DECLARAÇÕES DE EGW SOBRE MASTURBAÇÃO 

Roger W. Coon 

 

INTRODUÇÃO: 

  1. Categorias de Declarações de EGW Relacionados a Assuntos Científicos – Modelo M. G. Hardinge: 
    1. Declarações geralmente contraditadas pela ciência de seus dias, mas que hoje são geralmente confirmadas pela investigação científica. 
    2. Declarações em harmonia com o pensamento contemporâneo de seu dia a dia, que ela confirmou, e que provaram ser verdadeiros e sólidos ao decorrer do tempo. 
    3. Declarações sobre ideias não discutidas em sua época, que vieram em forma de “nova luz”. 
    4. Declarações em harmonia com o pensamento contemporâneo de seu dia a dia, mas que hoje a ciência tende a repudiar. 
  1. Ellen White e Atitudes Vitorianas referente a Assuntos Sexuais: 
    1. EGW viveu e escreveu dentro do que é geralmente denominada como a “Era Vitoriana.” 
      1. Todos os profetas vivem dentro de um contexto histórico em certa medida são “historicamente condicionados.” 
        1. Todo profeta é, em certa medida e grau, “um filho de sua época.”
          • Ele/ela reflete o meio em que cresceu e viveu. 
        1. Adventistas geralmente não acreditando, portanto, que o profeta era totalmente dominado pelos tempos em que ele/ela viveu(ra) quanto a ser um “infeliz, indefeso, desesperançoso cativo” de seus tempos. 
          • A influência sobrenatural do Espírito Santo habilitou os profetas a transcender sua época, de se elevar acima deles, e declarar a palavra de Deus e sua vontade que frequentemente eram diametralmente opostas ao meio contemporâneo.
      1. A era vitoriana foi caracterizada por vezes por uma reticência (e muitas vezes um purismo) em tratar com assuntos intimamente pessoais, como a sexualidade humana. 
      2. Então, compreensivelmente, EGW reflete as atitudes e expressões predominantes nessas áreas. E se referindo a práticas masturbadoras – orgasmos sexuais autoiniciados, ou, para usar o termo de Havelock Ellis, “autoerotismo” – ela muitas vezes usava eufemismos como:  
        1. “Self-abuse.” [traduzido como: “vício da masturbação”, “masturbação”, “abuso próprio”, etc…] 
        2. “Solitary vice.” [traduzido como: “vício secreto”]  
        3. “Secret vice” [traduzido como: “vício”, “masturbação”, “vício secreto”, etc…] 
        4. “Moral pollution” [traduzido como: “poluição moral”] etc. 
    1. A sua opinião (negativa) sobre masturbação refletiam com precisão as da maior parte da sociedade em seus dias. 
    2. Essas opiniões são provavelmente uma exibição clássica da categoria quatro de Hardinge (visto acima): 
      1. De todas as 15 ou 16 declarações de assuntos científicos que, hoje, parecem à primeira vista ser “fora da caixinha”, nenhuma é mais comumente rejeitada – tanto dentro da igreja quanto fora – por cientistas médicos, comportamentalistas e sociólogos quanto às declarações acerca da masturbação. 
      2. Típica, talvez, é a posição de Harrison S. Evans, M.D., anteriormente presidente do departamento de psiquiatria, e reitor da escola de medicina da universidade de Loma Linda, como consta na revista médica, Os Aspectos médicos da Sexualidade Humana (1967):
        • “Não se acredita que a masturbação seja uma fonte de dano para a criança fisicamente ou mentalmente. Não tem um efeito enfraquecedor sobre o corpo ou a mente. Não suga nenhuma da energia vital como as “histórias da carochinha” tendem a sugerir. A masturbação, como fase de experiência pode na verdade ter um efeito benéfico no desenvolvimento emocional da criança visto que permite estabelecer com segurança os órgãos genitais dentro do esquema corporal para que possa posteriormente, em um momento apropriado, serem prontamente ativados e usados em uma forma heterossexual normal como parte de um casamento normal. É minha opinião que para você como pai, a reação apropriada seja aceitar esse comportamento como essencialmente normal.”

        • (Citado na transcrição da aula gravada em Glendale, California, sem data, apresentado por Richard Nies, Ph.D., psicólogo clínico, p. 5, 6, intitulado “Give Glory to God.” [Daí Glória a Deus]) 

  1. POSIÇÃO DE ELLEN WHITE SOBRE A MASTURBAÇÃO 

    1. A primeira visão principal sobre a reforma de saúde foi dada no 6 de junho de 1863, na casa do leigo Aaron Hilliard, em Otsego, Michigan. 
      1. Uns 10 meses depois, ela publicou sua primeira obra sobre saúde, An Appeal to Mothers [Um Apelo às Mães] (abril, 1864, 64 p.) O título “A Grande Causa da Ruína Física, Mental e Moral de Muitas das Crianças de Nossa Época”  
        • O material nas páginas 5-34 foi da caneta de EGW; o resto consistia em citações de várias autoridades médicas contemporâneas.
      2. Esse material foi republicado (1870) como parte de um trabalho muito maior: Um Apelo Solene Relativo ao Vício Solitário e aos Abusos e Excessos de Relações Matrimoniais. 
    2. Em 1951 o White Estate publicou a compilação de “Declarações de Ellen G. White sobre o Vício Secreto em Ordem Cronológica”: 
      1. Documento datilografado contendo 66 páginas. 
      2. A primeira declaração feita em abril de 1864 vem do Appeal to Mothers. 
      3. A declaração final é do manuscrito 47, 1896. 
      4. Tratamento oficial do assunto, hoje, aparece em: 
        1. Orientação da Criança [10a ed. 2021] p. 305-318 
        2. Testemunhos para a Igreja 2 [2a ed. 2021] p. 288-293 (Conselhos sobre Saúde [2007] p. 615-622; Testemunhos Seletos 1 [2004] p. 256-263) 
        3. Testemunhos para a Igreja 2 [2a ed. 2021] p. 298-300 
        4. Testemunhos para a Igreja 2 [2a ed. 2021] p. 321-338 
        5. Testemunhos para a Igreja 2 [2a ed. 2021] p. 383-385 
        6. Testemunhos para a Igreja 2 [2a ed. 2021] p. 392-394 
    3. Em suas declarações, EGW descreve em detalhes clínicos algumas das potenciais consequências desta prática (a qual, segundo ela, está “matando milhares e dezenas de milhares” – Testemunhos para a Igreja 4 [2007] p. 97, 1876), em relação com a saúde mental, física e moral. 
    4. O seguinte é uma síntese/resumo de suas principais afirmações sobre o assunto:
      1. MASTURBAÇÃO: Ellen White falou de masturbação sob eufemismos Vitorianos como “secret vice” ou “solitary vice.” E, em vários lugares, ela referiu-se ao ato como a morte de milhares e dezenas de milhares.1 Além de danificar os olhos2, músculos3, fígado e rins4, as costas5, a coluna vertebral6, os nervos7 e os pulmões8. Pode causar inúmeras dores no sistema corporal, incluindo reumatismo e neuralgia9, fatiga e dores de cabeça10, enfraquecimento geral11, câncer12, doenças de quase qualquer descrição13, e finalmente, morte14. Os efeitos na mente e cérebro são particularmente devastadores15, especialmente na capacidade de entorpecer e parcialmente paralisar16. O intelecto é afetado17 com a possibilidade de um-terço a metade de ele ser destruído18. A imaginação é danificada19, a memória torna-se “vento”20 e a inabilidade de focar e se concentrar nos pensamentos aumenta21. Algumas crianças podem até serem consideradas portadoras de demência22, visto que a imbecilidade é um resultado dessa prática23. A nitidez do efeito mostra-se na diminuição das energias vitais24, e na destruição da saúde25. A personalidade é afetada (aliada a outros problemas) tais como: a produção de melancolia, irritabilidade e inveja26. O caráter pode ser danificado na medida que a prática cria um desgosto pelo trabalho de qualquer tipo27, as sensibilidades morais são destruídas28, a consciência é endurecida29, as paixões animais são fortalecidas30, o respeito próprio é em grande parte destruído31, as capacidades de controle-próprio são perdidas32, a força de vontade de formar um bom caráter é perdida33, e a vítima pode ser levada ao crime – mesmo na juventude34. Em adição ao grande sofrimento causado pela culpa e remorso35. A natureza espiritual da vítima é imunizada a influência e apelos celestiais36, e o efeito final é a destruição da imagem de Deus, gradualmente, dentro da alma37.
      2. 14T 97. 22T 404. 3CG 402. 4CG 444. 52T 481. 6CG 444. 74T 97. 8CG 444. 9Ibid. 102T 481. 115T 91 12CG 444. 13CG 444; 2T 391. 14CG 444. 15CG 444; 2T 391. 162T 470. 172T 402, 404. 182T 361. 192T 469-70. 202T 391, 402, 469. 212T 402. 22Ibid. 23Appeal to Mothers, 62. 242T 347. 25CG 457. 262T 392. 272T 481.282T 347. 292T 404. 302T 404-10, 470, 481. 31CG 458; 2T 392. 322T 392. 33CG 445. 342T 404, 406. 352T 392. 36Ibid. 375T 78.[Citações referentes aos textos não traduzidos]
  1. PONTOS DE VISTA CONTEPORÂNEOS

    1. Religioso 
      1. Tim Stafford, em uma reportagem de capa na revista Cristianity Today (2 de outubro, 1987, p. 1, 24-46), “Reclaiming a Christian View of Sex” [Recuperando uma Visão Cristã do Sexo], relata em uma sondagem: 9966 questionários foram enviados possíveis respondentes; 272 foram devolvidos. Respostas foram categorizadas como de um leigo ou pastor. 
      2. Conclusões Tiradas:  
        1. A masturbação não é um pecado, mas definitivamente é vista como um comportamento indesejado.  
        2. Embora a prática não seja nem mencionada nem descrita nas escrituras, a Bíblia apresenta princípios que regem este comportamento (p. 43, 44). 
      3. Quando questionado se o respondente pessoalmente acreditava que a masturbação era “errada”, 
        1. Leigos responderam:     Sim – 31%, Não – 32%, Depende – 37%. 
        2. Pastores responderam: Sim – 30%, Não – 35%, Depende – 35% (p. 33). 
    2. Secular 
      1. A posição de Ann Landers, como indicado na sua coluna sindicalizada (publicada no Napa, CA Registo (Sex., Dec. 17, 1976, p. 24), é relativamente típico: a prática não é “errada;” o único dano é a culpa erroneamente desenvolvida pelo indivíduo que incorretamente acredita que é pecaminoso:
        • A Masturbação é Normal e Sexualmente Saudável
        • Cara Ann Landers: Por favor publique essa carta para que todos a vejam. A masturbação é pecaminosa. Eu a provei e suas consequências foram extremamente prejudiciais. Me fez desconfiado, nervoso, medroso, mau, e extremamente crítico de todos com quem entrava em contato. Devido a esse terrível hábito, o meu julgamento tornou-se deformado, e perdi muitas boas oportunidades que nunca virão novamente.  Por meio de muita oração e engajando-me em exercício físico extenuante recuperei meu equilíbrio mental e espiritual. Estou novamente sereno, gentil, pronto para sorrir e agora consigo aproveitar a amizade das pessoas. Por favor me permita dividir minha mensagem com outros  – Aprendido com experiência
        • Caro “Aprendido”: Se esse é o jeito que você vê sua “experiência”, por mim está tudo bem, mas não há base em fatos para essa declaração que acabas de fazer. A masturbação não é mais considerada pecaminosa por teólogos esclarecidos. E por favor não me diga o que a Bíblia diz sobre Onã “derramar sua semente no chão…” Naqueles dias o mundo precisava de pessoas e gastar sêmen era considerado pecado. Hoje a superpopulação é um dos maiores problemas da humanidade. O nervosismo, medo e “perca de oportunidades” que você acredita terem sido causado pela masturbação foram de fato causados pelo seu sentimento de culpa – não o ato. Todo psicólogo e psiquiatra a quem consultei sobre o assunto da masturbação diz que é normal e pode ser um método saudável de liberar a tensão. É estimado que aproximadamente 95 porcento dos homens se masturbaram a algum ponto de suas vidas, e cerca de 90 porcento das mulheres também fizeram o mesmo. Para indivíduos que acreditam como você, a masturbação é prejudicial, porque não consegue ultrapassar a noção que foi enfiada em suas mentes quando criança. 
    3. Adventista do Sétimo Dia 
      1. Charles O. Wittschiebe, especialista em relações familiares e sexologista, tratou o assunto da masturbação de forma bastante extensa em seus três trabalhos publicados:  
        1. God Invented Sex [Deus Inventou o Sexo] (Nashville: Southern Publishing Association, 1974), Sec. IV “Sexual Distortions,” Capítulo sobre “Masturbação” p. 148-74. 
        2. Teens and Love and Sex [Adolescentes e Amor e Sexo] (Washington, DC: Review 5 Herald Publishing Association,”1082), Cap. 9, “The Seamy Side of Sex” (lida com Molestação, Masturbação, Homosexualidade, e Doenças Venéreas), “Masturbation,” p. 95-97, “Suggestions for Dealing With Masturbation,” p. 97-99. 
        3. Your Teens and Sex (A Parent’s Guide) [Seu Adolescente e o Sexo (um guia para os pais)] (Washington, DC: Review and Herald Publishing Association, 1983), Cap. 15, “Masturbation,” p. 102-14. 
  2. A POSIÇÃO DE ELLEN WHITE PODE SER DEFENDIDA? 

    1. Profissionais da Saúde (não Adventistas do Sétimo Dia): 
      1. Carl C. Pfeiffer, Ph. D.,M.D.:
        1. “Odiamos dizer, mas em um adolescente deficiente em zinco, excitamento sexual e masturbação excessiva pode precipitar a insanidade.” — Zinc and Other Micro-Nutrients [Zinco e Outros Micronutrientes] (New Canaan, CT: Keats Publishing, Inc. 1978), p. 45.
      2. David F. Horrobin M.D., Ph.D.:
        1. “É até possível, devido a importância do zinco para o cérebro, que moralistas do século 19 estavam corretos quando disseram que a masturbação excessiva poderia enlouquecer alguém.” — Zinc [Zinco] (serie: Vitabooks Self-Help Guides [Guias de autoajuda Vitabooks]) (St. Albans, VT: Vitabooks, Inc., 1981), p. 8.
    2. Profissionais de Vida de Família (IASD): 
      1. Richard Nies (1928-1984). Ph.D., Psicologia Experimental, UCLA, 1964. (Dr. Nies também tinha o equivalente de um segundo doutorado em psicologia clínica – fez todo o trabalho do curso e o exame oral final.)
        • Palestra: “Give Glory to God” [“Dai Glória a Deus”], Glendale, CA, sem data, transcrito, 30 páginas, incluindo respostas em uma sessão de perguntas e respostas depois da palestra.) Nies é um de um pequeno grupo de IASD que tentam até parcialmente defender EGW. Incluído no apêndix. Avaliação de Robert W. Olson: Isso talvez seja a melhor apresentação do assunto que alguém já fez” (“Five Problems,” [“cinco problemas”] First Annual White Estate Trustees’ Consultation, Williamsburg, VA, fev. 18, 1983, p. 7).
      2. Alberta Mazat (M. S. W., Universidade de Denver, 1970; professora de terapia matrimonial e familiar, Universidade de Loma Linda):
        • Monografia, Biblical Research Institute, “Masturbation” [“Masturbação”], 43 páginas, sem data, [c. 1983]. Uma tentativa de harmonizar EGW com teorias contemporâneas. Incluído no apêndix.  

 

CONCLUSÃO 

  1. O ponto de vista de EGW expressa bem a posição contemporânea de seus dias; hoje acha-se pouco apoio público (mesmo dentro da IASD), especialmente entre comportamentalistas, sociólogos e médicos. 
  2. Wittschieve e Mazat fazem bem em lembrar-nos de que em outras áreas (particularmente em assuntos dentro do campo da ciência) EGW provou ser correta enquanto outros rejeitavam sua posição e acabaram demonstrando que tomaram a posição errada em anos decorrentes. 
  3. Alguns viram significância no fato que EGW se mantém em total silêncio sobre este assunto no livro “A Ciência do Bom Viver”, considerado como sendo o escrito mais “maduro” sobre o corpo e a saúde. 
    1. Foi sugerido que esse silêncio pode indicar uma consciência que em anos anteriores o assunto tinha sido apontado em excesso, e agora esse silêncio indica um desejo de “reestabelecer um equilíbrio de pagamentos”. 
  4. É importante lembrar que: 
    1. EGW não falou que todas (ou até a maior parte) das sérias consequências potenciais que surgem da prática da masturbação iriam acontecer a qualquer indivíduo que se se entrega a prática;  
    2. EGW não disse que o pior nível possível de qualquer consequência potencial e séria iria visitar o indivíduo.
  5. É interessante que pelo menos dois profissionais (ambos médicos e com doutorado) se inclinaram a confirmar as declarações de EGW relatando que a insanidade – em algumas circunstâncias extremas – é uma possível consequência distinta da prática. 

 

APÊNDICE A: Transcrito, palestra de Richard Nies, Glendale, CA, sem data, “Dé Glória a Deus.” 

APÊNDICE B: Monografia, Alberta Mazat, “Masturbation” [“Masturbação”], Biblical Research Institute, Silver Spring, MD, (Sem data; c. 1983), “Masturbation” [“Masturbação”]. 

Original em inglês disponível em: https://media2.ellenwhite.org/docs/6398/6398.pdf