“Tenho uma amiga que não consegue entender a respeito da morte. Ela acha que alma e espírito são a mesma coisa e com isso, pensa que quando morremos vamos para Deus. Como explicar o que a Bíblia ensina sobre esse assunto?”
Por Pr. Rubens Lessa
“Tenho uma amiga que não consegue entender a respeito da morte. Ela acha que alma e espírito são a mesma coisa e com isso, pensa que quando morremos vamos para Deus. Como explicar o que a Bíblia ensina sobre esse assunto?”
Gênesis 2:7 diz: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.” A equação escriturística é muito clara: o pó da terra (elementos terrestres) + fôlego de vida = ser vivente ou alma vivente. A alma, portanto, é a união dos elementos da terra com o fôlego de vida. A alma é o ser vivo total. Pode pecar (Ezequiel 18:4) e pode odiar (Mateus 5:22).
Concluímos, pois, que a alma vivente não foi posta no homem; mas o fôlego de vida, posto no homem, tornou-o alma vivente, ou criatura. É importante enfatizar que a Bíblia afirma que o homem passou a ser uma alma vivente. Nada, no relato da Criação, insinua que o homem recebeu uma alma – alguma espécie de entidade separada que, no princípio, foi unida ao corpo. O termo original correspondente a “alma vivente” em Gênesis 2:7, é nephesh chaiy-yah, que não designa exclusivamente o homem, pois é também aplicado a animais marinhos, insetos, répteis e bestas (Gênesis 1:20 e 24; 2:19).
O Dr. Adam Clarke diz o seguinte sobre o uso dessa expressão em Gênesis 1:24: “Um termo genérico para expressar todas as criaturas possuidoras devida animal, em qualquer de suas infinitamente variadas graduações, desde o semi-racional elefante até ao estúpido potó, ou ainda mais baixo, ao pólipo, que parece participar igualmente da vida vegetal e animal.” Em Gênesis 2:7, o termo nephesh, alma, denota o homem como um ser vivente depois que o fôlego de vida penetrou no corpo físico, formado com os elementos da terra. A Enciclopédia Adventista (em inglês), à p. 1.061, diz o seguinte sobre a palavra alma :
“Similarmente, uma nova alma vem à existência sempre que nasce uma criança, sendo cada ‘alma’ uma nova unidade de vida, completamente única e distinta de todas as outras unidades similares. Esta qualidade da individualidade em cada ser vivente, o qual constitui uma entidade única, parece ser a idéia enfatizada pelo termo hebraico nephesh. Quando utilizado nesse sentido, nephesh não representa parte de uma pessoa; é a própria pessoa, sendo, em muitos casos, traduzido exatamente como ‘pessoa’ (Gênesis 14:21; Números 5:6; Deuteronômio 10:22; cf. Salmo. 3:2), ou ‘eu’, a própria pessoa (Levítico 11:43; 1 Reis 19:4; Isaías 46:2).”
Devemos notar, por outro lado, que há na Bíblia expressões tais como “minha alma”, “vossa alma”, “sua alma”, que geralmente equivalem aos pronomes pessoais “eu”, “me”, “vós”, “ele”, e assim por diante. (Gênesis 12:13; Levítico 11:43 e 44; 19:8; Josué 23:11; Salmo 3:2; Jeremias 37:9). Com muita freqüência, nephesh também se refere a desejos, apetites ou paixões (Deuteronômio 23:24; Provérbios 23:2; Eclesiastes 6:7). Às vezes, pode referir-se também à sede das afeições (Gênesis 34:3; Corintios 1:7).
No Novo Testamento, o uso do termo grego psuche é semelhante ao uso de nephesh, no Antigo. E utilizado tanto para a vida animal quanto para a vida humana (Apocalipse 16:3). Psuche não é imortal, mas sujeita à morte (Apocalipse 16:3). Pode ser destruída (Mateus 10:28). Com base em evidências bíblicas, por vezes nephesh e psuche podem referir-se a toda a pessoa, ao passo que noutros casos o termo se limita a aspectos particulares do homem, como afeições, apetites, emoções e sentimentos. O corpo e a alma existem em conjunto; ambos formam uma união indivisível. A alma não possui consciência separada do corpo.
Espírito – No Antigo Testamento, o termo hebraico ruach é traduzido como espírito, e se refere à energizante centelha de vida que é essencial à existência de um indivíduo. Trata-se do princípio vital que anima os seres humanos. Esse termo hebraico ocorre 377 vezes no Antigo Testamento, e com maior freqüência é traduzido como “espírito”, “vento” ou “fôlego” (Gênesis 8:1). Tem ainda outros significados, como coragem (Josué 2:11), vitalidade (Juízes 15:19), disposição (Isaías 54:6), sede das emoções (1 Samuel 1:15). O ruach do homem e o dos animais são idênticos (Eclesiastes 3:19), no sentido de respiração.
No Novo Testamento, a palavra equivalente a ruach é pneuma, “espírito”, proveniente de pneu, “soprar” ou “respirar”. Não há nada em ruach, como também em pneuma, que possa denotar uma entidade capaz de existência consciente separada do corpo. Tal como ocorre com ruach, pneuma é devolvida a Deus por ocasião da morte. (Lucas 23:46; Atos 7:59). O livro Estudos Bíblicos, à p. 364, esclarece:
“O espírito de vida por meio do qual o homem vive, e que só lhe é emprestado por Deus, por ocasião da morte volta ao grande Autor da vida. Tendo vindo de Deus, a Ele pertence, e o homem só o pode ter eternamente como dom divino, por Jesus Cristo (Rm 6:23). Quando o espírito volta para Deus, o pó – de que o homem foi feito ‘alma vivente’ no princípio -, volta ao que era, à terra, e a pessoa não mais existe como ser vivo, consciente e pensante, exceto como existe na mente, plano e propósito de Deus, por Jesus Cristo, na ressurreição.”
Fonte: Biblia.com.br