Suplemento – Declarações, Diretrizes e Outros Documentos
Igreja Adventista do Sétimo Dia

1997

Declaração sobre Abuso Sexual

O abuso sexual infantil ocorre quando uma pessoa mais velha e mais forte do que a criança usa seu poder, autoridade ou posição para envolver o menor em comportamento ou atividade sexual. O incesto, uma forma específica de abuso sexual infantil, é definido como qualquer atividade sexual entre uma criança e um dos pais, um irmão ou irmã, um membro da família ou um parente substituto ou por afinidade.

Os que abusam sexualmente podem ser homens ou mulheres, de qualquer idade, nacionalidade ou classe social. Geralmente são homens casados, que têm filhos, empregos respeitáveis e frequentam regularmente a igreja. É comum aos ofensores negar com veemência sua conduta abusiva e recusam ver suas ações como um problema. Racionalizam seu comportamento ou colocam a culpa em alguém ou em alguma coisa. Embora seja verdade que muitos abusadores exibam comportamento inseguro e baixa auto-estima, tais problemas jamais devem ser aceitos como uma desculpa para o abuso sexual de uma criança. A maioria dos especialistas concordam que o assunto do abuso tem mais a ver com o desejo de controle e poder do que de sexo propriamente dito.

Quando Deus criou a família humana, Ele estabeleceu o casamento entre um homem e uma mulher com base no amor e na confiança mútua. Esse relacionamento ainda é designado para prover o alicerce de uma família estável e feliz, na qual a dignidade, o valor e a integridade de cada membro da família são protegidos e mantidos. Cada criança quer seja menino ou menina deve ser considerado um dom de Deus. É dado aos pais o privilégio e responsabilidade de prover alimento, proteção e cuidado físico aos filhos que lhes foram confiados por Deus. As crianças devem honrar e respeitar os pais e confiar neles ou em outros membros da família, sem o risco de sofrer abuso.

A Bíblia condena firmemente o abuso sexual infantil e considera qualquer tentativa de confundir, macular ou denegrir os limites de gênero, através de comportamento sexual abusivo, como um ato de traição e uma forte violação da personalidade. Também condena abertamente abuso de poder, autoridade e responsabilidade porque isso fere os mais profundos sentimentos de suas vítimas acerca de si mesma, de outros e de Deus e prejudica sua capacidade de amar e confiar. Jesus foi enfático quando condenou a ação de qualquer um que fizer tropeçar a um desses pequeninos.

A comunidade cristã adventista não é imune à ocorrência de abuso sexual infantil. Cremos que as doutrinas da fé adventista requerem que estejamos ativamente envolvidos nessa prevenção. Somos também comissionados a dar assistência espiritual aos indivíduos abusadores e aos que sofrem o abuso e também às suas famílias no processo de recuperação e cura. Profissionais da igreja e leigos devem ter a responsabilidade de manter seu comportamento como é apropriado a pessoas em posição de liderança espiritual e confiança.

Como Igreja, cremos que nossa fé nos conclama a:

  1. Manter os princípios de Cristo nos relacionamentos familiares nos quais o respeito próprio, a dignidade e a pureza das crianças sejam reconhecidos como ordenanças divinas.
  2. Prover uma atmosfera onde a criança que sofreu abuso possa se sentir segura ao relatar sobre o abuso sexual sofrido e sinta que alguém a atenderá.
  3. Manter-se completamente informado sobre o abuso sexual e seu impacto na própria igreja local.
  4. Ajudar os pastores e membros leigos a reconhecer os avisos de advertência sobre a ocorrência de abuso sexual e saber como responder adequadamente quando houver suspeita de abuso ou a criança relatar que está sendo abusada sexualmente.
  5. Estabelecer relacionamentos de referência com conselheiros profissionais e agências locais que cuidam de casos de abuso. Suas habilidades profissionais podem ajudar as vítimas de abuso e seus familiares.
  6. Criar diretrizes/procedimentos e níveis apropriados para assistir os líderes em:
    1. Empenhar-se em tratar com imparcialidade as pessoas acusadas de abusar sexualmente das crianças.
    2. Responsabilizar os abusadores por suas ações e administrar a disciplina adequada.
  7. Apoiar a educação e o enriquecimento das famílias através de:
    1. Rejeitar crenças e culturas religiosas que podem justificar ou proteger o abuso sexual infantil.
    2. Construir um senso saudável de valor pessoal em cada criança capacitando-a a sentir respeito por si mesma e pelos outros.
    3. Promover relacionamentos cristãos entre homens e mulheres no lar e na igreja.
  8. Prover apoio afetivo em um ministério redentivo baseado na fé, dentro da comunidade da igreja, para as vítimas do abuso e para os abusadores habilitando-os a ter acesso a uma rede de recursos profissionais na comunidade.
  9. Incentivar o treinamento de mais especialistas na área familiar para facilitar o processo de recuperação e cura das vítimas e dos perpetradores.

(A declaração acima formou-se a partir dos princípios expressos nas seguintes passagens escriturísticas: Gên. 1:26-28; 2:18-25; Lev. 18:20; II Sam. 13:1-22; Mat. 18:6-9; I Cor. 5:1-5; Efés. 6:1-4; Col. 3:18-21: I Tim. 5: 5-8.)


Esta declaração foi votada durante a Sessão do Comitê Executivo da Associação Geral, na terça-feira, 10 de abril, 1997, em Loma Linda, Califórnia.

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