álcool, é a droga mais difundida no mundo, consumida por considerável número de pessoas, principalmente jovens e adolescentes. São necessários 20 dias para que o organismo consiga se livrar de todos os efeitos de um único cigarro. Dirigir depois de fumar um “baseado” é tão perigoso quanto dirigir bêbado, pois a maconha reduz o tempo de reação dos reflexos. A maconha torna a pessoa distraída e esquecida, confunde sua noção de tempo, dificulta o pensamento e a concentração, distorce a percepção e o senso da realidade. Consequência disso é a dificuldade no aprendizado e a queda de rendimento no trabalho. Usuários assíduos de maconha sentem falta de motivação, fadiga e apatia, e frequentemente perdem o interesse pelas coisas que os cercam: escola, trabalho, exercícios físicos, família e amigos. O uso frequente de maconha pode reduzir o impulso sexual, causar prejuízo às funções reprodutoras, assim como problemas genéticos. A maconha pode desenvolver tolerância e levar a desajustes psicológicos que conduzem a uma predisposição ao uso de drogas mais pesadas.
COCAÍNA
A cocaína é um pó químico branco derivado das folhas secas da planta da coca, que cresce em países da América do Sul. Ela é consumida sob a forma de pó, que é aspirado. Mas pode também ser fumada (é o “crack”) ou injetada diretamente na corrente sanguínea. O uso de cocaína ou crack pode causar a morte por ataque cardíaco, crise respiratória ou convulsões. Como primeiros efeitos, a cocaína torna a pessoa animada, extrovertida, alegre, excitada e livre de cansaço, pois afeta o sistema nervoso central. Depois surgem os sintomas de depressão, ansiedade, agressividade, desconfiança, alucinações, perda de controle. As consequências são a queda do desempenho profissional, a desintegração das relações pessoais e sociais, além de um “rombo financeiro” devido ao seu alto custo, o que pode engajar a pessoa em atividades ilegais. A cocaína destrói a mucosa interna do nariz, causando dores de cabeça, nariz escorrendo e hemorragias nasais. A cocaína cria dependência e tolerância rapidamente, pois quando seus efeitos iniciais desaparecem, são necessárias doses cada vez maiores para obtê-los novamente. Quem fica dependente de cocaína, faz qualquer coisa para obter outra dose, podendo mentir, roubar e até matar para conseguir dinheiro para comprar mais.
ÁLCOOL
O ato de beber está historicamente ligado a encontros sociais, rituais para inspirar bons sentimentos, propiciar boa sorte e coragem contra o medo, a timidez e as adversidades. O álcool, porém, é depressivo, do sistema nervoso e não estimulante como muitos supõem. O álcool, sob as suas mais diversas formas (cerveja, vinho, uísque, cachaça etc.) é a droga de mais amplo uso – e abuso – no mundo. Ele pode viciar, e crianças e adolescentes podem tornar-se alcoólatras com facilidade. A maior parte dos alcoólatras começa a beber na adolescência. O álcool em demasia torna a pessoa repulsiva: mau hálito, olhos injetados, fala difícil, perda do controle de suas ações e abandono dos hábitos de higiene. Os efeitos do álcool aumentam quando aumenta a quantidade ingerida. Beber álcool em excesso afeta o juízo e a memória, pode causar doenças mentais, danos a diversos órgãos, como fígado, pâncreas, estômago, nervos, etc., além de causar dependência e levar ao alcoolismo. Calcula-se que existam no Brasil cerca de 10 milhões de pessoas em vários estágios da doença do alcoolismo, o que, além de diminuir a produtividade na escola e no trabalho, marginaliza socialmente essas pessoas. O álcool altera ou anula o efeito dos remédios como, por exemplo, os antibióticos. Alcoolismo leva à morte, por intoxicação, ao deprimir o centro do cérebro que controla a respiração e os movimentos cardíacos. O álcool afeta o desenvolvimento do feto quando ingerido durante a gravidez, e é responsável por problemas de esterilidade e impotência. 50% dos acidentes de trânsito envolvem pessoas que beberam. Acidentes de carro envolvendo motoristas bêbados são a principal causa de mortes entre adolescentes.
INALANTES
Os assim chamados inalantes são substâncias voláteis, vendidas legalmente e utilizadas indevidamente como drogas, ao serem inaladas. O fato de serem compostos legais produzidos, distribuídos e vendidos com múltiplos fins, dificulta a prevenção de seu mau uso. Tais substâncias são encontradas em produtos de uso doméstico e industrial como aerosol, gasolina, cola de sapateiro, solventes de pintura, tintas, éter, clorofôrmio, laquê, esmalte de unha etc. Existem ainda preparados conhecidos como “cheirinho da loló”, “lança-perfume”, etc. Os inalantes interferem diretamente na respiração, podendo chegar a causar asfixia e morte súbita por parada cardíaca, ao privar o cérebro de oxigênio. Utilizar inalantes pode causar uma sensação de estrangulamento, tornar irregulares os batimentos cardíacos, causar danos à visão e lesão nas células do fígado, além de prejudicar a memória e a capacidade de pensar com clareza. A pessoa que utiliza inalantes pode vir a ter comportamento violento, causado por distúrbios orgânicos e alucinações que podem surgir. Os inalantes são as drogas mais danosas ao ser humano. Seu uso prolongado causa lesões cerebrais irreversíveis.
LSD
O LSD é uma substância alucinógena, que altera a forma de ver, ouvir e sentir as coisas. É um produto químico feito pelo homem e é conhecido como “ácido”. A mescalina e a psilocibina são também drogas com efeitos alucinógenos. Elas são ingeridas sob a forma de pílulas, ou chás, ou ainda fumadas. O principal efeito causado pelo LSD é a intensificação ou a alteração das percepções sensoriais – as coisas têm forma, tamanho, cor, distância, cheiro, gosto e toque diferente do normal. Quem toma LSD pode vir a ter tremores, convulsões, reações psicóticas, turvamento de visão e dilatação das pupilas, além de correr o risco de causar danos permanentes às células do cérebro. Em altas doses, o usuário de LSD tem alucinações, imaginando coisas que não existem. A essa impressão dá-se o nome de “viagem”. Pode porém acontecer uma “má viagem” – uma experiência assustadora que faz o usuário perder o controle da mente, torna-o muito sugestionável, com medo das pessoas, podendo também causar loucura, suicídio ou assassinato. Outro efeito do LSD é o “flash-back”: o usuário revive uma “má viagem”, muito tempo depois de ter tomado a droga, sem ter ingerido uma nova dose.
TRANQUILIZANTES E ANFETAMINAS
Substâncias vendidas sob prescrição médica, com objetivos terapêuticos, que se tornam drogas devido ao seu mau uso. São conhecidas, neste caso, como “diabos vermelhos” ou “bolinhas”. Os tranquilizantes são drogas depressoras do sistema nervoso central, utilizados geralmente como “pílulas para dormir” – Eles acalmam os nervos, produzem sono e dão alívio à ansiedade e à tensão mental. Tais efeitos têm duração limitada e, por isso, doses crescentes são necessárias para obtenção dos efeitos originais, produzindo dependência e tolerância. Ingeridos com frequência, os tranquilizantes causam entorpecimento da fala, memória e razão, diminuição dos reflexos, sonolência continua e estupor. O maior risco, porém, é a sua mistura com álcool, que potencializa os efeitos que podem matar ou produzir coma irreversível. Os tranquilizantes também podem matar por “overdose”, em que se ingere grande quantidade, o que leva a uma intoxicação. Do lado oposto estão as anfetaminas, que estimulam o sistema nervoso central. Elas são vendidas sob prescrição médica, para reduzir o apetite, suprimir o sono, combater a fadiga e resolver problemas de asma. São geralmente ingeridas como pílulas ou injetadas na corrente sanguínea. Ao serem consumidas, as anfetaminas aceleram a atividade mental e física, produzem estados de excitação, euforia, bem-estar e força, agilizam a fala e aumentam a atividade motora. Ao criarem dependência e serem consumidas constantemente, e em maior quantidade, as anfetaminas passam a causar insônia, ansiedade, desassossego, taquicardia, problemas de pele, dentes e gengivas, além de sensações de pânico, alucinações e pensamentos paranóides. Seu acúmulo no organismo causa a “psicose anfetamínica”, caracterizada por extrema desconfiança, comportamento esquisito é, às vezes, violento. Procurando contrabalançar os efeitos maléficos das anfetaminas, muitas pessoas passam a consumir tranquilizantes e, nessa busca de quebra de efeito de uns e outros, a mistura pode ser fatal.
DROGAS: UMA ARMADILHA – Por: Márcia Fernandes de Castro Negrão
Fonte: Biblia.com.br