Seria a Bíblia o produto de uma congregação de cientistas e filósofos com a ajuda do suposto “Deus” Judeu?

Alberto R. Timm

Os adeptos da “alta crítica” e do “método crítico-histórico” de interpretação bíblica obliteram o elemento sobrenatural das Escrituras. As profecias bíblicas são por eles consideradas como sendo escritas após os eventos preditos por elas terem sido cumpridos. Os relatos dos milagres bíblicos, por sua vez, são tidos como meras ilustrações retóricas de realidades espirituais. Conseqüentemente, a Bíblia não é mais considerada por tais indivíduos como uma revelação proposicional e normativa de Deus para os seres humanos, mas simplesmente como o produto da própria cultura religiosa em que foi concebida.

Mesmo refletindo componentes das várias culturas daquela época, a própria Bíblia reivindica para si a prerrogativa de ser a revelação divina para os seres humanos de todas as épocas e lugares. Centenas de vezes aparecem, ao longo do texto bíblico, expressões como “assim diz o Senhor”, “palavra do Senhor” e outras similares, para confirmar que o conteúdo transmitido pelo profeta era resultante de uma comunicação proposicional da parte de Deus (ver Hb 1:1 e 2). Em I Pedro 1:20 e 21 é dito que “nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”.

Que o conteúdo das Escrituras não era normativo apenas para a cultura daquela época é evidente na própria comissão deixada por Cristo: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações…; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:19-20). Cristo não teria comissionado os Seus seguidores a ensinar a “todas as nações” se tais ensinos não fossem normativos para todas essas nações!

Com base no que a Bíblia diz a respeito de si mesma, somos levados a crer que ela não é um simples produto da cultura religiosa ou filosófica daquela época. Ela é, em realidade, a revelação proposicional e normativa de Deus, em linguagem humana, a todos os seres humanos de todos os tempos e lugares. Mas essa pressuposição básica não nos deve impedir de fazermos uma cuidadosa distinção entre os princípios universais e as aplicações temporais desses princípios encontrados no conteúdo das Escrituras.


Fonte: Sinais dos Tempos, fevereiro de 1999, p. 29 (usado com permissão)