Amalgamação de homens e animais
Críticos têm acusado Ellen White de haver escrito em 1864 (e publicado novamente em 1870) que seres humanos no passado coabitaram com animais e que sua descendência produziu determinadas raças que existem hoje em dia. A declaração reza “Mas se havia um pecado acima de outros que exigia a destruição da raça pelo dilúvio, era o nefando crime de amalgamação de homens e animal, que desfigurava a imagem de Deus, e causava confusão por toda parte. Era propósito de Deus destruir por um dilúvio aquela poderosa de longeva raça que havia corrompido seus caminhos diante do Senhor.” 1
Nenhum dicionário jamais usou a palavra “amalgamação” para descrever a coabitação de homem com animal. A acepção primária da palavra descreve a fusão de metais ou a mistura de elementos diferentes, como a usada para obturar os dentes. O emprego da palavra no século dezenove incluía a miscigenação de diversas raças.
Aceita como verdadeira, a declaração da escritora pode parecer ambígua: o que ela quer dizer com “amalgamação de homem com animal”? ou “amalgamação de homem e de animal”? Omite-se muitas vezes a repetição da preposição em construção semelhante. 2
Em outras ocasiões, a Sra. White empregou a palavra “amalgamação”. Utilizou-a metaforicamente para comparar crentes fiéis com mundanos . 3 E usou-a para descrever a origem das plantas venenosas e outras irregularidades no mundo biológico: “Cristo nunca plantou as sementes da morte no organismo. Satanás plantou essas sementes quando tentou Adão a comer da árvore do conhecimento, que implicava em desobediência a Deus. Nenhuma planta nociva foi colocada no jardim do Senhor, mas depois que Adão e Eva pecaram, nasceram ervas venenosas. … Todo joio é semeado pelo maligno. Toda erva nociva é de sua semeadura, e por seus métodos engenhosos de amálgama ele corrompeu a Terra com joio.” 4
Reconhecendo que Satanás tem sido um agente ativo na corrupção do plano de Deus para o homem, para os animais, para as plantas, etc., podemos entender melhor o que Ellen White quis dizer quando descreveu os resultados da amalgamação. Aquilo que “desfigurou a imagem de Deus” no homem e que “confundiu as espécies [animais]” tem sido obra de Satanás em cooperação com os seres humanos. Essa “amalgamação de homem e [de] animal, conforme se pode ver nas quase infinitas variedades de espécies animais e em certas raças humanas”, torna-se incompreensível.
A Sra. White nunca sugeriu a existência de seres subumanos ou qualquer tipo de relação híbrida animal/homem. Ela falou sobre “espécies animais” e “raças humanas”, mas não sobre algum tipo de amálgama de animais com seres humanos. 5
Reconhecemos, porém que estudantes sérios dos escritos de Ellen White divergem sobre o que ela queria dizer por “amalgamação.” 6 “A responsabilidade da prova repousa sobre aqueles que afirmam que a Sra. White deu ao termo um novo e estranho significado.” 7
Para adicionais estudos sobre este tema, veja “Amalgamação” na Biblioteca de Referência.
Notas:
1 Spiritual Gifts, vol. 3, p. 64. “Cada espécie de animal que Deus criou foi preservada na arca. As confusas espécies que Deus não criou, mas que foram resultado de amalgamação, foram destruídas pelo dilúvio. Desde o dilúvio tem havido amalgamação de homem e animal, conforme se pode ver nas quase infinitas variedades de espécies de animais e em certas raças humanas” – p. 75.
2 “Podemos falar da dispersão de homem e animal sobre a Terra, mas não queremos dizer com isso que no passado homem e animal estavam fundidos numa só massa num só ponto geográfico. Queremos dizer apenas a dispersão do homem sobre a Terra e a dispersão dos animais sobre a Terra, embora a localização original dos dois grupos possa ter sido em lados opostos da Terra. Em outras palavras, a dispersão de homem e de animal.” Francis D. Nichol, Ellen G. White and Her Critics, p. 308.
3 “Os que professam ser seguidores de Cristo devem ser instrumentos vivos, que cooperem com as inteligências celestiais; mas pela união com o mundo, o caráter do povo de Deus ficou embaciado; pela amalgamação com o que é corrupto, o puro ouro perde o seu brilho” Review and Herald, Aug. 23,1892; veja também The Spirit of Prophecy, vol. 2, p. 144; e Meditação Matinal (1983) Olhando para o Alto , p. 318.
4 Mensagens Escolhidas, vol 2, p. 288.
5 Não temos evidência de que Ellen White tenha lido o livro de Alexander Kimmount, Twelve Lectures on the Natural History of Man, publicado em 1839, pp. 152 e 153, que nos dá outro exemplo de como a palavra “amalgamação” era usada no tempo dela. “Outro tipo de mal resultante de misturar ciência com religião, para prejuízo de ambas, pode ser visto no argumento em favor da amalgamação das raças africanas e européias, na base de serem uma só família, pela descendência de Adão e Eva. … Cabe à ciência, bem como aos instintos e sentimentos comuns da humanidade, dizer se não há uma raça de homens de temperamento tão diferente para se proibir como nefando e antinatural, a amalgamação delas”.
6 Para um exame contemporâneo das duas interpretações, ver Gordon Shigley, “Amalgamation of Man and Beast: What Did Ellen White Mean?”, Spectrum, junho de 1982, pp. 10-19.
7 Nichol, Ellen G. White and Her Critics, p. 308.
Fonte: [Adaptado do livro: Mensageira do Senhor: O ministério profético de Ellen G. White, de Herbert E. Douglass (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), p. 498].
Declarações sobre astronomia
Tem-se chamado a atenção para as declarações que parecem mostrar que Ellen White cometeu graves erros em questões científicas. Os profetas não são chamados para atualizar enciclopédias e dicionários. Nem devem os profetas (nem ninguém mais) ser condenados “por causa de uma palavra” (Is 29:21). Se os profetas fossem obrigados a manter os mais elevados padrões de exatidão científica (de poucos em poucos anos esses “padrões” se modificam, mesmo para os especialistas), teríamos que rejeitar Isaías por fazer referências “aos quatro cantos da Terra” (Is 11:12) e a João por escrever que viu “quatro anjos em pé nos quatro cantos da Terra” (Ap 7:1).
Alguns apontam para a frase “assim como a Lua e as estrelas de nosso sistema planetário resplandecem pela luz refletida do Sol” para acusar Ellen White de ser indigna de confiança em questões científicas. 1 Mas a maioria dos leitores reconheceria a palavra “estrelas”, em vez de “planetas de nosso sistema solar”, como uma descrição não técnica facilmente entendida pelos leigos.
Alguns têm declarado que Ellen White se enganou quando supostamente afirmou que havia visitado um “mundo que tinha sete luas”, 2 e que os planetas visitados eram Júpiter e Saturno. Na verdade, ela nunca designou pelo nome o “mundo que tinha sete luas”. Mas há algo mais nessa história.
Menos de três meses depois de Tiago White e ela se casarem em 1846, Ellen teve uma visão na casa de Curtis em Topsham, Maine, na presença de José Bates. Embora Bates tivesse visto Ellen White em visão diversas ocasiões, ainda lhe restavam dúvidas a respeito de seu dom profético. A visão de Topsham o convenceu de que “a obra é de Deus”. 3 Tiago White relatou que, nesta visão, a Sra. White for a “guiada até os planetas Júpiter, Saturno e, creio eu, mais outro. Depois da visão, ela conseguiu apresentar clara descrição de suas luas, etc. É fato bem conhecido que ela não sabia nada de astronomia nem conseguia responder uma única pergunta sobre planetas antes desta visão”. 4
O que convenceu a Bates, o velho capitão da marinha e astrônomo amador, que Ellen White era “de Deus”? Após a visão, ela descreveu o que havia visto. Sabendo que ela não tinha conhecimentos de astronomia, Bates exclamou: “Isto procede do Senhor.”
Obviamente, o que Bates ouviu correspondia a seu conhecimento acerca do que os telescópios mostravam em 1846. É quase certo que essa visão foi dada na presença de Bates para infundir nele maior confiança no ministério de Ellen White. Se ela tivesse mencionado o número de luas revelado pelos modernos telescópios, parece claro que as dúvidas de Bates teriam sido confirmadas. 5
Notas:
1 Educação, p. 14 (a mesma declaração em O Desejado de Todas as Nações, p. 465).
2 Primeiros Escritos, p. 40. Esta visão foi descrita pela primeira vez na carta-circular À aqueles que estão recebendo o selo do Deus vivo, publicada primeiramente em 31 de janeiro de 1849.
3 A Word to the Little Flock, p. 21, citado em Ellen G. White and Her Critics, p. 581 de F. D. Nichol.
4 Ibidem., p. 22. Ellen White escreveu: “Tive uma visão da glória de Deus e, pela primeira vez me foram mostrados outros planetas” – Life Sketches, p. 97 ( Vida e Ensinos, p. 88); ver também Spiritual Gifts, vol. 2, p. 83). Primeiros Escritos, p. 40. Ver pp. 144 e 145.
5 Informação adicional a respeito desta visão de 1846 encontra-se em Loughborough, The Great Second Advent Movement, pp. 257-260. Para uma discussão de como a lembrança de Loughborough de sua conversa com Bates muitos anos antes se encaixa nesse memorárel momento para Bates, ver Nichol, Ellen G. White and Her Critics, pp. 93-101.
Fonte: [Adaptado do livro: Mensageira do Senhor: O ministério profético de Ellen G. White , por Herbert E. Douglass (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), pp. 490-491].
A morte vinda dos cosméticos?
Num artigo que descreve modas prejudiciais à saúde, Ellen G. White incluiu a seguinte declaração a respeito das perigosas modas passageiras:
“Muitos estão, sem o saber, prejudicando sua saúde e colocando sua vida em perigo pelo uso de cosméticos. Estão roubando de suas faces o rubor da saúde, e então para suprir a deficiência usam maquiagem. Quando seu corpo se aquece durante a dança, o veneno é absorvido pelos poros da pele, sendo assim derramado na corrente sangüínea. Dessa maneira, muitas vidas têm sido sacrificadas” (The Health Reformer, outubro de 1871).
Alguns têm se perguntado como poderia somente o uso de cosméticos vir a ser fatal. Em nossos dias, com as normas para a segurança do consumidor e os testes realizados pelo governo, reações adversas aos cosméticos são essencialmente limitadas à irritação da pele e alergias. Mas este não era o caso no século 19, como mostra o boletim ao consumidor emitido pela U.S. Food and Drug Administration: “O cosmético europeu conhecido como cerusa era usado fielmente – e fatalmente, porque era essencialmente carbonato básico de chumbo – por mulheres ricas desde o século II até o século XIX, para fazer suas faces parecerem pálidas conforme a moda” (Dori Stehlin, FDA Consumer, novembro de 1991; revisado em maio de 1995).
Em 1871, quando Ellen White preparava o artigo em questão, “esmaltar” era a última moda cosmética, “que não é nada menos que pintar a face com tinta de chumbo, e para este propósito são usados os venenosos sais de chumbo” (Sara Chase, M.D. in The Health Reformer, outubro de 1871, p. 125). Outra mistura mortal eram cosméticos vermelhos, feitos de sulfeto de mercúrio. Num ambiente como este, não é de se surpreender que Ellen White devesse alertar seus leitores para a realidade e as ameaças à saúde apresentadas por tais produtos.
Perigos físicos e espirituais da masturbação ou “abuso próprio”
Poucos tópicos têm gerado mais ridicularização por parte dos críticos do que as declarações de Ellen White a respeito do “abuso próprio”, “vício solitário”, “auto-satisfação”, “vício secreto”, “poluição moral”, etc. Ellen White nunca empregou o termo “masturbação”.
A primeira referência que ela fez a este assunto apareceu num livreto de 64 páginas intitulado An Appeal to Mothers , em abril de 1864, nove meses depois de sua primeira visão abrangente sobre saúde. Dedicadas em grande parte à masturbação, as páginas 5 a 34 foram de sua própria pena; o restante consistiu de citações de autoridades médicas. 1
Ellen White não disse que todas as conseqüências potencialmente sérias da masturbação, nem mesmo que a maior parte delas, aconteceriam a cada indivíduo que tivesse este hábito. Nem disse que o maior grau possível de uma grave conseqüência aconteceria à maioria daqueles que o praticavam.
Pesquisas modernas indicam que as veementes declarações de Ellen White podem ser confirmadas quando o que ela disse é devidamente compreendido. O ponto de vista geral hoje em dia, contudo, é que a masturbação é normal e saudável.
Dois médicos especialistas sugeriram uma ligação entre a masturbação e anormalidades físicas devido à deficiência de zinco. O Dr. David Horrobin, M.D. e Ph.D. pela Universidade de Oxford, declarou:
“A quantidade de zinco no sêmen é tanta que é possível uma ejaculação eliminar todo o zinco que pode ser absorvido pelos intestinos em um dia. Isto tem diversas conseqüências. A menos que a quantidade perdida seja substituída com uma dieta reforçada, as repetidas ejaculações podem levar a uma deficiência real de zinco e vários problemas podem ocorrer, incluisive a impotência”.
“É até possível, dada a importância do zinco para o cérebro, que os moralistas do século dezenove estivessem corretos quando diziam que a masturbação repetidal poderia deixar alguém louco!” 2
Uma pesquisa mais recente confirmou o papel fundamental do zinco como principal protetor do sistema imunológico, com inúmeras doenças físicas atribuídas à sua deficiência.
Dois profissionais na área de psicologia clínica e terapia familiar compararam as declarações de Ellen White sobre masturbação com o conhecimento médico atual. 3
O Dr. Richard Nies defendeu o conselho geral de Ellen White sobre masturbação, realçando quatro pontos principais:
01. A masturbação leva a “deterioração mental, moral e física. … Não é a estimulação em si que é errada. É o que acontece com … [as pessoas] quando elas se concentram em si mesmas e se tornam egocêntricas.”
02. A masturbação “avaria as mais finas sensibilidades de nosso sistema nervoso. … Não é difícil ver, em termos da mediação elétrica de nosso sistema nervoso, como a doença se torna um resultado natural para indivíduos que colocaram a satisfação própria no centro de seu ser. … A doença é o resultado natural disto.”
03. A masturbação é uma predisposição que pode ser “herdada, passada e transmitida de uma geração a outra, podendo levar mesmo à degeneração da raça”.
04. Ao tratar com outros, especialmente com crianças, o conselho de Ellen White vai na direção de lidar com as conseqüências, de mostrar-lhes que devemos estar preparados para o amor e para a eternidade, e não para a gratificação própria com suas terríveis conseqüências. O Dr. Nies concluiu seu ensaio afirmando que “satisfação própria é sinônimo de destruição.”
Alberta Mazat observou que a preocupação de Ellen White a respeito de masturbação se concentrava mais nas conseqüências mentais do que no “ato puramente físico. Ela estava mais preocupada com processos de pensamento, atitudes, fantasias etc.” Mazat citou as referências de Ellen White para o fato de que “os efeitos não são os mesmos em todas as mentes”, que “pensamentos impuros tomam e controlam a imaginação”, e que a mente “adquire prazer em contemplar cenas que despertam paixões baixas”.
Mazat observou também que alguns talvez fiquem embaraçados com as declarações chocantes de Ellen White a respeito de masturbação. Contudo, muitas outras declarações da Sra. White também pareciam “irrealistas e exageradas antes de a ciência confirmá-las, como por exemplo o câncer ser causado por vírus, os perigos do fumo, do comer em excesso, do consumo exagerado de gordura, açúcar e sal, para citar somente algumas. … Parece que vale a pena lembrarmos que o conhecimento médico em qualquer assunto não é perfeito.” 4
Visto sob outra perspectiva, Deus sempre confirma o ideal para o Seu povo através de Seus mensageiros. Não importa como alguém reaja ao conselho específico de Ellen White, claramente a masturbação não era o que Deus tinha em mente quando Ele criou o homem e a mulher, uniu-os em casamento, e então instruiu-os para serem frutíferos e multiplicarem-se. O ideal de Deus no que diz respeito à sexualidade é o relacionamento de amor dentro do casamento entre marido e mulher. Qualquer outra coisa, incluindo a masturbação, fica aquém do ideal de Deus.
Notas:
1 An Appeal to Mothers foi reimpresso em 1870 como parte de uma obra maior, A Solemn Appeal Relative to Solitary Vice and Abuses and Excesses of the Marriage Relation. Uma reimpressão fac-similar aparece no Appendix de A Critique of Prophetess of Health (do Ellen G. White Estate).
2 David F. Horrobin, M.D., Ph.D., Zinc (St. Albans, Vt.: Vitabooks, Inc., 1981), p. 8. Ver também Carl C. Pfeiffer, Ph. D., M.D., Zinc and Other Micro-Nutrients (New Canaan, Conn.: Keats Publishing, Inc., 1978), p. 45.
3 Richard Nies, Ph.D. em psicologia experimental pela UCLA em 1964 (o equivalente a Ph.D. equivalente em psicologia clínica, incluindo exame oral, mas morreu durante a preparação da dissertação), Palestra “Dai Glória a Deus,” Glendale, Calif., n.d.; Alberta Mazat, M.S.W. (professora de Terapia Conjugal e Familiar na Loma Linda University, Loma Linda, Calif.), Monografia, “Masturbação” (43 pp.), Biblical Research Institute.
4 Mazat, Monografia, “Masturbação”.
Fonte: [Adaptado de Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor: o ministério profético de Ellen White (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2001), pp. 493, 494, com comentários adicionais].
Vulcões
Alguns alegam que as declarações de Ellen White a respeito da causa dos vulcões refletiam os mitos e pensamentos fantasiosos de antigas teorias. Os escritos dela contêm oito conceitos relevantes 1 que têm sido debatidos desde que apareceram pela primeira vez em 1864. 2
A lista inclui: 1.) a formação de veios carboníferos acha-se relacionada com o Dilúvio; 2.) carvão produz óleo; 3.) a combustão de carvão e óleo acende fogos subterrâneos; 4.) a água adicionada aos fogos subterrâneos produz explosões e, por conseguinte, terremotos; 5.) terremoto e atividade vulcânica são produtos desses fogos subterrâneos; 6.) calcário e minério de ferro estão relacionados com veios carboníferos e depósitos de óleo em chamas; 7.) o ar é envolvido em intenso calor; 8.) os depósitos de carvão e óleo são encontrados depois que os fogos subterrâneos desaparecem. 3
Muitas são as teorias que procuram explicar as causas dos vulcões e terremotos, bem como a formação de óleo e carvão. A maioria dos cientistas de física terrestre baseia suas idéias na placa tectônica. Nada nos comentários de Ellen White rejeita essa teoria. Além disso, nada em seus escritos declara que todos os vulcões são o produto da combustão de jazidas carboníferas ou que todos os terremotos são provocados por fogos subterrâneos. Quando ela relaciona terremotos e vulcões, alguém pensa imediatamente no “cinturão de fogo” do Oceano Pacífico e seu elevado potencial para desastres de ambas as modalidades.
Apesar disso, cientistas notáveis têm confirmado as observações de Ellen White. Otto Stutzer, em seu livro Geology of Coal, “documentou que “fogos subterrâneos” em veios carboníferos são acesos por combustão espontânea, trazendo como resultado o derretimento das rochas próximas que são classificadas como depósitos pseudovulcânicos” 4 Stutzer mencionou diversos exemplos dessa atividade, inclusive “uma montanha em chamas”, um afloramento que “durou mais 150 anos” e “o calor de um veio carbonífero em chamas [que] foi usado para aquecer estufas naquela região, de 1837 a 1868.” 5 Existe confirmação moderna para a ignição do carvão e do óleo com seu componente sulfúrico “visto ao redor de erupções de fontes termais, gêisers, fumarolas vulcânicas”. 6
Referências às rochas “que descansam sobre o carvão que sofreu considerável alteração por causa dos fogos, sendo solidificado e parcialmente derretido”, estão correlacionadas com a declaração de Ellen White de que “rochas são aquecidas, queimada a pedra de cal e derretido o minério de ferro”. 7 Outra pesquisa no Oeste dos Estados Unidos chegou a conclusões e linguagem muito semelhantes à dos escritos de Ellen White de um século anterior: “A rocha derretida se parece com escória de carvão queimado ou lava vulcânica”. 8
Uma última acusação tem sido a de que o minério de ferro derretido não é encontrado em ligação com depósitos de carvão e óleo ardentes. Contudo, um ensaio do United States Geological Survey registra a descoberta da hematita (um minério de ferro) que tem sido “formada de algum modo por intermédio do carvão em chamas”. 9
A sugestão de que Ellen White ficou em débito a fontes existentes para sua informação científica é sem mérito, porque parte desta verificação só veio a ser conhecida muitos anos depois da morte dela. Além disso, “é muito mais provável que ela tenha recorrido às idéias publicadas por criacionistas de sua época sobre o assunto, uma vez que os pontos de vista deles eram relíquias de especulações cosmológicas absurdas”. 10
Notas:
1 Ver Warren H. Johns, “Ellen G. White and Subterranean Fires, Part 1,” Ministry, agosto de 1977, pp. 9-12.
2 Spiritual Gifts, vol. 3, pp. 79-80 (1864); ver também The Spirit of Prophecy, vol. 1, pp. 82 e 83 (1870); Signs of the Times, 13 de março de 1879; Patriarcas e Profetas, pp. 108 e 109 (1890); Manuscrito 21, 1902, citado em Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 7, pp. 946 e 947.
3 Johns, “Ellen G. White and Subterranean Fires, Part 1,” Ministry, agosto de 1977, p. 6.
4 Otto Stutzer, Geology of Coal, traduzido por Adolph Noe (Chicago: University of Chicago Press, 1940), pp. 309 e 310, citado em Johns (Parte 1) ibid., p. 19.
5 Johns, “Ellen G. White and Subterranean Fires, Parte 2,” Ministry, outubro de 1977, p. 20.
6 Ibidem. Ver também Thomas Gold, Profesor Emeritus of Astromomy at Cornell University, “Earthquakes, Gases, and Earthquake Prediction” (1994), no site: www..people.cornell.edu/pages/tg21/Earthq.html.
7 Stutzer, Geology of Coal, p. 310; Patriarcas e Profetas, p 108, citado em Johns, “Ellen G. White and Subterranean Fires, Part 2,” Ministry, outubro de 1977, p. 20.
8 E. E. Thurlow, “Western Coal,” Mining Engineering, 26 (1974), pp. 30-33, citado em Johns (Parte 2) Ministry, outubro de 1977, p. 21.
9 G. Sherburne Rogers, “Baked Shale and Slag Formed by the Burning of Coal Beds,” U. S. Geological Survey Professional Paper, 108-A (1918), citado em Johns (Parte 2) Ministry, outubro de 1977, p. 21.
10 Johns, “Ellen G. White and Subterranean Fires, Part 2,” Ministry, outubro de 1977, p. 22. “As minas de carvão da Alemanha tornaram-se uma autêntica mina de ouro num estudo das declarações científicas de Ellen White, indicando a mistura do divino com o humano dum modo singular”. Ibidem p. 22.
Fonte: [Adaptado do livro: Mensageira do Senhor: O ministério profético de Ellen G. White, por Herbert E. Douglass, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), pp. 492 e 493].
“Cinturinha de vespa” é herdada?
Ellen G. White freqüentemente chamava a atenção para o assunto de como o cristianismo prático se relaciona com a moda. Ela afirmou que é uma obrigação o fato da pessoa vestir-se de maneira saudável e não ser um escravo dos ditames da “moda”. Como outros reformadores da saúde de seus dias, Ellen White protestou energicamente contra a prática insalubre do “espartilho” associado ao uso do corpete. Ela escreveu:
“Os espartilhos que estão mais uma vez sendo usados para comprimir a cintura é um dos aspectos mais preocupantes no vestuário feminino. A saúde e a vida estão sendo sacrificadas no intuito de obedecer a uma moda que é desprovida de verdadeira beleza e conforto. A compressão da cintura enfraquece os músculos dos órgãos respiratórios; atrapalha o processo de digestão; o coração, o fígado, os pulmões, o baço, e o estômago são amontoados num pequeno espaço, impedindo a ação saudável destes órgãos. …
“Ao amarrar o corpo, os órgãos internos das mulheres são comprimidos fora de suas posições. É raro encontrar uma mulher que esteja completamente saudável. A maioria delas têm várias doenças. Muitas têm enfrentado problemas de fraqueza e tem tido muita dor. Estas mulheres vestidas elegantemente não podem transmitir boa constituição para seus filhos. Algumas mulheres têm naturalmente cinturas pequenas. Mas ao invés de se considerar tais formas como bonitas, elas devem ser vistas como defeituosas. Estas “cinturas de vespa” podem ter sido transmitidas a elas por suas mães, como resultado de sua indulgência na prática corrompida do uso de espartilho, e em conseqüência de respiração imperfeita. As pobres crianças nascidas destas miseráveis escravas da moda têm diminuída a sua vitalidade, e estão predispostas a contrair doenças. As impurezas retidas no organismo em conseqüência da respiração imperfeita são transmitidas para sua descendência” (Review and Herald, 31 de outubro de 1871).
Alguns têm questionado a credibilidade de Ellen White por sugerir a possibilidade de que algumas mulheres podem ter herdado cinturas pequenas de suas mães – como se ela estivesse reivindicando revelação divina neste ponto. Sua declaração cautelosa, qualificada (“podem ter herdado”) indica que ela não estava alegando revelação neste ponto. Mesmo que ela estivesse equivocada em sua compreensão de como algumas pessoas podem ter adquirido suas deformidades físicas, isto não nega os princípios de saúde que ela estava defendendo, ou a sabedoria de seu conselho para que as mulheres abandonassem tais práticas insalubres.
Perucas e insanidade?
Na edição de outubro de 1871 de The Health Reformer, 1 Ellen White escreveu sobre “condescendências prejudiciais” que militam contra os mais elevados interesses e felicidade das mulheres. Entre essas “condescendências”, ela incluía as perucas que, “cobrindo a base do cérebro, aquecem e estimulam os nervos espinhais que se centralizam no cérebro”. Como resultado de “seguir esta moda deformadora”, disse ela, “muitas perderam a razão e chegaram a um estado de insanidade sem esperança”.
No contexto das perucas confortáveis de hoje, os críticos tendem a ridicularizar esta declaração. Mas a Sra. White fazia referência a um produto inteiramente diferente. As perucas que ela descrevia eram “ramalhetes monstruosos de cabelos encaracolados, algodão, plantas marinhas, lã, barba-de-velho, e outras numerosas abominações”. 2 Certa senhora disse que sua cabeleira gerava “um grau antinatural de calor na parte posterior da cabeça”, e produzia “uma incômoda dor de cabeça durante todo o tempo que era usada”.
Um outro artigo de The Health Reformer (citando o Marshall Statesman e o Springfield Republican ) descrevia os perigos de se usar “perucas de juta” – perucas feitas da casca de uma árvore escura e fibrosa. Ao que parece, essas perucas estavam freqüentemente infestadas de “percevejos da juta”, pequeninos insetos que se enterravam sob o couro cabeludo. Certa senhora relatou que sua cabeça ficou em carne viva, e seu cabelo começou a cair. Teve todo o coro cabeludo “perfurado por esses parasitas escavadores”. “A mulher… é representada como quase louca devido ao terrível sofrimento, e à expectativa de morte horrível que os médicos parecem incapazes de evitar”. 3
Com relatos como este na imprensa, é fácil entender por que Ellen White advertia as mulheres contra os possíveis perigos de usar perucas e procurar “acompanhar a volúvel moda, apenas para criar sensação”. 4
Notas:
1 The Health Reformer , outubro de 1871, pp. 120 e 121.
2 Ibidem , julho de 1867.
3 Ibidem , janeiro de 1871.
4 Ibidem , outubro de 1871.