Departamento de Saúde da CG da IASD pronuncia-se sobre dúvidas quanto a vacinação.

Os Adventistas do Sétimo Dia olham para a vinda de Jesus como o grande culminar da História e o término de toda a doença, todo o sofrimento e da morte. Simultaneamente, a nós foi confiada a mensagem Adventista de saúde, corporizada e expandida nos escritos de Ellen White, que resumem a vida saudável através de comportamentos de estilo de vida práticos e integrais.

Nós defendemos todas estas práticas para manter um sistema imunitário saudável, o que ainda é mais necessário perante a pandemia. Ellen White foi não só um canal inspirado de informação sobre a saúde muito à frente do seu tempo, como também modelou prevenção prática para fazer face à doença morta da sua era, a Varíola, e foi ela própria imunizada, bem como os seus próximos. (1) Hoje, a Varíola foi globalmente erradicada.

Esperamos que este artigo responda a questões, acalme receios e resolva alguns dos mitos e rumores prevalentes, e, desta forma, traga paz ao coração dos nossos membros, à medida que tomam as suas decisões de saúde, guiados pelos seus prestadores de saúde.

Há rumores e teorias da conspiração que usam a vacina para a COVID-19 como uma interpretação e/ou cumprimento da profecia. Pedimos ao Instituto de Pesquisa Bíblica da Conferência Geral que comentasse a este respeito e a resposta foi a que se segue:

“A turbulência global causada pela pandemia da COVID-19 gerou uma especulação considerável ??relacionada com os eventos do tempo do fim e interpretações erradas da Bíblia. Uma perspetiva recente, divulgada nas redes sociais e em alguns sítios da Internet, defendeu a tese de que as próximas vacinas produzidas para combater a COVID-19 fazem parte de um processo de controlo que levará à aplicação da marca da besta.

No entanto, deve ter-se em atenção que os Adventistas têm a convicção de que o conflito do tempo do fim se focará na Lei de Deus, e, particularmente, no quarto mandamento (Ap. 14:12). Para além disso, a mensagem do terceiro anjo alertará contra o recebimento da marca (Ap. 14: 9-11) e iluminará a humanidade relativamente às questões envolvidas.
Por essa razão, deve ficar claro que os Adventistas do Sétimo Dia entendem que a “marca da besta” não é uma marca literal, mas um sinal de lealdade que identifica o portador como leal ao poder representado pela besta.
De uma perspetiva distinta, outra visão especulativa argumenta que as vacinas tornam impuros aqueles que as tomam porque, supostamente, substâncias impuras são usadas para produzi-las. A este respeito, deve ser esclarecido que as instruções bíblicas permanentes que proíbem o consumo de comida e sangue impuros (Lv. 11: 1-20; 17: 11-12; At. 15:20) não se aplicam às vacinas, pela razão óbvia de que as vacinas são produzidas como medicamentos para salvar vidas, não para servir de alimento.
Especulações como essas trazem descrédito à Palavra de Deus e causam confusão entre os crentes sinceros, mas menos informados. Usar a introdução de uma vacina para despertar um cenário escatológico de proporções espirituais e cósmicas, ou para se opor a ela com base numa interpretação errada das Escrituras, apenas distrai os crentes sinceros das reais questões proféticas e do compromisso da Igreja Adventista de proclamar o Evangelho.
Desejavelmente, uma vacina eficaz ajudará a travar a atual pandemia. Isso protegerá a vida daqueles que ainda precisam de conhecer o Evangelho, bem como daqueles que já aceitaram o Evangelho e são, portanto, encarregados da proclamação do amor infinito de Deus a um mundo sofredor (Jo. 3:16). ”(2)

O Ministério Adventista da Saúde está firmemente baseado na Bíblia e na instrução do Espírito de Profecia por meio de Ellen White, e está em consonância com a ciência da saúde revista por pares e baseada em provas. Contamos com essas bases para formular abordagens e conselhos de saúde. Com milhões de infetados, muitos mortos e número crescente de infeções no Globo, várias vacinas foram desenvolvidas em tempo recorde. Existem inúmeras perguntas que as pessoas estão a colocar em relação à vacina contra a COVID-19.
Como Igreja, embora apoiemos recomendações de saúde pública baseadas em evidências, também temos o cuidado de não fazer pronunciamentos que possam ser interpretados como substitutos das diretrizes nacionais e internacionais de saúde pública. Por este motivo, é importante que os nossos comentários sejam entendidos dentro da estrutura de nossa posição oficial da Igreja sobre imunização:

“IMUNIZAÇÃO
A Igreja Adventista do Sétimo Dia coloca uma forte ênfase na saúde e no bem-estar. A ênfase Adventista na saúde é baseada na revelação bíblica, nos escritos inspirados de Ellen White (cofundadora da Igreja) e na literatura científica revista por pares. Como tal, encorajamos a imunização/vacinação responsável e não temos motivo religioso ou baseado na fé para não encorajar os nossos crentes a participarem responsavelmente em programas de imunização protetora e preventiva. Valorizamos a saúde e a segurança da população, que inclui a manutenção da “imunidade de grupo”.
Nós não somos a consciência individual do membro de Igreja individual e reconhecemos as opções pessoais. Essas são exercidas pelo indivíduo. A escolha de não ser imunizado não é e não deve ser vista como um dogma nem como uma doutrina da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Texto original em: https://www.adventist.org/articles/immunization/

Houve esforços para estabelecer uma abordagem confiável, baseada em evidências, para o tratamento da COVID-19. Além disso, e em tempo recorde, foram produzidas vacinas que estão a ser usadas agora para ajudar a controlar a pandemia. No entanto, as pessoas têm dúvidas e preocupações em relação às vacinas contra a COVID-19.
A autorização de uso de emergência para a vacina Pfizer/BioNtech foi concedida a 2 de dezembro, no Reino Unido, e a 9 de dezembro no Canadá. Nos EUA, a vacina Pfizer foi revista pela Food and Drug Administration (FDA) e autorizada provisoriamente a 9 de dezembro. A vacina Moderna seguir-se-á.
A Escola de Saúde Pública da Universidade Loma Linda (LLUSPH) e Michael Hogue, Reitor da Faculdade de Farmácia de Loma Linda, que exerce funções na Comissão Consultiva sobre Práticas de Imunização para Vacinas COVID-19 dos Centro de Controlo de Doenças dos EUA (CDC) e no Grupo de Trabalho para as Vacinas COVID-19 do Condado de San Bernardino, na Califórnia, partilharam as suas reflexões sobre as perguntas mais frequentes sobre as vacinas Pfizer/BioNtech e Moderna, que surgem como respostas e explicações abaixo:

Perguntas e Factos sobre a Vacina

Pergunta: A vacina de mRNA (ácido ribonucléico mensageiro) muda o DNA?
FACTO: Ambas as vacinas referenciadas são baseadas em mRNA, o que é uma novidade em vacinas, mas a tecnologia tem sido usada em tratamentos médicos nos últimos quinze anos. A vacina entra no citoplasma de uma célula (o fluido dentro da célula), onde estimula a produção de anticorpos para combater a proteína spike do SARS-CoV-2. Uma vez que não entra no núcleo da célula hospedeira, não altera o DNA ou a estrutura/função genética.
Pergunta: Pode ser segura e eficaz, já que foi desenvolvida tão rapidamente?
FACTO: Devido à tecnologia atual, o vírus SARS-CoV-2 foi sequenciado poucos dias após a sua identificação e o trabalho para uma vacina foi iniciado de imediato. O tamanho da amostra para o grande estudo é de 40 000 pessoas (o tamanho médio da amostra do estudo de vacinas da FDA é geralmente de apenas 27 000). Passaram dois meses de um estudo de dois anos. Os dados estão a ser monitorizados cuidadosamente.
A primeira dose mostrou uma proteção da resposta imune de 50 por cento. A segunda dose atingiu 95% de proteção! (Apenas a vacina da hepatite A é mais alta, com praticamente 100 por cento de proteção.) O estudo foi bem elaborado e representou a demografia dos EUA de perto, com exceção dos nativos americanos (e o estudo em andamento está a trabalhar para corrigir isso). A eficácia e os efeitos colaterais foram semelhantes em todos os grupos étnicos.
Pergunta: Os ingredientes e os conservantes da vacina são perigosos?
FACTO: Não há conservantes nessas duas vacinas COVID-19 e é por isso que elas exigem alto congelamento/estruturas de congelamento para armazenamento e transporte. A vacina é cuidadosamente purificada.
Pergunta: Quais são os efeitos colaterais?
FACTO: Até agora, 10 por cento dos indivíduos relataram febre no segundo dia e, em 24 horas, 50-60 por cento relataram sentir “dores”. Até agora, houve muito poucos efeitos colaterais graves com a vacina Pfizer/BioNtech, incluindo três casos de reações alérgicas significativas (anormalmente baixo; provavelmente devido ao não uso de conservantes).
O Dr. Hogue comentou ainda que, se uma pessoa já testou COVID-19 positivo no passado, essa pessoa pode ainda receber a vacina; simplesmente aumentará os níveis dos seus anticorpos. Ele também destacou que tomar a vacina nos EUA é voluntário, não obrigatório. (N.d.t.: O mesmo acontece em Portugal.)
A eficácia das vacinas Pfizer/BioNtech e Moderna é semelhante, mas não são intercambiáveis ??(se uma pessoa começa com uma, a segunda dose tem que ser da mesma marca). Para a vacina Pfizer, há um intervalo de 21 dias entre as duas doses; relata-se que, para a vacina Moderna, o intervalo será de 28 dias entre as doses. A vacina não está autorizada para uso durante a gravidez ou em menores de 16 anos.

Conclusão
A imunização, tal como o saneamento e a água potável, tem sido fundamental para a maior longevidade observada em todo o mundo onde essas intervenções foram aplicadas. As vacinas são usadas há muito tempo por membros da Igreja Adventista em todo o mundo. Juntamente com boas práticas de saúde, eles forneceram proteção contra muitas infeções e preveniram doenças e morte.
À medida que testemunhamos a magnitude global da pandemia – mortes, deficiências e efeitos de longo prazo do COVID-19 que estão a surgir em todas as faixas etárias –incentivamos os nossos membros a considerarem a imunização responsável e a promoção e facilitação do desenvolvimento do que é comumente denominada imunidade de grupo (imunidade comunitária pré-existente de aproximadamente 80 por cento dos indivíduos, como resultado de infeção anterior e/ou vacinação).
Reiteramos: A DECISÃO DE SER IMUNIZADO OU NÃO É ESCOLHA DE CADA INDIVÍDUO, E DEVE SER TOMADA EM CONSULTA COM SEU PRESTADOR DE SAÚDE. A PESQUISA PESSOAL SOBRE O ASSUNTO É IMPORTANTE. CONFIAMOS DEFINITIVAMENTE EM SEGUIR AS SEGUINTES PRÁTICAS DE SAÚDE BÍBLICA E O ESPÍRITO DE PROFECIA, E SEGUIR A LIDERANÇA DE DEUS NAS NOSSAS VIDAS, O QUE NOS TRARÁ PAZ E SEGURANÇA NA NOSSA TOMADA DE DECISÕES.
1. D. E. Robinson, uma das secretárias de Ellen White, a 12 de junho de 1931, escreveu o seguinte sobre a atitude da Sra. White em relação à vacinação contra a Varíola:
“Pedem-me informações definitivas e concisas sobre o que a irmã White escreveu sobre vacinação e soro. Esta pergunta pode ser respondida muito brevemente, pois, até onde temos existe registo, ela não se referiu a eles em nenhum dos seus escritos.
No entanto, ficará interessado em saber que, num momento em que havia uma epidemia de varíola nas proximidades, ela própria foi vacinada e pediu aos seus colaboradores, aqueles relacionados com ela, que fossem vacinados. Ao dar esse passo, a irmã White reconheceu o facto de que está provado que a vacinação ou torna a pessoa imune à varíola ou diminui muito os seus efeitos se a pessoa a contrar. Ela também reconheceu o perigo de exporem outras pessoas se não tomarem essa precaução.
D. E. Robinson”
(Mensagens Escolhidas, livro 2, p. 303).
2. Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, dezembro de 2020.

Conferência Geral
Vacina CoViD-19: Relativamente a Preocupações e Oferecendo Conselho
Silver Springs, Maryland, EUA
Departamento de Saúde da Conferência Geral / Instituto de Pesquisa Bíblica da Conferência Geral / Faculdade de Farmácia e Escola de Saúde Pública da Universidade de Loma Linda
18 de dezembro de 2020