Por Arthur L. White
Em seus escritos, Ellen White fez uso de diferentes traduções da Bíblia no inglês disponíveis em seus dias. Não obstante, ela não fez comentários diretos sobre os méritos dessas versões, mas fica claro em sua prática que ela reconhecia os benefícios de fazer o melhor uso de cada uma das versões. O que ela escreveu estabelece uma base ampla para se fazer uma abordagem aberta às muitas traduções do texto sagrado.
Como parte da visão do Grande Conflito de 4 de março de 1858, ela recebeu uma visão sobre a preservação da Bíblia, a qual é apresentada no capítulo “Morte, não vida eterna em miséria” (EW 218 – 222). Esta declaração antecipada é significativa:
“Vi então que Deus sabia que Satanás experimentaria todo o artifício para destruir o homem; portanto fez com que Sua Palavra fosse escrita, e esclareceu de tal maneira os Seus propósitos com relação à raça humana que nem o mais fraco precisa errar. Depois de haver dado Sua Palavra ao homem, preservou-a cuidadosamente da destruição por Satanás e seus anjos, ou por qualquer de seus agentes ou representantes. Conquanto outros livros pudessem ser destruídos, este deveria ser imortal. E, próximo do fim do tempo, quando aumentassem os embustes de Satanás, deveria ser multiplicado de tal maneira que todos os que o quisessem poderiam ter dele um exemplar, e poderiam, assim desejando, armar-se contra os enganos e prodígios de mentira de Satanás.
Vi que Deus havia de uma maneira especial guardado a Bíblia, ainda quando da mesma existiam poucos exemplares; e homens doutos nalguns casos mudaram as palavras, achando que a estavam tornando mais compreensível, quando na realidade estavam mistificando aquilo que era claro, fazendo-a apoiar suas estabelecidas opiniões, que eram determinadas pela tradição. Vi, porém, que a Palavra de Deus, como um todo, é uma cadeia perfeita, prendendo-se uma parte à outra, e explicando-se mutuamente. Os verdadeiros inquiridores da verdade não devem errar; pois não somente é a Palavra de Deus clara e simples ao explanar o caminho da vida, mas o Espírito Santo é dado como guia na compreensão do caminho da vida ali revelado.” – EW 220, 221 (1SG 116, 117).
- C. White, seu filho, relatou o seguinte com relação à postura de Ellen White quanto à Versão Revisada Inglesa de 1880:
“Antes que a versão revisada fosse publicada, houve vazamentos da parte do comitê a respeito das mudanças que pretendiam fazer. Trouxe algumas delas à atenção da minha mãe e ela me deu informações muito surpreendentes a respeito dessa versão da Bíblia. Isso me levou a acreditar que, quando a versão revisada chegasse às nossas mãos, ela seria de grande benefício para nós” – W. C. White, DF 579 (1931); Ministry, abril, 1947, p. 17.
É significativo que, logo em seguida à publicação da Versão Revisada Inglesa, Ellen White passou a fazer uso dela em seus livros, assim como também da Versão Revisada Americana Padrão, ao ser disponibilizada em 1901. Também é significativo que quatro importantes declarações de Ellen White a respeito da Bíblia e seus escritores foram escritas nessa mesma década, da publicação das versões revisadas do Novo e Antigo Testamentos.
A versão revisada do Novo Testamento foi publicada em 1881, e a do Antigo Testamento, em 1885. É interessante notar que na década em que surgiram essas versões, vários artigos foram publicados na Review and Herald de maneira bastante casual, apresentando aos Adventistas do Sétimo Dia o que estava envolvido na revisão – o progresso do trabalho, sua recepção, sua relação com a versão King James e seu valor para nós. A maioria dos artigos foram reimpressões de outros jornais:
- 11 de março, 1880 (p. 167), “The Revised Bible.”
- 8 de fevereiro, 1881 (p. 87), “Different Versions of the Bible” – A historical review.
- 14 de junho, 1881 (p. 377) “The Revised Greek Testament” – A discussion of the Greek texts used in the revision of the New Testament.
- 28 de junho, 1881 (p. 9), “The New Version” – An editorial, probably by Uriah Smith, representing a favorable reaction to the new version.
- 20 de março, 1883 (p. 186), “The New Version vs. the Old” – W. H. Littlejohn answers questions, with favorable reaction.
- 21 de outubro, 1884 (p. 666), “The Revision of the Old Testament Ready for the Press”.
- 8 de fevereiro, 1887 (p. 83), “The Revised Version” – A recommendation from F. D. Starr.
- 11 de junho, 1889 (p.384), “Revision the Scriptures” – A discussion by L. A. Smith of work undertaken by the Baptists to get a satisfactory translation of texts on baptism.
Além desses artigos, há pouco ou nada nas colunas na Review sobre a versão revisada da Bíblia de 1881–1885 e de 1901.
Entre os anos 1886 e 1889, contudo, Ellen White escreveu os quatro artigos mais compreensivos e esclarecedores sobre a natureza e autoridade da Santa Escritura mencionada acima. Estes são os seguintes:
- Em 1886, “Objections to the Biblie”, Ms 24, 1886 (1SM 19 – 21).
- Em 1888, Introduction to The Great Controversy, V-Vii.
- Em 1888, “The Guide Book”, Ms 16, 1888 (1SM 15-18).
- Em 1889, “The Mysteries of the Bible a Proof of Its Inspiration” – 5T 698-711.
A partir desses artigos, fizemos uma seleção de alguns trechos que tornam clara a sua compreensão sobre a escrita e preservação do texto bíblico. Essas considerações evidentemente prepararam o caminho para que ela fizesse uso de várias versões e traduções da Bíblia.
1. Declarações feitas em 1886 – “Objeções à Bíblia”
“As mentes humanas variam. Mentes de educação e pensamento diverso recebem diferentes impressões das mesmas palavras, e difícil é a um espírito transmitir a outro de temperamento, educação e hábitos de pensamento diferentes, através da linguagem, exatamente a mesma idéia que é clara e distinta em seu próprio espírito. Todavia para homens sinceros, retos de espírito, ele pode ser tão simples e claro que comunique sua intenção para todos os fins práticos. […]
Os escritores da Bíblia tiveram de exprimir suas idéias em linguagem humana. Ela foi escrita por seres humanos. Esses homens foram inspirados pelo Espírito Santo. Devido a imperfeições da compreensão humana da linguagem, ou da perversidade da mente humana, hábil em fugir à verdade, muitos lêem e entendem a Bíblia de maneira a se agradarem a si mesmos. Não é que a dificuldade esteja na Bíblia. Adversários políticos questionam pontos de lei no livro dos estatutos, e tomam atitudes opostas em sua aplicação, e nessas leis. […]
A Bíblia não nos é dada em elevada linguagem sobre-humana. A fim de chegar aos homens onde eles se encontram, Jesus revestiu-Se da humanidade. A Bíblia precisa ser dada na linguagem dos homens. Tudo quanto é humano é imperfeito. Significações diversas são expressas pela mesma palavra; não há uma palavra para cada idéia distinta. A Bíblia foi dada para fins práticos. […]
A Bíblia foi escrita por homens inspirados, mas não é a maneira de pensar e exprimir-se de Deus. Esta é da humanidade. Deus, como escritor, não Se acha representado. Os homens dirão muitas vezes que tal expressão não é própria de Deus. Ele, porém, não Se pôs à prova na Bíblia em palavras, em lógica, em retórica. Os escritores da Bíblia foram os instrumentos de Deus, não Sua pena. Olhai os diversos escritores.” – MS 24, 1886 (1SM 19-21)
2. Declarações feitas em 1888 – Introdução ao Grande Conflito
“A Bíblia aponta a Deus como seu autor; no entanto, foi escrita por mãos humanas, e no variado estilo de seus diferentes livros apresenta as características dos diversos escritores. As verdades reveladas são todas dadas por inspiração de Deus (2 Timóteo 3:16); acham-se, contudo, expressas em palavras de homens. O Ser infinito, por meio de Seu Santo Espírito derramou luz na mente e no coração de Seus servos. Deu sonhos e visões, símbolos e figuras; e aqueles a quem a verdade foi assim revelada, corporificaram, eles próprios, o pensamento em linguagem humana.
Os Dez Mandamentos foram proferidos pelo próprio Deus, e escritos por Sua própria mão. São de composição divina e não humana. Mas a Bíblia, com suas verdades dadas por Deus expressas na linguagem dos homens, apresenta uma união do divino com o humano. Tal união existia na natureza de Cristo, que era o Filho de Deus e o Filho do homem. Assim, é verdade quanto à Bíblia, como acerca de Cristo, que ‘o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós’. João 1:14
Escritos em diferentes séculos, por homens que diferiam largamente em posições e em ocupação, bem como nos dotes mentais e espirituais, os livros da Bíblia apresentam vasto contraste no estilo, assim como diversidade quanto à natureza dos assuntos desenvolvidos. Formas diferentes de expressão foram empregadas pelos vários escritores; muitas vezes a mesma verdade é apresentada de maneira mais impressionante por um que por outro. […]
Deus foi servido de comunicar Sua verdade ao mundo mediante instrumentos humanos, e Ele próprio, por Seu Santo Espírito, habilitou e autorizou homens a fazerem Sua obra. Ele guiou a mente na escolha do que dizer e do que escrever. O tesouro foi confiado a vasos de barro, todavia não é por isso menos do Céu. O testemunho é transmitido mediante a imperfeita expressão da linguagem humana, e não obstante é o testemunho de Deus; e o obediente, crente filho de Deus nele contempla a glória do poder divino, cheio de graça e de verdade.
Em Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o conhecimento necessário à salvação. As Santas Escrituras devem ser aceitas como autorizada e infalível revelação de Sua vontade. Elas são a norma do caráter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da experiência. Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2 Tm 3:16, 17).” – Introdução de O Grande Conflito vi-vii. (escrito em Healdsburg, California, maio de 1888)
3. Declarações feitas em 1888 – “O Livro Guia”
“Este Livro Santo tem resistido aos assaltos de Satanás, que se tem unido com homens maus para envolver em névoas e escuridão tudo quanto é de caráter divino. O Senhor, porém, tem guardado este Livro Santo em sua forma atual mediante o miraculoso poder dEle — uma carta ou guia para a família humana a fim de mostrar-lhe o caminho do Céu. […]
Alguns nos olham seriamente e dizem: “Não acha que deve ter havido algum erro nos copistas ou da parte dos tradutores?” Tudo isso é provável, e a mente que for tão estreita que hesite e tropece nessa possibilidade ou probabilidade, estaria igualmente pronta a tropeçar nos mistérios da Palavra Inspirada, porque sua mente fraca não pode ver através dos desígnios de Deus. Sim, com a mesma facilidade tropeçariam em fatos simples que a mente comum aceita e em que discerne o Divino, e para quem as declarações de Deus são simples e belas, cheias de essência e riqueza. Mesmo todos os erros não causarão dificuldade a uma alma, nem farão tropeçar os pés de alguém que não fabrique dificuldades da mais simples verdade revelada.
Deus confiou o preparo de Sua Palavra divinamente inspirada ao homem finito. Esta Palavra, arranjada em livros — o Antigo e o Novo Testamentos — é o guia para os habitantes de um mundo caído, a eles legado para que, mediante o estudar as direções e obedecer-lhes, alma alguma perdesse o caminho do Céu. […]
Tomo a Bíblia tal como ela é, como a Palavra Inspirada. Creio nas declarações de uma Bíblia inteira. Levantam-se homens que julgam ter alguma coisa a criticar na Palavra de Deus. Eles a expõem diante de outros como prova de superior sabedoria. Esses homens são, muitos deles, inteligentes, instruídos, possuem eloqüência e talento, homens cuja vida toda é desassossegar espíritos quanto à inspiração das Escrituras. Influenciam muitos a ver segundo eles próprios vêem. E a mesma obra é transmitida de um para outro, da mesma maneira que Satanás designou que fosse, até que possamos ver plenamente o sentido das palavras de Cristo: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na Terra?” Lucas 18:8 […]
Os homens devem deixar que Deus cuide de Seu próprio Livro, Seus oráculos vivos, como Ele tem feito por séculos. Eles começam a pôr em dúvida algumas partes da revelação, e acham falhas nas aparentes incoerências desta e daquela declaração. Começando em Gênesis, eles rejeitam aquilo que julgam questionável, e sua mente os leva adiante, pois Satanás levará a qualquer extensão a que eles o sigam em sua crítica, e vejam alguma coisa de que duvidar em todas as Escrituras. Suas faculdades de crítica são aguçadas pelo exercício, e não podem repousar em nada com certeza. Procurais raciocinar com esses homens, mas é tempo perdido. Eles exercerão sua capacidade de ridículo mesmo sobre a Bíblia. Tornam-se até zombadores, e ficariam surpreendidos se os fizésseis ver as coisas por esse aspecto.
Irmãos, apegai-vos à Bíblia, tal como ela reza, parai com vossas críticas relativamente a sua validade, e obedecei à Palavra, e nenhum de vós se perderá. O engenho dos homens se tem exercitado através dos séculos para medir a Palavra de Deus por sua mente finita e limitada compreensão. Se o Senhor, o Autor das Sagradas Escrituras, retirasse a cortina e revelasse Sua sabedoria e Sua glória perante eles, reduzir-se-iam a nada, e exclamariam como Isaías: ‘Sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios’ (Is 6:5)”. – Ms 16, 1888; (1SM 1558). (Escrito em Minneapolis, Minnesota, no outono de 1888.)
4. Declarações feitas em 1889 – “Os Mistérios da Bíblia”
Todos os que se aproximam da Bíblia com espírito dócil e devoto, para estudar suas expressões como a Palavra de Deus, receberão iluminação divina. Há muitas coisas aparentemente difíceis ou obscuras que Deus tornará claras e simples aos que assim buscarem compreendê-las. […]
Julgam muitos que repousa sobre eles a responsabilidade de explicar todas as aparentes dificuldades da Bíblia, a fim de enfrentar as cavilações dos céticos e infiéis. Mas, procurando explicar aquilo que compreendem apenas imperfeitamente, acham-se em perigo de confundir a mente dos outros com referência a pontos claros e facilmente compreensíveis. Não é esta nossa obra. Tampouco devemos lamentar que existam essas dificuldades, mas aceitá-las como foram permitidas pela sabedoria de Deus. É dever nosso receber Sua Palavra, que é clara em todos os pontos essenciais à salvação da alma, e praticar seus princípios em nossa vida, ensinando-os a outros, tanto pelo preceito como pelo exemplo. […]
Meus irmãos, que a Palavra de Deus permaneça exatamente tal qual é. Que nenhuma sabedoria humana presuma diminuir a força de uma só declaração das Escrituras.” – T5 704-706, 711.
Alguns Comentários Posteriores – 1889 e 1901
“Deus teve testemunhas fieis a quem Ele confiou a verdade e que preservaram a Palavra de Deus. Os manuscritos hebraicos e gregos das Escrituras têm sido preservados ao longo das eras por um milagre de Deus” – Carta 32, 1899.
“O Senhor fala aos seres humanos em linguagem imperfeita, a fim de os sentidos degenerados e a percepção terrena dos homens possam compreender Suas palavras. Nisso se revela a condescendência de Deus. Ele vai ao encontro dos seres humanos caídos onde eles se encontram. A Bíblia, perfeita como é em toda a sua simplicidade, não responde ao pensamento grandioso de Deus, pois ideias infinitas não podem ser perfeitamente incorporadas em veículos finitos de pensamento. Em lugar der serem exageradas as expressões da Bíblia, como muitas pessoas supõem, as expressões fortes se enfraquecem ante a magnificência da ideia, embora o escritor divino tenha selecionado a linguagem mais expressiva através da qual transmitir as verdades do ensino superior. Os seres pecadores só podem suportar olhar para a sombra do brilho da glória celeste” – 1SM 22.
O Uso das Versões Revisadas por Ellen White
Como observado anteriormente, Ellen White utilizou ocasionalmente versões revisadas, bem como os comentários nas margens, em quase todos seus livros publicados após 1885, ano em que a versão revisada completa em inglês foi publicada.
Em O Grande Conflito, publicado em 1888, ela utilizou sete textos da versão revisada recém-publicada, e os comentários que ficam nas margens, para outros oito textos. A proporção da versão revisada e dos comentários é muito pequena quando consideramos que há mais de 850 passagens citadas em O Grande Conflito, ou uma média de pouco mais de um texto da Bíblia por página, enquanto há aproximadamente um texto da versão revisada e um comentário para cada cem páginas.
Em 1901, foi publicada a Versão Americana Revisada, a partir dessa data descobrimos que Ellen White empregou ocasionalmente tanto a Versão Revisada Inglesa, quanto a Versão Revisada Americana.
Em 1911, quando O Grande Conflito foi reeditado, Ellen White retirou seis ou sete textos previamente citados da Versão Revisada Inglesa. Outro texto, ela substituiu pela Versão Revisada Americana. Os oito comentários marginais foram utilizados como na edição anterior.
Na publicação do livro A Ciência do Bom Viver (1905), Ellen White utilizou oito texto da Versão Revisada Inglesa, 55 da Versão Revisada Americana, dois de Leeser e quatro de Noyes, além de sete comentários marginais.
Outros volumes nos quais os textos da versão revisada frequentemente aparecem são: Patriarcas e Profetas (1890); Caminho a Cristo (1892); O Maior Discurso de Cristo (1896); O Desejo de Todas as Nações (1898); Educação (1903); e Testemunhos para a Igreja, vol. 8 (1904).
Os livros de Ellen White que usam algumas versões revisadas ou comentários marginais são: Parábolas de Jesus (1900); Testemunhos para a Igreja, vol. 7 (1902); Testemunhos para a Igreja, vol. 9 (1909); Atos dos Apóstolos (1911); Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes (1913); Obreiros Evangélicos (1915); e Profetas e Reis (1917).
Patriarcas e Profetas (1890) também contêm duas citações da tradução de Bernard e pelo menos uma da versão Boothroyd. Educação (1903) contém pelo menos uma citação da tradução de Rotherham.
Nos cinco volumes da série O Grande Conflito, encontramos as versões revisadas. Como era de se esperar, os volumes que fazem uma exposição da verdade bíblica e lidam com pontos de doutrina, ou ensinamentos de Cristo, contêm mais textos citados das versões revisadas do que os volumes de conselhos à igreja e os que apresentam grandes porções de descrições históricas. Nos três volumes do Comprehensive Index to the Writings of Ellen G. White, o uso de versões revisadas está indicado no índice de textos bíblicos.
Quanto à postura de Ellen White em relação às revisões de 1885 e 1901, e quanto ao seu próprio uso em pregações e escritos, seu filho, W. C. White, que era intimamente associado a ela em seu ministério público e na preparação e publicação de livros, escreveu em 1931:
“Eu não sei de nada nos escritos de E. G. White, nem me lembro de nada nas conversas da irmã White, que indicasse haver algum mal no uso da Versão Revisada. […]
Quando a primeira revisão foi publicada, eu comprei uma boa cópia e dei de presente para a Mãe. Ela se referia a essa cópia ocasionalmente, mas nunca a usou em suas pregações. Mais tarde, quando os manuscritos estavam sendo preparados para os novos livros e para edições revisadas de livros já impressos, de tempos em tempos eu e a irmã Marian Davis chamamos a atenção da irmã White pelo fato de que ela estava usando textos que foram traduzidos de maneira muito mais clara na Versão Revisada. A irmã White estudou cada caso cuidadosamente, e em alguns deles ela nos instruiu a aderir à Versão Autorizada.
Quando Testemunhos para a Igreja, vol. 8, foi impresso e parecia apropriado fazer algumas citações longas dos Salmos, foi apontado à irmã White que a Versão Revisada desses Salmos era preferível, e que por usar a forma de versos sem rimas, as passagens eram mais claras. A irmã White considerou deliberadamente o assunto e nos instruiu a usar a Versão Revisada. Ao estudar essas passagens, verá que o número de lugares onde a Versão Revisada é utilizada é amplo, e a Versão Autorizada é usada onde a tradução parece ser melhor.
Não podemos encontrar em nenhum dos escritos da irmã White, ou em minha memória, nenhuma condenação à Versão Revisada Americana das Escrituras Sagradas. As razões da irmã White para não utilizar a Versão Revisada Americana no púlpito são as seguintes:
Há muitas pessoas na congregação que se lembram das palavras dos textos conforme apresentadas na Versão Autorizada, e lê-los na Versão Revisada as levaria a questionar por que a redação do texto foi mudada pelos revisores e por que está sendo usada pelo orador.
Ela não me aconselhou a não usar de forma alguma a Versão Revisada Americana, mas me sugeriu que seria melhor não o fazer, pois o uso do texto diferente trouxe perplexidade aos membros mais antigos da congregação.” – White Estate DF 579; Ministry, abril, 1947, p. 17, 18.
Os extratos citados acima mostram a posição de Ellen White sobre questões como a transmissão do Texto Sagrado, a união do divino com o humano no registro escrito da revelação de Deus ao homem e também sua relação com as várias traduções das Sagradas Escrituras.
Arthur L. White, 9 de dezembro, 1953
Ellen G. White Estate
Washington, D. C
Revisado em janeiro, 1990