Um Dom de Luz

Roger Coon

“HONRA A QUEM A HONRA”…

UMA QUESTÃO DE RECONHECIMENTO

“Nenhum Homem é uma ilha, nenhum homem se ergue sozinho”. Com semelhante adequação, as palavras de John Donne poderiam ser parafraseadas: “Nenhum autor é uma ilha”, pois os auxílios de outros fazem deste livro uma realidade.

Reconhecer a contribuição de outros é uma obrigação ética e uma necessidade pragmática. Assim eu desejo dizer minha gratidão:

A Barbara Phippis, bibliotecária e amiga, pelas pesquisas de fatos indefiníveis;

A Dotty Christman, minha fiel secretária, por incansáveis (e irreclamáveis) atitudes reproduzindo consecutivas cópias do manuscrito do livro em seu processador de palavras;

A James A. Cress, John W. Fowler, Robert W. Olson, J. Robert Spangler, e Kenneth Wood, amigos e colegas no ministério de Jesus Cristo, que leram os originais, e ofereceram muitas sugestões úteis para sua melhor forma;

A Richard W. Coffen, editor do livro por sua sensível e simpática consideração tanto pelo autor quanto pelo manuscrito e pelos resultados finais do editorial: Permitindo que a personalidade que a personalidade do autor, em vez de sua própria, viesse através da página impressa.

A Irene, minha amável e compreensiva esposa, que creu e encorajou minhas predileções literárias e que partilhou sem inveja e rancor com esse concorrente pela minha total atenção;

E, finalmente, a muitos outros (tão numerosos para mencioná-los individualmente) que contribuíram com ideias e sugestões enquanto a obra de escrever e revisar progredia.

Como “Ulisses” de Tennyson, eu, também, “sou uma parte de tudo que tenho encontrado”.


UMA PALAVRA INICIAL AO LEITOR

“Adventismo do sétimo-dia” – uma denominação comparativamente pequena (733.000 membros adultos batizados nos Estados Unidos, cerca de 6 milhões no mundo todo), conservadora e de orientação protestante – tem recentemente recebido atenção nacional nos meios de comunicação.

Evidentemente, algumas “informações sobre a igreja acabam sendo más informações, como um levantamento da opinião pública conduzido para a igreja pela “Gallup Internacional” há uma década atrás, bem ilustra. Alguns entrevistados compreensivelmente – mas incorretamente – Tendiam a confundir Adventistas com os três outros corpos cristãos “nativo-americanos” (Ciência Cristã, Testemunhas de Jeová e os Mórmons). Muitas das pessoas entrevistadas atribuíram aos Adventistas crenças e práticas mas nenhuma delas como específico, característico e exclusivo padrão de vida.

Afinal, quem são os Adventistas do Sétimo Dia? Eles são um povo que CRESCE. Em 1983 a revista “Cristianity Today” os identificou como a quarta denominação Protestante que mais rapidamente cresce na América do Norte. O famoso jornal Norte Americano – “U.S. News and World Report” – destacou-os em uma reportagem especial, intitulada: “Religion’s New Turn: A Search for the Sacred”. (Nova fase da Religião: Uma busca pelo Sagrado), incluindo-os entre um pequeno grupo de igrejas conservadoras “que tem tradicionalmente se concentrado em assuntos espirituais” e mencionando o fato de o adventismo ter superado o índice de crescimento em 36 por cento na década de 1972-1982.

Eles são um povo DOADOR. Em 1982 o “Money Magazine” publicou os resultados de uma pesquisa feita para determinar a média dos padrões de “famílias praticantes” em dez principais grupos religiosos norte americanos durante 1980. As famílias Adventista do Sétimo Dia superavam todas as outras por contribuírem com 2.400 dólares por família (os presbiterianos vieram em segundo lugar com 690 dólares; a Igreja Cristã Unida (United Church of Christ) foi a terceira com 510 dólares; e os Luteranos empataram com os Judeus da Reforma (Reformed Jews) em quarto lugar com 480 dólares cada)

Eles também são um povo que VIVE MAIS. Em fevereiro de 1983, tanto uma como a outra das duas mais famosas revistas populares nos Estados Unidos relataram os resultados e descobertas de um estudo científico de 1958 sobre 50.000 Adventistas do Sétimo-Dia na Califórnia. (A pesquisa foi financiada pela American Heart Association, a American Câncer Society, a American Lung Association e o Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos).

O estudo demonstrou que os Adventistas do Sétimo-Dia tem um grau de incidência de morte por todos os tipos de câncer notavelmente menor que os demais. Eles também vivem mais tempo do que a população média (seis anos para o sexo masculino e três anos para o sexo feminino).

Como você explica o fenômeno dos Adventistas do Sétimo-Dia?

Correndo o risco de simplificar demais, talvez três termos poderiam adequadamente resumi-los:

1- CONVICÇÃO – Os Adventistas são convictos de que Jesus Cristo logo voltará pessoal e fisicamente a esta terra. Ele se tornará seu supremo governador, abolindo as formas políticas de governo que no momento vigoram aqui. Além disso, eles estão convictos de que Deus os chamou para ajudá-los a preparar um povo para a cidadania nesse novo governo mundial. Finalmente, eles estão convictos de que Deus os tem habilitado a realizarem essa tarefa com muito sucesso por restaurar-lhes o antigo dom da inspiração profética. Eles creem que este dom está personificado no ministério de setenta anos da co-fundadora da igreja, Ellen G. White (1827 – 1915), cujos escritos publicados hoje chegam a aproximadamente 100 títulos.

2- COMISSÃO OU ENCARGO – Os Adventistas do Sétimo-Dia creem que Deus os comissionou ou responsabilizou-os a proclamarem uma mensagem especial – aquela dos três anjos mencionados em Apocalipse 14 – “a cada nação, tribo, língua e povo” (verso 6). Isto fez com que eles estabelecessem suas operações evangelísticas, educacionais, de saúde, de publicações e as operações de resgate, assistência e socorro em casos de desastres em 184 das 218 nações (ou subdivisões geográficas) reconhecidas pelas Nações Unidas. Eles proclamam sua mensagem em 585 principais línguas e dialetos.

3- DEDICAÇÃO OU RESPONSABILIDADE – Como resultado disso, os Adventistas do Sétimo-Dia mantém 81 faculdades e Universidades, 832 escolas de 2o grau, e 3.921 escolas elementares ou de 1o grau. Deles é o segundo maior (depois dos luteranos) estabelecimento escolar protestante de 1o grau nos Estados Unidos e o maior sistema educacional protestante a nível internacional.

Eles também mantém 159 instituições de saúde (hospitais, clínicas, dispensários, etc.), 100 orfanatos e lares infantis, 45 veículos aéreos e lanchas médicas. Toso esse envolvimento em aliviar o sofrimento humano, ocupa o tempo integral de atenção de 1.842 médicos e dentistas empregados pela igreja, 3.446 técnicos e terapeutas, 12.930 enfermeiros de formação universitária, e 39.032 assistentes adicionais em funções de apoio.

Para ajudar a comunicar sua mensagem evangélica bem como para ajudar a vencer a praga mundial de analfabetismo, os Adventistas mantém 56 editoras. Elas produzem literatura em 184 línguas e geraram a venda de 132 milhões de dólares apenas no ano de 1981. 7.408 “evangelistas de literatura” ajudam a distribuir essas publicações de porta em porta nos seis continentes.

O Serviço Mundial da Igreja Adventistas do Sétimo-Dia (Seventh-day Adventist World Service Inc., S.A.W.S.), é uma agência reconhecida internacionalmente de auxílio, liberdade e desenvolvimento comunitário. Ela coopera com a Agência Norte Americana para Desenvolvimento Internacional, a Comissão Superior das Nações Unidas para Refugiados, a Cruz Vermelha Internacional e muitos governos individuais ao redor do mundo, na libertação de refugiados e vítimas de fome e outros desastres naturais. Todo ano o S.A.W.S. administra o investimento de 16 a 18 milhões de dólares em alimentos, roupas, medicamentos, abrigo e doações financeiras.

Isso, então, dá à você uma pequena ideia de quem são os Adventistas do Sétimo Dia, e o que eles estão fazendo para construírem um mundo melhor aqui e agora. Porém isso ainda não explica como eles chegaram a isso. É impossível contar a história do subsequente desenvolvimento da igreja separado da história de um de seus co-fundadores, ou seja Ellen G. White. Embora ela mesma preferisse designar-se apenas de “mensageira especial”, nunca contradisse qualquer pessoa que, por acaso, se referisse a ela como profetisa.

A Bíblia assemelha e compara o dom de inspiração profética (o qual é predizer eventos futuros) a um “dom” (Efésios 4:8; I Coríntios 12:1), e a uma “luz” ou “lâmpada” (Salmos 119:105; II Pedro 1:19). Eu escrevi este pequeno livro, “Um Dom de Luz”, para relatar resumidamente a fascinante história da surpreendente vida e estupendo ministério de Ellen White. Eu também desejo documentar os resultados que têm produzido e continuam a produzir.

REFERÊNCIAS

  1. “The Public’s Attitude Toward the Seventh-day Adventist Church” (relatório não-publicado de estudo conduzido para a igreja por Gallup International, Princeton, New Jersey, 1970)
  2. Christianity Today, 7 Janeiro de 1983, p. 30.
  3. U.S. News and World Report, 4 de Abril de 1983, pp. 36, 37.
  4. Money, Abril de 1982, p. 98.
  5. Walter S. Ross, “At Last, an Anti-Cancer Diet”, “Reader’s Digest”, Fevereiro de 1983, pp. 78-82. Marilyn Mercer, “Diet, Nutrition, and Cancer”, Good Houseekeeping, Fevereiro de 1983, pp. 83-88.
  6. 6.    “Summary of Results of Adventist Mortality, 1958-1965” (Loma Linda, Calif.; Loma Linda University School of Health, sem data).
  7. 119th Annual Statistical Report – 1981 (Washington, D. C., Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, 1982).
  8. Entrevista com Richard W. O’Ffill, diretor executivo, Adventistas do Sétimo Dia, Washington, D.C. 20012, 13 de Abril de 1983.

1 – PROFETA: “UM HOMEM PARA TODAS AS ÉPOCAS”?

Em 1842 William Ellis Foy, um mulato, recebeu duas visões num período de várias semanas, separadamente, em Boston, Massachusetts. A primeira, (em 18 de janeiro) durou 2 horas e meia, e a segunda (em 4 de fevereiro) durou incrivelmente 12 horas e meia; Sua condição física no estado de aparente transe inconsciente ou enlevo da visão se assemelha à descrição encontrada em Daniel 10. Como Daniel, ele não respirou (embora seu coração continuasse funcionando normalmente) durante a visão. (Veja especialmente Daniel 10:17.)

William Foy, entretanto, não assumiu ativamente seu chamado à função profética. Por volta do verão de 1844 Deus chamou outro homem, Hazen Foss. Foss, igualmente, omitiu-se após vacilar por algum tempo. Então, em dezembro de 1844, Deus voltou-se para o “mais fraco dos fracos” – mas essa história será contada no próximo capítulo.

PROFETA. Que imagens essa palavra instantaneamente traz à mente de alguém familiarizado com aquelas figuras “maiores-que-a-vida” das Sagradas Escrituras!

Quase instintivamente nós visualizamos uma figura solitária, talvez como no Velho Testamento, erguendo-se sozinho em defesa de Deus. Elias desafiou mais de quatrocentos sacerdotes de Baal e pediu fogo do céu – um fogo tão “faminto” que consumiu não apenas seu sacrifício mas também a água que o ensopava e as pedras do altar que o sustentavam (I Reis 18).

Ou talvez nós ouvimos o distante eco da “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor” (Mateus 3:3), vindo dos lábios do austero João Batista (Isaías 40:3). Vestido com vestes de pêlos de camelo, João não era um homem autoindulgente. Sua dieta consista principal e basicamente de gafanhotos e mel silvestre do Oriente Médio. (Mateus 3:4; Marcos 1:6).

Realmente, é impossível pensarmos na Bíblia sem imediatamente pensarmos nos aproximadamente quarenta autores de seus sessenta e seis livros. Nós, popularmente, os chamamos “profetas”, “santos homens de Deus que falavam ao serem movidos pelo Espírito Santo” (II Pedro 1:21). E tudo isso começou com um homem chamado Enoque. Há apenas sete gerações após Adão, Enoque é o primeiro profeta relatado na história humana (Judas 14). Os profetas de Enoque até Moisés apresentavam suas mensagens oralmente. Moisés marca a linha divisória na missão profética histórica por usar a palavra escrita para partilhar a comunicação profética.

Então o ramo literário da corrente se subdivide: num lado estavam aqueles autores cujos escritos não foram preservados como “Escrituras”. Esses profetas (ou videntes, como inicialmente eram chamados) cujos escritos não foram incluídos na Bíblia – livro dos Justos, Gade, Natã, Aías o Silonita, Semaías, Ido, Jeú e Elias – foram exatamente tão inspirados como seus colegas bíblicos. Porém suas obras não foram preservadas para a posteridade.

Na época de Jesus, os estudantes do Velho Testamento dividiam-no em três partes: a Lei (os escritos de Moisés), os Profetas e os Escritos Sagrados.

Deus, que não é “discriminado” (Atos 10:34) – ou parcial em gênero e sexo – deu o dom profético nos tempos da Bíblia a mulheres bem como a homens. No Antigo Testamento nós lemos sobre Miriam (a irmã de Moisés), Débora e Hulda. No Novo Testamento há Ana e as quatros filhas de um evangelista chamado Filipe.

Hoje nós, geralmente, associamos a função de profeta com a predição de eventos futuros, mas nos tempos bíblicos o profeta se envolvia em um amplo conjunto de atividades espirituais. O profeta tinha muitas funções. (1) Eles falavam por Deus. (2) Revelavam os propósitos de Deus. (3) Fortaleciam e orientavam os governantes. (4) Encorajavam as pessoas a fortalecerem a fé. (5) Protestavam contra os males. (6) Dirigiam atividades. (7) Ensinavam. (8) Serviam como consultantes e conselheiros para cada fase de atividades nacionais e individuais. (9) Davam advertências. (10) Condenavam o pecado. (11) Pronunciavam os julgamentos de Deus. (12) Às vezes, realizavam milagres. (13) Pregavam. Além do mais, seu ministério não era limitado à nação hebraica. Deus usou alguns para ganharem nações gentílicas à Sua verdade.

Profetas e tempos bíblicos parecem estar juntos confortavelmente. Porém alguns cristãos se sentem muito desconfortáveis quando à discussão sobre o dom de profecia após o período do Novo Testamento vem à tona. Há entretanto, evidência (direta bem como indireta) tanto no Velho como no Novo Testamento de que a função do Espírito Santo como inspirador dos profetas humanos não cessaria quanto o “cânon” (os livros compondo nossa Bíblia como um todo) fosse fixado.

O próprio Jesus prometeu a presença do Espírito na igreja Cristã até o fim dos tempos. Um dos específicos ministérios do Espírito, disse Ele, seria ensinar a verdade de Deus (ver João 14:15-17). Em conexão com os sinais de Seu breve retorno, Jesus claramente advertiu contra falsos profetas (Mateus 7:15; 24:11, 24). Se nenhum verdadeiro profeta surgisse no final dos tempos, Jesus meramente precisaria dizer: “Acautelai-vos dos profetas”. A inclusão do adjetivo “falsos” quer dizer que tanto verdadeiros quanto falsos profetas coexistiriam antes da Segunda Vinda.

A doutrina de Paulo sobre os “dons espirituais” fornece das mias tocantes e surpreendentes evidências em favor da atividade profética após os tempos do Novo Testamento. Ele claramente se referia à profecia como um dos dons do Espírito Santo (Efésios 4; I Coríntios 12 e Romanos 12). Na verdade, na sequência de mérito, a profecia é o segundo dom mais importante, logo após o apostolado. O Novo Testamento usa três termos interligadamente para o mesmo conceito; “o Dom de Profecia” (I Coríntios 13:2) “o Testemunho de Jesus”, e o “Espírito de Profecia” (Apocalipse 19:10). Tudo se refere ao divino dom das sobrenaturais revelações e visões. O Contexto das várias declarações de Paulo sobre esses dons do Espírito – incluindo profecia – torna claro que esses vários ministérios existirão na igreja até o fim dos tempos. Todos esses dons servirão e exercerão suas funções até que a igreja esteja pronta para o retorno de Cristo. (ver Efésios 4:12-15). Paulo não dá a mínima alusão de que um desses dons (especificadamente o de profecia) seria excluído enquanto todos os demais continuassem.

As Epístolas de Paulo são indubitavelmente os primeiros documentos do Novo Testamento a terem sido escritos, e I Tessalonicenses foi a primeira dessas Epístolas. Quase no final desse carta, Paulo adverte os primeiros crentes cristãos: “Não apagueis o Espírito(Santo)”. Ele então indica como seguir sua advertência: “Não desprezeis profecias”. Em vez disso, o cristão deve “provar todas as coisas” e então “reter o que é bom”. (I Tessalonicenses 5:19-21). (O apóstolo João menciona esse admoestação de maneira um pouquinho diferente: “Provai os espíritos”. Por quê nem todo Espírito vem de Deus, e “muitos falsos profetas tem saído pelo mundo afora” (João 4:1)).

Muito provavelmente, estava acontecendo na igreja cristã primitiva alguma coisa que acontece em alguns circuitos cristãos hoje. Talvez aqueles cristãos primitivos, que haviam sido convertidos do Judaísmo, estavam dizendo entre si mesmos: “Nós não precisamos de mais nenhum escrito profético. Se o Velho Testamento era suficientemente bom para Jesus, ele é suficiente para mim”. Hoje alguns cristãos repetem essa ideia errada. Como consequência, eles limitaram a obra do Espírito Santo ao passado, sugerindo que desde que o Cânon Bíblico foi fechado, nós não precisamos de mais nenhum escrito profético hoje. Pode ser exatamente para prevenir contra essa ideia que Paulo realçou e insistiu em “provar” as alegações ou asserções proféticas – em vez de se descartarem e se livrarem delas.

Em Joel 2:28-32, provavelmente escrito há aproximadamente oitocentos anos antes da primeira vinda de Cristo como bebê em Belém, este profeta da antiguidade olhou pelo longo corredor do tempo, para a Segunda Vinda de Cristo. Ele viu então Deus honrando seu povo no tempo do fim pela dádiva especial do dom de profecia. Tanto homens e mulheres, jovens e velhos, teriam a experiência de sonhos e visões proféticas.

Alguns cristãos têm se oposto a admitir o cumprimento dessa passagem após o Pentecoste, cinquenta dias após a crucificação de Cristo. Eles nos apresentam Atos 2:16-21, onde Pedro mencionou o fenômeno do Pentecoste como um cumprimento de Joel 2. Entretanto, por duas importantes razões, o Pentecoste deve ser visto como apenas um cumprimento parcial de Joel 2.

Primeiro, a profecia de Joel 2 faz referência específica ao dom de profecia no tempo do fim. O dom espiritual em grande evidência no Pentecoste, entretanto, foi o dom de línguas (o falar miraculoso de línguas contemporâneas, com as quais o indivíduo cristão não havia tido nenhum estudo prévio). O dom de profecia não esteve em evidência no Pentecoste.

Segundo, Joel apontou para sinais nos céus – particularmente no sol e na lua – no tempo em que o dom de profecia seria restaurado (cap. 2:10-20). Nós não encontramos nenhuma evidência escriturística de que esses sinais nos céus acompanharam as cenas do Pentecoste.

Não houve profetas no período entre o fim do tempo apostólico até o meio do século dezenove? Paul King Jewett, em um significativo artigo publicado no DICIONÁRIO DA IGREJA CRISTÃ (The New International Dictionary of the Christian Church) indica que com a morte dos apóstolos, que não tiveram sucessores, gradualmente aqueles com o dom de profecia também desapareceram, de modo que do terceiro século em diante, do “trio” original de apóstolos, profetas, e mestres ou professores, restaram apenas os professores. Jewett também acrescenta que “desde o tempo de Hippolytus (235), e Orígenes (250), a palavra “profecia” é limitada às porções proféticas da Escritura”.

Segundo a Bíblia, entretanto, não há dúvidas: o dom de profecia não terminou com o período apostólico. Argumentos dados em favor da proposta de abolição (que muitos católicos e protestantes mantém) são interessantes, mas sujeitos à refutação. Segundo um desses argumentos, o apóstolo João colocou uma maldição sobre qualquer pessoa que adicione (ou tire) algo da Bíblia (Apocalipse 22:18, 19). Assim, com o fechamento do cânon da Escritura, o dom de profecia cessou, de acordo com essa argumentação.

Em resposta nós sugeríamos que: 1) A proscrição contra adicionar (ou tirar) se refere ao próprio livro de Apocalipse (isso não se aplica à Bíblia toda, da qual ele agora aparece sequencialmente como o último volume); 2) Não há nenhuma evidência de que o Apocalipse foi o último livro do Novo Testamento a ser escrito (alguns especialistas creem que a Primeira, Segunda e Terceira epístolas de João, e até mesmo o Evangelho de João possam ter sido escritos após ele haver completado o Apocalipse); 3) Só no quarto século A.D. que a igreja Cristã finalmente chegou a um consenso quanto a que livros deveriam ser incluídos no Novo Testamento.

A advertência de João no final do livro de Apocalipse não impede o dom de inspiração profética após o ano 100 A.D.

Alguns especialistas mantêm que o fechamento do cânon do Novo Testamento cancelou a possibilidade de qualquer nova revelação da verdade divina. Em resposta a esse argumento, o especialista Britânico J. P. Baker declara:

“Outros tem, às vezes, procurado identificar essa conclusão do cânon do N.T. com o tempo quando a profecia cessará, de acordo com I Coríntios 13:8; mas faz uma violação ao contexto, o qual claramente mostra que esses dons cessarão “quando” vier o que é “perfeito” o que é definido como quando nós “virmos face a face” (isto é, além desta vida e desta era).

Todos podem concordar que não há nenhuma nova revelação a ser esperada concernente a Deus em Cristo, o modo da salvação, os princípios de vida cristã, etc. Mas aí parece não haver nenhuma boa razão que justifique ou explique porque o Deus vivo, que fala e age (em contraste com os ídolos mortos), não possa usar o dom de profecia para dar orientação local particular a uma igreja, nação, ou indivíduo, ou para advertir ou encorajar através de predições, bem como através de lembranças, em pleno acordo com as palavras escritas das Escrituras, pela qual todas tais declarações devem ser testadas”.

A existência da Bíblia hoje, não cancela ou elimina outras autoridades inspiradas. Ao contrário, a Palavra de Deus, tanto no Velho Testamento como no Novo Testamento, conta aos leitores dos últimos dias que os dons do Espírito Santo (incluindo profecia) ainda aparecerão entre Seu povo até a volta de Jesus. Isto não é uma questão de se / ou. Nós podemos (e devemos) ter ambos!

REFERÊNCIAS

  1. Uma breve descrição da experiência de Foss e Foy é dada no Apêndice C de T. Housel Jemison: A Prophet Among You (Mountain View, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., 1955), pp. 485-489; ver também Biographical Sketches – Seventh-day Adventist Encyclopedia, edição revisada (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1976). pp. 473-475.
  2. L. H. Christian, The Fruitage of Spiritual Gifts (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1947), p. 9.
  3. Paul King Jewett, “Prophecy”, in The New International Dictionary of the Christian Church, edição revisada (Grand Rapids, Mich.: Zondervan Pub. House, 1978), pp. 806, 807.
  4. John R. W. Stott, Baptism and Fullness (Downers Grove, III.: InterVarsity Press, 1976), pp. 100-102.
  5. J. P. Baker, “Prophecy, Prophets,” citado em The Illustrated Bible Dictionary (Grand Rapids, Mich.: Baker Book House, 1980), Vol. III, pp. 1286, 1287.

2 – “O MAIS FRACO DOS FRACOS”: A TERCEIRA ESCOLHA DE DEUS

Antes de seu casamento com James White, Ellen Gould Harmon morou oito meses no lar de Otis Nichol, um impressor adventista, em Dorchester (atualmente parte de Boston), Massachusetts. A casa de Nichol serviu como seu lar longe de casa enquanto ela levava seu testemunho pela área. Três homens (Sargent, Robbins, e French) repudiaram e rejeitaram seu estado de visão transcendental como sendo meramente produto de hipnose induzida por seu noivo, James White.

Eles diziam que ela não podei ter visões a menos que James estivesse presente. Em 1845, na companhia de sua irmã Sarah (e durante a ausência de James White), Ellen estava na casa de Nichol quando Sargent e Robbins chegaram. O Sr. Nichol convidou-os a entrar para que eles pudessem encontrar Ellen Harmon. Como eles ainda não a conheciam pessoalmente, agora estariam aptos a julgar por si mesmos a natureza e a fonte da experiência dela. Eles subitamente se lembraram de um urgente compromisso em Boston, mas sugeriram que um encontro acontecesse no próximo domingo em Boston na casa de um certo crente onde os Mileritas costumeiramente se reuniam a cada semana. Nichol prometeu a senhorita Harmon à reunião.

Sábado à noite Ellen teve uma visão, e ela disse a Nichol que em vez de irem seis milhas ao norte para Boston, deveriam ir sete milhas ao Nordeste para Boston, deveriam ir sete milhas ao sul para Randolph. Nichol protestou. A credibilidade de Ellen e a sua própria estavam em jogo. Ela permaneceu firme, e disse que o anjo lhe havia dito que eles compreenderiam a razão da mudança quando chegassem à casa de uma família chamada Thayer. Ao chegarem, descobriram que Sargent e Robbins já estavam lá; eles haviam ido ao sul na tentativa de evadirem-se do encontro com a senhorita Harmon, a quem esperavam que estivesse indo a Boston naquele dia. Agora não havia escape, e um confronto ocorreu.

Logo após 1:00 da tarde, Ellen Harmon foi tomada em visão e permaneceu naquela condição até as 5:00 h aproximadamente. Essa foi a mais longa de suas duas mil visões e sonhos proféticos.

Embora ela não respirasse durante esse período, Ellen esteve surpreendentemente apta a falar, o que ela fez em voz alta. Sargent e Robbins, incrivelmente tentaram eliminar-lhe a voz, cantando e orando em alta voz, mas suas vozes logo se tornaram roucas e eles caíram em silêncio.

Durante essa visão, Ellen manteve erguida, em sua mão esquerda, a pesada e enorme Bíblia familiar de Thayer. Com a Bíblia erguida acima de sua cabeça, ela apontava os textos que expunham os erros das doutrinas de Sargent e Robbins. O próprio Nichol levantou-se sobre uma cadeira para ver se ela estava citando corretamente os textos aos quais ela estava aparentemente apontando.

Eram, sem dúvida, os textos corretos:

Como Ellen realizou tais fatos incríveis? Justamente quem era ele, e qual era sua função?

Ellen G. White teve uma educação formal que consistiu em menos de três anos completos da escola de 1o grau. Ainda assim, quando morreu, deixou atrás de si 25 milhões de palavras escritas e 100.000 páginas escritas a mão: Seu livro mais traduzido, “Steps to Christ” – Caminho a Cristo – está hoje disponível em 117 línguas. Ela é a quarta autora mais traduzida na história da literatura, a escritora feminina mais traduzida dos autores de ambos os sexos.

Co-fundadora (com seu esposo, James White, e o capitão-do-mar aposentado José Bates) da “Igreja Adventista do Sétimo-Dia”, ela nasceu próximo à vila de Gorham, Maine, em 26 de novembro de 1827. Ela e sua irmã gêmea, Elizabeth, foram a sétima e oitava filhas do fazendeiro Robert Harmon e sua esposa Eunice.

Logo no início da infância de Ellen, a família Harmon mudou-se doze milhas para o leste da cidade de Portland, onde seu pai se tornou um fabricante de chapéus. Ellen era uma “alegre, animada e ativa criança”. Aos 9 anos de idade, estando na terceira série da escola pública da Rua Brackett, foi ferida por uma pedra atirada por uma irada colega de classe. Seu nariz foi quebrado, desfigurando-a para o resto da vida, e ela provavelmente sofreu também uma forte contusão ou traumatismo. Por três semanas esteve em estado de coma.

Após o acidente, ela não podei respirar pelo nariz, e sua saúde continuou fraca. Tornou-se tão nervosa que era incapaz de manter sua mão suficientemente firme para escrever. Como resultado, sua escolaridade formal foi intermitente e irregular. Sua última tentativa breve em educação foi aos 12 anos de idade, mas sua saúde começou a falhar outra vez. Alguns achavam que ela não viveria por toda a adolescência. Os médicos ofereciam-lhe poucas esperanças de recuperação.

A Família Harmon frequentava a igreja metodista da Pine Street, onde o pai servia como diácono. Em março de 1840, a família ouviu um pregador ou orador itinerante chamado Guilherme Miller, falar sobre as profecias de Daniel e Apocalipse. Ele relatou sua convicção de que Cristo voltaria em algum momento entre 1843 e 1844.

Ellen entregou o seu coração a Jesus, e em 26 de junho de 1842, foi batizada, por imersão, num local próximo – Casco Bay. No mesmo dia foi recebida como membro da igreja metodista.

Miller, um fazendeiro que se tornara em um pregador leigo batista, tinha iniciado um estudo intensivo das profecias bíblicas após sua conversão em 1816. Sua interpretação de certo tempo profético (especialmente Daniel 8:14) levou-o a crer que Jesus Cristo voltaria a esta terra em alguma data entre 1843 e 1844. Ele começou a pregar suas ideias em 1831, e por volta de 1840 ele atraiu enormes e crescentes audiências desde a Nova Inglaterra até o Mississipi.

Porque a família Harmon havia se identificado a si mesma com o movimento Milerita, a Igreja Metodista os excluiu como membros em setembro de 1843. Como uma dedicada jovem cristã, Ellen trabalhou para a conversão de seus jovens associados. Quando sua saúde permitia, ela ajudava seu pai em fazer chapéus, enquanto sua irmã Sara trabalhava com tricô. Elas zelosamente, proviam fundos para ajudar na divulgação da mensagem Milerita sobre o Segundo Advento. A jovem Ellen conhecia de perto e por exemplo a autonegação, o auto-sacrifício e a privação.

Com os outros Mileritas, Ellen e sua família foram profundamente afetados pelo Grande Desapontamento ocorrido em 22 de outubro de 1844, quando Jesus não voltou, de acordo com as expectativas de Miller e seus seguidores. Com seus colegas “adventistas”, Ellen dedicada e intensamente buscou a Deus por luz e orientação durante as semanas seguintes.

Dois meses mais tarde, em um dia de dezembro, de 1844, Ellen estava ajoelhada orando com quatro outras mulheres na casa da senhora Haines, uma família amiga, no Sul de Portland. Subitamente, o Espírito Santo desceu sobre ela, e foi tomada em visão, de uma maneira que relembrava os santos profetas das Escrituras. Estava com 17 anos de idade, com pouca saúde, e pesando aproximadamente 36 kg.

Ellen sabia sobre as visões anteriores de William Foy e Hazen Foss, mencionados no capítulo anterior. Estava consciente de que Foy não estava mais na ativa e Foss havia recusado a tarefe oferecida a ele. Com grande relutância, aceitou sua responsabilidade, mas não sem preocupação e temor. Assim tornou-se a terceira escolha de Deus, a “mais fraca dos fracos”.

Em viagem a Orrington, Maine no início de 1845 para levar seu testemunho, Ellen encontrou um pregador Milerita, seis anos mais velho de que ela, James S. White. Ocasionalmente o trabalho deles os aproximou, e uma atração desenvolveu aquele amadurecimento e um casamento em 30 de agosto de 1846.

Pouco tempo após seu casamento James e Ellen White leram uma cópia de um panfleto com quarenta e oito páginas pelo capitão marinho aposentado Joseph Bates. Ele havia escrito sobre a “perpétua” santidade do sétimo-dia (Sábado) para os Cristãos do Novo Testamento. Mais tarde, eles encontraram Bates pessoalmente pela primeira vez. Curiosamente, a reação inicial de Ellen White e do Capitão Bates, de um para com o outro, foi negativa. Ela achou que Bates enfatizava o quarto mandamento (Sábado) exageradamente, e ele questionou a autenticidade de seu dom profético. No fim, ambos mudaram de ideia.

O casal White começou a guardar o Sábado inteiramente com base nos argumentos mencionados pelas Escrituras. Sete meses mais tarde, Ellen teve uma visão (em três de abril de 1847) na qual Deus mostrou-lhe as comprometedoras e sérias reivindicações de Sua Lei hoje. (É importante notar que a doutrina Adventista não tem sua origem nas visões de Ellen White. As visões ou confirmam se as conclusões de um intensivo estudo da Bíblia estavam encaminhados na direção ou corrigiam se elas não estivessem. Elas nunca iniciaram doutrinas).

Durante seus primeiros anos de casados, os White viveram geralmente em pobreza e frequentemente sob tensão financeira. Ainda não havia nenhuma organização da igreja, com apoio financeiro para seus líderes religiosos. Assim James White tinha que dividir seu tempo entre trabalhar e pregar por um lado, e ganhar a vida ou o pão trabalhando com jardinagem, construção de estradas de ferra, ou colheitas de feno, por outro.

James White publicou o primeiro livro de sua esposa, um modesto volume de sessenta e quatro páginas, em 1851. Um suplemento foi publicado em 1854. James começou a publicar a revista “The Adventist Review and Sabbath Herald” conhecida hoje simplesmente como “Adventist Review” (Revista Adventista) em 1850. Uma revista para adolescentes, “The Youth’s Instructor” (“Mocidade”), iniciou-se em 1852.

Nova York proveu não apenas lugar para a recém adquirida impressora, mas também acomodação residencial para James e Ellen, bem como para a equipe de impressores.

Aqueles dias requeriam grandes sacrifícios financeiros. Hiram Edson, um pioneiro ministro Adventista, vendeu uma fazenda e emprestou uma grande importância para o James e Ellen cobrirem o custo daquela impressora manual. Sua esposa vendeu parte de seus objetos de prata, (um presente de casamento) e doou os resultados para publicar uma edição especial de “Day-Dawn”. Isto consistia na primeira exposição ou divulgação dos ensinos Adventistas sobre o Sumo Sacerdócio de Jesus no Santuário Celestial.

O casal White partilhava também do sacrifício. James trouxe para casa dez velhas cadeiras (nenhuma parecia com outra) e Ellen providenciou os assentos manualmente. Como a manteiga e as batatas custavam muito caro, os White os substituíam por molho e nabo. As primeiras refeições deles na editora-gráfica-residência, eram tomadas em fogareiro colocado sobre dois barris vazios de farinha. Ellen disse: “Nós estamos dispostos a suportar privações, se a obra de Deus puder assim avançar”.

Em 1855 o casal White e sua modesta aventura de publicações, mudaram-se para um local mais espaçoso em Battle Creek, Michigan. Com a incorporação do estabelecimento impressor em 1861 (a primeira organização legal dos Adventistas do Sétimo-Dia), Battle Creek tornou-se a sede central dos adventistas. A organização da Associação Geral ocorreu em 1863. O Instituto Ocidental de Recuperação da Saúde (Western Health Reform Institute) foi estabelecido três anos mais tarde. (Isto seria mais tarde denominado Battle Creek Sanitarium sob o prestígio de seu mundialmente famoso superintendente médico e inventor dos flocos de milhos – “Corn flakes” – Dr. John Harvey Kellogg). A fundação do Battle Creek College, (hoje, Andrews University, localizada atualmente em Berrien Springs, Michigan) ocorreu em 1874. E a construção do “Dime-Tabernacle” de 3.000 assentos (o maior santuário religioso em Michigan na época, e assim chamado porque os Adventistas foram encorajados a contribuir com “dimes” (10 centavos de dólar) para cobrir o custo da construção) sucedeu em 1879. (O tabernáculo ruiu incendiado em 1922 e foi substituído por um edifício menor).

Enquanto estavam em Battle Creek, o casal White viajou trinta e cinco milhas em direção ao Sul indo para Parkville no Sábado, dia 12 de janeiro, 1961, para uma dedicação de uma casa de reuniões dos adventistas guardadores do Sábado, onde Ellen White seria a oradora especial. Concluindo sua mensagem, ela assentou-se e quase imediatamente foi tomada em visão.

Presente na congregação estava um certo Dr. Brown. Como médico espiritualista local, Dr. Brown (à semelhança de “médicos elétricos” e “curandeiros magnéticos”, que Ellen White mais tarde iria advertir contra) usava o hipnotismo como um auxílio para a cura. Ele havia previamente zombado ostensivamente dos Adventistas locais, afirmando que as visões da Senhora White nada mais eram do que transe hipnótico. Se ela alguma vez tivesse isso na presença dele, ele poderia tirá-la disso em um minuto. Alguém agora relembrou-o de sua afirmação e pediu que tornasse isso real.

J. N. Loughborough, uma testemunha ocular, deu esta vivida descrição do confronto:

“O doutor veio à frente, mas antes que ele houvesse completado metade de seu exame, ficou mortalmente pálido, e tremia como uma folha no vendaval. O Sr. White disse “O doutor pode relatar a condição dela”? Ele respondeu: “Ela não respira”, e rapidamente caminhou para a porta. Aqueles que estavam na porta e que sabiam da sua jactância, disseram: “Volte, e faça o que disse que faria; traga aquela mulher de volta da visão”. Em grande agitação ele segurou o trinco da porta, mas não foi permitido que ele a abrisse até que a pergunta fosse feita por aqueles que estavam perto da porta: “Doutor, o que é isso?” Ele respondeu: “Só Deus sabe; deixe-me sair desta casa.”

Talvez de interesse ainda maior seja o conteúdo da extraordinária visão. A Senhora White via eventos ainda do futuro em conexão com a Guerra Civil que pairava na ar. Naquela época, a opinião predominante no Norte era que: (1) Simplesmente não haveria nenhuma guerra civil; (2) na improvável eventualidade de que a guerra ocorresse, entretanto, ela não duraria muito; 3 (3) o Norte com certeza venceria.

Carolina do Sul havia se separado da União cerca de três semanas antes. Então três estados haviam seguido o processo um cada dia – de quarta-feira até sexta-feira imediatamente antes do Sábado dessa visão. O fogo em Fort Sumter, que dispararia a guerra, ainda estavam a três meses de distância. Quando o Presidente Lincoln pediria um exército, ele iria apenas procurar setenta e cinco mil voluntários para servirem por um período de três meses.

A visão de Ellen White contradizia a predominante “sabedoria convencional” em vários aspectos: (1) Ela clara e abertamente declarou que haveria guerra; (2) um grande número de Estados se separariam (onze finalmente o fizeram); (3) grandes exércitos enfrentariam cara-a-cara um ao outro em combate mão-a-mão de forma selvagem; (4) a carnificina seria incrível e amplamente espalhada; e (5) grande sofrimento se espalharia a homens “perdidos” em prisões e muitas famílias que perderiam “maridos, filhos, ou irmãos”. Ao voltar da visão, Ellen White sobriamente contemplou a face dos que estavam diante dele; e então disse: “Há, aqui nesta casa, aqueles que perderão filhos nesta guerra”.

Cerca de vinte e dois anos mais tarde, Loughborough – que testemunhava visualmente esse fato procurou o ancião líder da igreja de Parkville que havia presidido os serviços naquele Sábado. Ele perguntou ao ancião sobre a exatidão da declaração de que algumas famílias presentes perderiam seus filhos na guerra. O ancião imediatamente identificou cinco dos casos específicos e, após refletir, expressou a convicção de que certamente poderiam ter ocorrido mais cinco casos adicionais.

A Sra. White mais tarde viu em visão, uma variedade de razões por que a guerra durou tanto tempo (uma delas: Deus não permitiria a vitória para o Norte até que a escravidão fosse substituída pela preservação da União como ponto chave). A ela também foi mostrado a ampla e enorme extensão na qual os generais e os administradores do alto-nível empregavam os médiuns espíritas para obterem orientações táticas sobre como conduzir a guerra.

Durante os anos em Battle Creek, a senhora White de 1, 57 m de altura, com seus cabelos castanhos e olhos escuros, quase castanhos, tornou-se uma figura bem conhecida em suas ruas. Alegre altruísta e um tanto extrovertida, Ellen White ganhou reputação como uma sábia e ajuizada compradora, uma hospedeira e hospitaleira, uma poderosa oradora pública, e uma atenciosa dona de casa. Ao longo do tempo ela deu à luz quatro filhos. Henry, nascido em 1847, morreu aos 16 anos de idade com pneumonia. John Herbert, nascido em 1860, vive apenas poucos meses antes de morrer com “erisipela”. James Edson, nascido em 1849, e William Clarence, nascido em 1854, ambos até a velhice.

Edson publicou vários livros, inclusive o primeiro hinário denominacional (o qual incluía um número de suas próprias composições). Ele construiu o “Morning Star”, um barco a vapor do Rio Mississipi, o qual navegou do Mississipi para Vickburg. Ali, ele prestou um serviço voluntário, com um auditório flutuante e sala de aulas onde negros analfabetos recebiam suas primeiras aulas de alfabetização e leitura. Isso também proveu espaço para uma loja de livros e cômodos para residir.

William C. White tornou-se um ministro ordenado de sua igreja. Após a morte de seu pai em 1881, tornou-se o confidente e o companheiro nas viagens de sua mãe, na época com 35 anos de idade.

Após a morte de seu marido, a Sra. White passou dois anos na Europa (1885-1887) e nove anos na Austrália e Nova Zelândia (1891-1900). Ela ajudou a estabelecer e desenvolver novos empreendimentos médicos, educacionais e de impressão ou publicações.

Como resultado de seus conselhos, a obra de uma denominação rapidamente crescente foi colocada sobre um firme alicerce.

(Quando a Associação Geral foi organizada em 1863, a igreja tinha 3, 500 membros adultos batizados. Por volta de 1890 o quadro situava-se em 29.700. Em 1900 ela já havia chegado a mais de 75.000, e em 1909 ela alcançou a marca de 100.000 membros.)

Durante os últimos 15 anos de sua vida, Ellen White viveu em uma fazenda modesta, próxima a Sta. Helena, Califórnia, cerca de noventa e seis quilômetros ao Norte de São Francisco. Ela deu à sua fazenda o nome de “Elmshaven”. Ali completou seus manuscritos dos últimos nove livros (“Educação”, “A Ciência do Bom Viver”. “Testemunhos para a Igreja”, volumes 7-9, “Atos dos Apóstolos”, “Concelhos aos Pais e Professores”, uma revisão do “Obreiros Evangélicos”, e “Profetas e Reis”). Esse foi um dos seus mais prolíficos períodos literários.

Durante os anos em Elmshaven, ela contemplou a expansão do ministério de cura da igreja através do desenvolvimento dos Sanatórios, que hoje tem evoluído no sentido de tornarem-se hospitais comunitários de casos graves, localizados em Paradise Valley (próximo a São Diego), Glendale, e Loma Linda. Nesse último local, ela orientou o processo adicional do estabelecimento da escola médica adventista. Inicialmente conhecida como “College of Medical Evangelists” foi a precursora da atual Universidade de Loma Linda, a maior instituição educacional adventista.

A última “visão aberta” conhecida de Ellen White, acompanhada de seu impressionante fenômeno físico, ocorreu em Portland, Oregon, em junho de 1884. Entretanto, os sonhos proféticos à noite, continuaram a comunicar mensagens especiais do Senhor até próximo ao tempo de sua morte em 16 de julho, 1915.

Tanto nas “visões abertas” do dia como nos sonhos proféticos da noite, ela via o mesmo anjo erguendo-se ao seu lado. Ele servia como uma validação ou confirmação divina, da autenticidade de sua experiência. Às vezes ela simplesmente recebia informações ou instruções. Outras vezes eram-lhe dadas parábolas.

Para comunicar a mensagem, a Sra. White, como os profetas Bíblicos anteriores a ela, tinha três opções: ela podia citar o mensageiro Divino; podia usar os escritos de um autor (os autores bíblicos frequentemente recorriam a esse método), ou ela podia expressar a mensagem de Deus em palavras de sua própria composição.

Embora a educação formal de Ellen White fosse limitada a menos de três anos, seria incorreto inferir que ela fosse uma pessoa instruída, culta ou bem informada. Educação não vem unicamente das cadeiras de uma sala de aulas. As fontes de educação da senhora White incluía: (1) livros – ela tinha cerca de 700 títulos de livros em sua biblioteca pessoal; (2) Viagens em três continentes; (3) íntimo companheirismo e proximidade com pessoas cultas e bem educadas (que eram muitos de seus companheiros líderes da igreja); e (4) aproximadamente dois mil “diálogos” particulares com seres celestiais em visão.

Talvez os três livros de Ellen White mais conhecidos sejam “Caminho para Cristo” (1892), um pequeno manual sobre como tornar-se um cristão e manter a experiência (subsequentemente publicada em 117 idiomas); “O Grande Conflito entre Cristo e Satanás” (1888); e “O Desejado de Todas as Nações” (1898), uma incomparável biografia de Nosso Senhor.

“O Desejado de Todas as Nações” serve como âncora da trilogia, tratando-se de Cristo e seus ensinos (os outros são “Thoughts From the Mount of Blessing”, uma exposição sobre o sermão de Cristo no Monte, e “Christ’s Object Lessons” uma interpretação das principais parábolas de Jesus, publicadas em português sob os títulos: “O Maior Discurso de Cristo” e “Parábolas de Jesus”.

O livro de Edith Deen intitulado “Great Women of the Christian Faith” (Grandes Mulheres da fé Cristã) contém completos estudos biográficos de quarenta e sete líderes espirituais do cristianismo e breves resumos biográficos de outras setenta e seis. A senhora Deen fez estas observações ao tratar de Ellen G. White:

“Ela não apenas predizia o futuro, mas também dava sábios conselhos na presente. Certamente era porta-voz de Deus. Como os profetas do passado, sua vida marcada pela humildade, simplicidade, austeridade, aprendizado divino e devoção. E como eles, voltavam-se para Deus recorrendo a Ele para curas e auxílio. A sua fé tornou-se tão firme que ela realizou milagres para os adventistas…

Em todos os seus escritos, (os quais tem alcançado uma circulação de milhões), … ela representa a Bíblia como um livro de todos os livros, o supremo guia para toda a família humana.

Embora seu movimento Adventista do Sétimo-Dia tenha se desenvolvido ainda mais depois de sua morte em 1915, viveu para apreciar muito de seu progresso. Antes de sua morte, o número de membros havia chegado a 140.000, o de pastores ou de ministros a 2.500, havia editoras espalhadas ao redor do mundo, oitenta instituições médicas e missões adventistas em cada continente. Tudo isso começou há setenta anos atrás em nada, apenas na fé, a qual Ellen White mantinha em constante exercício”.

REFERÊNCIAS

  1. A história é recontada pelo historiador Arthur W. Spalding em seu livro: Origin and History of Seventh-day Adventists (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1961), vol. 1, pp. 138-1141.
  2. Com base na pesquisa em andamento na Biblioteca do Congresso, (U.S.A.) tem sido possível identificar, experimentalmente, os dez autores mais traduzidos na história da literatura:

1°.     Vladimir I. Lenin, líder comunista Russo – 122 línguas

2°.     Georges Simenon, escritor franco-belga de estórias de detetives – 143 línguas

3°.     Leo Tolstoy, romanista russo – 122 Línguas

4°.     Ellen G. White, Co-fundadora da Igreja ASD – 117 línguas

5°.     Karl Marx, filósofo socialista alemão – 114 línguas

6°.     Willian Shakespeare, dramaturgo inglês – 111 línguas

7°.     Agatha Christie, escritora de suspense – 99 línguas

8°.     Jakob and Wihelm Grimm, co-autores de contos de fadas – 97 línguas

9°.     Ian Fleming, criador dos romances policiais de James Bond – 95 línguas

10°. Ernest Hemingway, romancista americano – 91 línguas

  1. Este capítulo está baseado em duas fontes primárias e duas secundárias: A autobiografia de Ellen White intitulada: Spiritual Gifs (Battle Creek, Mich.: Review and Herald Steam Press, 1960), vol. 2, e Life Sketches (Mountain View, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., 1815), e breves resumos biográficos na S.D.A. Encyclopedia, edição revisada, pp. 1592-1592, e em The Spirit of Prophecy Treasure Chest (Washington, D.C.: Review and Herald Pub Assn., 1960) pp. 153-161.
  2. Pioneer Stories Retold (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1956), p, 30.
  3. J. N. Loughborough, The Great Second Adventist Movement (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1905), pp. 210, 211.
  4. Ibid., pp. 337-339.
  5. J. N. Loughborough, Rise and Progress of Seventh-day Adventists (Battle Creek, Mich.: General Conference Association of Seventh-day Adventists.
  6. Ellen G. White, Testimonies for the Church (Mountain View, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., 1948), vol. 1, pp. 264-268, 366, 367.
  7. Ibid., pp. 363, 364, 366

10. Robert W. Olson, One Hundred and One Questions on the Sanctuary Doctrine (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1981), pp. 71-107.

11. Edith Deen, Great Women of the Cristian Faith (New York: Harper & Brothers, 1959), pp. 230-236. (algumas edições posteriores dessa obra, publicada tanto pela Harper & Row como pela Christian Herald, inexplicavelmente omitem o resumido esboço biográfico de Ellen White e também de Mary Baker Eddy.)


3 – “VAZAMENTOS” NO “QUARTO”: UM PROBLEMA COM PROFETAS

No início de 1870 James e Ellen White estavam visitando as reuniões do acampamento de verão em Wisconsin e Minnesota. Eles haviam chegado no local de um dos acampamentos após as reuniões haverem começado. As pessoas estavam reunidas, provavelmente em uma grande tenda do tipo tenda de circo, e o orador estava indo bem em sua mensagem.

O casal White parou momentaneamente à entrada da reunião. Então Ellen tomou o braço de James e, juntos, caminharam, entrando pelo corredor central, até a primeira fila de assentos à frente. James assentou-se, mas Ellen permaneceu em pé. Olhando para o ministro e apontando para ele com o dedo, de uma maneira que somente os profetas conseguem fazê-lo, ela interrompeu o sermão. Em alta voz disse ela: “Você não tem nenhum direito de estar em pé aí nesse púlpito. Você não é um homem apropriado para estar trazendo uma mensagem a esse povo”.

O orador parou imediatamente. Um surpreendente assombro tomou conta do rosto de todos na congregação. Se o povo soubesse (como mais tarde souberam) que Ellen White nunca havia encontrado nem sequer visto esse homem antes, nem ela sabia qualquer coisa sobre ele, exceto o que o Senhor lhe havia revelado em visão, o terror deles teria sido ainda maior.

A Senhora White previamente havia ouvido apenas o som da voz desse homem em visão. E então o Senhor lhe havia instruído de que quando ela ouvisse essa voz, deveria comunicar esta mensagem : “Diga-lhe que ele não é um homem apropriado para pregar ao povo. Há uma mulher em outro estado do país que o chama de marido e uma criança que o chama de pai, e há uma mulher aqui neste acampamento que o chama de esposo e uma criança que o chamada de pai”.

Quando Ellen White comunicou essa mensagem, o pregador fugiu como um raio da plataforma e desapareceu. Seu sermão, como a Sinfonia no 8 de Schubert, continuou para sempre inacabado.

Assentado na congregação naquela manhã estava o própria irmão orador. Ele agora veio à frente e admitiu que Ellen White havia dito era verdade. O orador tinha, realmente, estado vivendo uma vida dupla por algum tempo, e certamente ele merecia essa repreensão invulgar e rara. O Espírito de Deus abençoou aquele acampamento, e um grande reavivamento de piedade e santidade de vida continuaram com esse despertar. 1

Quem contou à senhora White esses detalhes íntimos da vida de uma outra pessoa? Deve ter havido um “vazamento no quarto”. Obviamente os presidentes Ronald Reagan, Jimmy Carter, e Richard Nixon não são os únicos líderes governamentais que têm tido problemas com vazamento de segredos “classificados”. Eles são apenas os exemplos mais recentes. tais vazamentos podem no mínimo ser aborrecedores e frustrantes, ou no máximo, destrutivos de carreiras profissionais e da reputação. A tentativa de “examinar” e “concertar” tal vazamento no Watergate eventualmente custou para Nixon sua presidência.

Um dos primeiros casos de vazamento de segredos estatais ocorreu há cerca de 2.800 anos atrás, aproximadamente em 850 A.C. Ben-Hadade II, governante do reino Aramem (Síria) de Damasco, convocou seus conselheiros chefes juntos, para discutirem um dos problemas mais incômodos e atormentadores. Cada vez que o rei determinava que seus soldados emboscassem e atacassem as forças de Israel, contra quem ele estava promovendo uma guerra, os israelitas pareciam estar sabendo da estratégia antecipadamente. Como resultado, os israelitas evitaram causalidades. O rei da Síria concluiu, razoável e obviamente, que devia haver um traidor em Damasco, e ele determinou eliminá-lo. Após o rei ter “declarado” o caso, um de seus conselheiros forneceu um cenário alternativo. Não havia deslealdade entre o campo da Síria, ele garantiu ao rei. Ao contrário, o profeta Eliseu estava “fazendo saber ao rei de Israel, as palavras que falas em tua câmara de dormir” (II Reis 6: 12).

O conselheiro real declarou assim, uma verdade que tem confundido, angustiado, e até mesmo irado homens em várias épocas. Os profetas parecem ter um “oleoduto” escondido, através do qual informações secretas chegam a eles. Revelando essa informação, eles podem criar todo tipo de “problemas” através de desagradáveis consequências em subsequentes exposições e perda.

Como já vimos, foi assim na experiência de Ellen White.

Outra experiência interessante ocorreu durante as primeiras horas da manhã em 11 de junho, 1887. Ellen White (que recém havia chegado em Moss, Noruega, vinda de Copenhagen, Dinamarca) levantou-se para escrever uma carta ao administrador de negócios de um Sanatório Adventista na Califórnia, cerca de oito milhas de distância. Ela contou-lhe: “No período da noite eu vi você na companhia da mulher supervisora da instituição. Pelas atenções reveladas de um pelo outro, vocês bem poderiam estar sendo marido e mulher… A irmã ….. jamais será o que ela foi uma vez. Ambos são culpados diante de Deus”. 2

Ellen White não acusou esses dois empregados casados de adultério, embora ela tenha inferido isso. Era quase como se Deus estivesse dando aos culpados uma oportunidade de confessarem e se arrependerem. O administrador de negócios, entretanto, negou qualquer ato errado. Ele retrucou alegando que Ellen White estava solapando sua influência na instituição. Então, não tendo outra escolha, Ellen White, vários messes mais tarde, escreveu mais:

Enquanto na Europa, as coisas que ocorriam em ….. foram abertas diante de mim. Uma voz disse: “Siga-me, e eu mostrarei a você os pecados que são praticados por aqueles que estão em posições responsáveis”. Eu fui pelos quartos, e vi que você, um vigia sobre os muros de Sião, estava em muita intimidade com a esposa de um outro homem, traindo as sagradas responsabilidades, crucificando o seu Senhor a sangue frio…

Ela estava assentada em seu colo, você estava beijando-a, e ela estava beijando você. Outras cenas de afeto, olhares e comportamentos sensuais, foram apresentados diante de mim, as quais trouxeram um estremecimento de horror à minha alma. Seu braço rodeava a cintura dela, e os afetos expressos estavam tendo uma influência encantadora. Então uma cortina foi erguida, e foi-me mostrado você na cama com …… Meu Guia disse: “iniquidade, adultério…”

Você nunca esteve sozinho. A mesma mão que traçou os caracteres no muro do palácio de Belsazar estava registrando nos livros do céu os atos e palavras que fizeram Cristo envergonhar-se de você”. 3

Mesmo assim, a profetiza do senhor não expôs o casal publicamente. Como dessa segunda carta houve um encontro privativo no qual “humildes confissões foram feitas pelo senhor R e pelo irmão e irmã H”.4

Mas não era unicamente – ou mesmo frequentemente – em casos de infidelidade sexual que a profetiza era chamada para dar seu testemunho sobre coisas observadas em visões. Duas ocasiões de extraordinárias e notáveis ocorrência foram relatadas a mim pessoalmente por indivíduos que tiveram experiências dramáticas em seus relacionamentos com Ellen White.

Eu encontrei Elbe (Sam) Hamilton em Los Angeles em 1950. Ele era um indivíduo com aproximadamente 65 anos de idade, e eu era um jovem pastor. No início do século, Sam tinha aproximadamente 16 anos de idade e morava em St. Helena, Califórnia quando Ellen White retornou da Austrália e adquiriu sua fazenda Elmshaven na mesma comunidade. Sam não estava bem e havia procurado muitos médicos, mas nenhum havia adequadamente diagnosticado seu problema particular de saúde.

Sam tinha ouvido falar sobre essa pequena setuagenária, q quem alguns chamavam de profetisa, enquanto estava no pé da Montanha Howell. Ele também aprendera que quando orava por pessoas, eles prontamente ficavam curados. Ele decidiu aproximar-se dela em busca de auxílio. Um dia Sam foi subindo até Elmshaven e encontrou Ellen White de 73 anos de idade em suas mãos e joelhos, capinando e limpando seu jardim. Vendo duas pernas aproximar-se dela, Ellen White olhou para cima e ficou em pé, sujando suas mãos aso fazer isso.

Após ouvir o rapaz falar, a Sra. White olhou para ele intensamente e declarou: “Sam, você não está bem. Na verdade você esta morrendo. Mas você não precisa morrer. E se fizer o que eu dizer agora para fazer, você viverá até ser um homem velho”. Ela explicou que ele havia contraído “triquinose”. Ele deveria parar de comer carne de porco imediatamente. Por essa razão, ela faria bem em parar de comer todo o tipo de carne, mas precisaria ter substituições nutritivas adequadas para obter uma dieta equilibrada. Ela contou-lhe como mudar seus hábitos de alimentação, mas notou seus olhares de perplexidade. Ele estava imaginando como poderia persuadir sua mãe para fazer uma mudança tão radical dos hábitos dietéticos de sua família. E mesmo que ele conseguisse, como poderia lembrar de todas essas receitas que a Sra. White estava agora partilhando com ele?

Sentindo imediatamente a situação, Ellen White abruptamente perguntou-lhe: “Sam, você gostaria de vir até a minha cozinha para eu mostrar a você como preparar essas coisas?”

“Oh, sim!”, ele respondeu rápido e agradecido.

“Então venha aqui amanhã às 2h da tarde.”

Ele retornou no outro dia, no próximo e no próximo. Então as lições terminaram, Ellen White perguntou-lhe se ele gostaria de um trabalho como cozinheiro aprendiz para sua grande família. Ela precisava de um e achou que ele faria bem. Sam aproveitou a chance.

Um dia Ellen White entrou na cozinha e disse para Sam: “Pegue sua bagagem.” Pensando que isto significava que ela estava dispensado seu serviço. Sam perguntou-lhe por quê. “Você irá comigo ao Paradise Valley perto de San Diego. Eu adquiri uma instituição médica falida com uma área de 20 acres (80.000m2), na qual eu vou estabelecer um outro sanatório no Sul da Califórnia. Eu estou descendo para supervisionar os operários da reforma”.

Paradise Valley tinha sido uma área semitropical luxuriante digna de seu nome. Mas por volta do início do século, uma seca abateu-se sobre a região e continuou por nove anos. Os gramados morreram, as árvores murcharam, os poços evaporaram, e o solo tornou-se areia. Longe de “paraíso” (Paradise) isso parecia ser “outro lugar”. As pessoas estavam vendendo suas propriedades por centavos de dólar, ou abandonando-as totalmente. Estabelecer um sanatório ou hospital (que acima de todas as outras instituições, necessitaria de um adequado suprimento de água) aí nesse lugar parecia ser o máximo da irracionalidade.

Esse extinto imóvel de cinquenta cômodos, havia custado 25.000 dólares em construção, mas a Sra. White estava disposta a adquirir os vinte “acres” (81.000m2) e prédio por 4.000 dólares (ela tomou emprestado parte da quantia de uma viúva adventista de recursos financeiros, Josephine Gotzian, e a outra parte de um banca). E assim Ellen e Sam saíram para San Diego.

Trabalhadores e operários foram contratados, e duas guardes barracas foram montadas no terreno – uma para preparar as refeições para os trabalhadores e outra para servir como sala de jantar. Um adventista técnico especial de Nebraska, Salem Hamilton, foi trazido ao local para encontrar água cavando poços, e a Sra. White assinou um contrato para um poço de 30, 48 metros de profundidade (100 pés) (já havia um poço na propriedade, mas a sua água era salobre e o suprimento totalmente inadequado).

Uma manhã, Salem Hamilton passou rapidamente pela barraca onde Ellen White estava supervisionando o preparo da refeição do dia. Ele estava desanimado. Já havia descido 29, 87m (98 pés) e estava trazendo nada mais do que terra e areia seca. “Eu tenho uma pergunta a fazer-lhe. O Senhor lhe disse para comprar esse propriedade?”

“Sim! Sim!”, respondeu a Sra. White energicamente. “Três vezes foi mostrado que nós deveríamos manter particularmente essa propriedade”.

“Tudo bem, ” disse Salem. “Eu tenho minha resposta. O Senhor nos daria um elefante sem providenciar água para ele beber.”

Talvez menos de uma hora depois, ele retornou à barraca da cozinha. Pensou que ouvira muita água correndo – muita água – como se houvesse um rio subterrâneo nas imediações! Sam ouviu as novas e implorou permissão para descer no poço a fim de ouvir também o “rio”. “Está bem Sam, mas tire primeiro seu avental” disse Ellen White com um sorriso.

Os escavadores do poço amarraram uma corda ao redor do jovem Sam e o desceram na cisterna. Quando ele ouviu o barulho do movimento rápido da água, teve medo de ser atingido pela água e ser envolvido por ela ali. Ele deu o sinal – vários puxões na carda – e eles o puxaram de volta à superfície. Então desceram Salem de volta no poço, e ele, foi escavando seu caminho até que o líquido começou a infiltrar-se e penetrar. Logo a água fluiu tão rapidamente que Salem deixou seus instrumentos de escavação no fundo e foi tirado de lá.

Naquela noite a água subiu a 5 metros e meio. Na manhã seguinte eles a bombearam, e cavaram um eixo mineiro lateral. O fornecimento institucional de água estava garantido.

Cerca de meio século depois, Sam Hamilton contou-me sua história pessoal. Ele destacou que muitos, mesmo dos líderes da igreja, duvidavam da sabedoria da profetiza em adquirir essa propriedade. Nenhum rio subterrâneo aparecia em qualquer mapa da “U. S. Coast and Geodetic Survey”. Mas Deus sabia que havia água ali, e “Ele revelou seus segredos a Seus servos e profetas” (Amós 3:7).

“Eu nunca duvidei do dom de profecia quando era jovem”, refletiu Sam Hamilton, “e eu nunca duvidei após ter me tornado homem. Ela era tudo que dizia ser, e tudo que a igreja sempre atribui a ela. Eu sei. Eu estava lá. Fui uma testemunha visual.”5

Harold M. Blunden tinha cerca de 12 ou 13 anos de idade e morava em North Fitzroy quando veio informações de que a profetisa americana falaria na próximo Sábado à tarde. Harold tinha dúvidas sobre profetas nos dias modernos, e certamente de profetas americanos, e especialmente sobre profetas femininas.

Harold achou, entretanto, que ele precisava formar sua própria opinião, assim resolveu ir cedo na semana próxima e assentar-se na segunda fila, bem na frente. Ele queria ouvir e ver tudo que acontecesse.

Naquela tarde só havia lugar para ficar em pé. A plataforma do púlpito estava ocupada pelos oficias da igreja, e apenas dois assentos estavam vazios. O trem que traria Ellen White estava duas horas atrasado. Os ministros presentes mantinham a atenção da congregação com cânticos, orações, testemunhos e curtas declarações. Finalmente a porta se abriu e a pequena senhora profetisa entro caminhando, segurando-se no braço de um famoso missionário americanos, A.G. Daniells. Danilles apresentou-a no púlpito e então retirou-se para tomar um dos bancos vazios atrás de si. Ellen White permaneceu no púlpito, colocou ali seus manuscritos, ajustou sua veste nos ombros e os papéis no púlpito, olhou para o público sorriu e abriu a boca para falar. Mas nenhuma palavra saiu.

Ela perecia um tanto surpresa, bem como seus ouvintes. Vagarosamente observou o auditório, e então olhou para o púlpito, ajustou seus manuscritos e sua veste nos ombros, levantou a cabeça, sorriu e abriu a boca para falar. Outra vez nenhuma palavra saiu. Uma aparência de consternação cobriu o rosto da profetisa, e um murmúrio de ansiedade espalhou-se pela congregação.

Outra vez ela observou atentamente seus ouvintes, desta vez mais lentamente – intensamente, como se estivesse procurando alguém em particular. Desta vez ela não parou ao alcançar a última fila, mas virou-se ao redor e olhou para o rosto dos ministros nas cadeiras atrás dela. Nathaniel Davis, um homem alto e magro estava assentado na extremidade daquela fila. Ela voltou-se para Daniells e disse com um ar de dúvida: “O que esse homem está fazendo aqui na plataforma comigo?”

Como ela estava voltada de costas para a congregação, poucos captaram a estranha afirmação. Porém Harold Blunden, na segunda fila, ouviu a pergunta e ficou pasmado. Porque Nathaniel Davis não deveria estar na mesma plataforma com ela?, questionava ele silenciosamente. Davis era um líder, embora fosse um adventista relativamente novo. Ele era o editor do jornal adventista australiano “Signs of the Times. “(Sinais dos Tempos). Tinha todos os de estar naquela plataforma!

Subitamente Nathaniel Davis, levantou-se com toda a sua estatura, muito alto acima da pequena americana. Franziu a testa e deu a ela o mais odioso olhar que um ser humano jamais poderia dar a alguém Então girou no calcanhar, pulou fora da plataforma e com longos passos foi pelo corredor e saiu pela porta da capela.

Sem perturbar-se, Ellen White voltou-se outra vez para o púlpito, ajustou seus manuscritos e sua veste nos ombros, ergueu a cabeça, olhou, sorriu, abriu a boca e as palavras finalmente vieram. As pessoas estavam assentadas como se estivessem envolvidas e embebidas durante a hora e meia enquanto ela falou. Ao final eles amontoaram-se ao redor dela na porta para encontrarem-na pessoalmente.

O jovem Harold não se dirigiu à porta. Em vez disso, dirigiu-se para a plataforma. Ele precisava mesmo era saber o significado desse estranho acontecimento. Ele não ouviu nenhuma palavra de todo o sermão, porque suas ideias e seus pensamentos chocavam-se em sua mente. E isso foi o que ele aprendeu.

Nathaniel Davis tinha problemas – problemas sérios – e Ellen White havia escrito para ele uma carta de cinco páginas em 16 de Agosto de 1897. Ela começara a escrever essa carta às 3:00 horas da manhã. O primeiro parágrafo da página dois começara às 2:30 h da manhã do dia seguinte. Então ela continuou a carta dois dias depois . A Sra. White citou os problemas da irmão Davis com dinheiro, espiritualismo e baixa moralidade. (“Sua atitude é imoral. Você está trazendo desgraça sobre a causa da verdade… Você é um homem perigoso para ser deixado por si mesmo em qualquer lugar.”)6 Como uma mãe poderia pleitear com um filho desobediente, Ellen White insistiu com esse novo convertido homem a modificar suas atitudes erradas. Mas ele não tinha dado ouvidos a seu conselho. Naquele Sábado à tarde ele era um representante vivo do reino das trevas. Deus não permitiriam que Seu embaixador do reino da luz falasse até que Nathaniel Davis fosse banido! 7

“Eu nunca tive qualquer problema ou dúvidas sobre Ellen White depois disso!” Harold Blunden declarou após ter contado esse história a mim pessoalmente. “Alguns duvidaram e descreveram lá na Austrália, mas a minha opinião foi definida. E eu nunca tive oportunidade para mudá-la! Eu Sei. Eu estava lá. Eu fui uma testemunha visual”.

Blunden morreu pouco tempo depois com a idade de 89 anos, e nunca soube o que acontecera com Nathaniel Davis. Nem eu, até a alguns anos mais tarde. Certo dia, um dos meus colegas, sabendo do meu interesse pelo resto da história, veio até o meu escritório. Ele euforicamente balançou um documento em sua mão.

Quando Ellen White saiu da Austrália em 1990, os obreiros da igreja deram-lhe um grande álbum de autógrafos de páginas soltas como um presente de despedida. Cada página tinha sido escrita por alguém que havia recebido bênçãos pelo ministério de nove anos da Sra. White naquele continente. E, uma das páginas foi escrita a mão por Nathaniel Davis!

“Com o mais sincero prazer, tenho o privilégio de relatar minha apreciação pela obra da Irmã Ellen G. White e minha gratidão ao Pai Celestial pelas mensagens enviadas através dela ao Seu povo.”

“O testemunho fiel assim expresso revelou-me os meios pelos quais as algemas de Satanás foram quebradas, devido a influência do espiritismo, eu estive bem perto de me tornar uma ruína espiritual.

Eu tenho toda a razão para ser positivo em minha confiança na Irmã Ellen G. White como uma verdadeira profetisa.

Que o Senhor de amor de misericórdia, graça e verdade, guie e guarde-a seguramente até o fim, e prolongue seus dias de modo que ela possa continuar a advertir, admoestar o povo de Deus.

(assinado) N. A. Davis

Geelong, Victoria,

Austrália

6 de agosto 1900″8

Isto é tão verdadeiro hoje, como foi, quando o rei Josafá primeiramente expressou em palavras em 850 A. C.:

“Crede no Senhor vosso Deus, estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis.” (II Crônicas 20:20).

REFERÊNCIAS

  1. Denton E. Rebok, “The Spirit of Prophecy in the Remnant Church, ” em Our Firm Foundation (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1953), vol. 1, pp. 233, 234. (Essa história veio a Arthur L. White através do veterano líder pioneiro George B. Starr; Arthur White subsequentemente partilhou-a oralmente com Rebok.)
  2. Ellen G. White, carta 30, 1887.
  3. Ellen G. White, carta 16, 1888.
  4. Ellen G. White, carta 27, 1888.
  5. A história da fundação do Sanatório Paradise Valley (agora Hospital e Centro de Saúde) é contada de modo mais completo na S.D.A. Encyclopedia, edição revisada pp. 1078, 1079.
  6. Ellen G. White carta 36, 1897.
  7. Harold Blunden relatou essa história como parte de seu sermão “Guidance for Earth’s Last Generation”, publicado pelo White Estate (para o dia do Espírito de Profecia), 12 de Abril, 1958, pp. 6, 7.
  8. Esse álbum de autógrafos está hoje preservado nos arquivos do White Estate.

4 – UM CIENTISTA ANALISA A ELLEN G. WHITE

O professor universitário estava totalmente pasmado! “De onde veio este livro?”, perguntou ele à aluna chinesa-americana formanda. Helen Chen tinha vindo à Universidade Cornell para obter um mestrado em Ciências (M.S) na área de alimentos e nutrição em uma participação com base na “National Science Foundation Fellowship”. Ela havia se matriculado no curso popular de “Historia da nutrição” do Dr. Clive McCay.

“Isso é uma compilação dos escritos de Ellen G. White, uma das fundadoras da minha igreja”, respondeu Helen. “Conselhos Sobre Regime Alimentar” foi publicado após a sua morte, em 1938, e inclui conselhos sobre nutrição extraídos da pena da Sra. White do tempo da Guerra Civil Americana até a sua morte no início da Primeira Guerra Mundial”.

O que realmente abismava o professor eram os detalhes históricos nos quais Ellen White tinha originalmente feito cada uma de suas afirmações. O volume que o Dr. McCay tinha em suas mãos no seu laboratório aquela tarde de outono era única e sem paralelo entre os livros da Sra. White. No início de cada declaração, a data e os fatos da publicação original são dados.

O campo de interesse especial pelo Dr. McCay era a história da nutrição. Se você o desafiasse com uma data, como um computador, ele quase instantaneamente respondia citando nomes de escritores em nutrição. Ele então continuaria explanando no que eles haviam contribuído. Durante os anos de vida de Ellen White, muitos, se não a maioria dos contemporâneos “especialistas” em nutrição estavam escrevendo enormes absurdos. O fato de uma pessoa leiga comparativamente não educada estar defendendo tais ideias avançadas totalmente o surpreendeu. Ele queria saber mais.

Clive McCay obteve seu PH.D. (Doutorado em Filosofia), em 1925 na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Ele então passou dois anos em Yale como conselheiro membro do Conselho Nacional de Pesquisas (National Research Council) em Bioquímica. A seguir, mudou-se para Cornell, onde passou os próximos trinta e cinco anos desenvolvendo uma carreira acadêmica de progressiva distinção. O alto nível profissional do Dr. McCay é atestado de várias maneiras. Um deles é que ele publicou mais de 150 jornais científicos sobre vários aspectos de nutrição, especialmente no processo etário. Entre muitas outras realizações, serviu como presidente da American Gerontological Society (Sociedade Gerontológica Americana) (1949) e o American Institute of Nutrition (Instituto Americano de Nutrição) (1951).

Logo após sua morte em 1967, o JOURNAL OF NUTRITION (Jornal de Nutrição) dedicou dez páginas completas à uma visão retrospectiva de sua vida e de sua contribuição à ciência e à humanidade, 1 e o Journal of the AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION (Jornal de Associação Dietética Americana) publicou um abrangente esboço de sua vida. Dr. McCay era reconhecido como um pioneiro internacionalmente e autoridade no campo da teoria, pesquisa e história nutricional.

O livro de Ellen White “Counsels on Diet and Foods” (Conselhos Sobre o Regime Alimentar) criou no Dr. McCay um forte desejo de aprender mais sobre essa extraordinária autora. Ele entrou em uma vigorosa e animada correspondência com o pai de Helen Chen (um cientista que havia publicado um livro sobre feijão soja, um tema ligado ao coração profissional de McCay), e o velho Dr. Chen emprestou-lhe um bom número de livros de Ellen White.

Após uma palestra em 9 de abril de 1958, ao clube dos homens da Igreja Unitariana de Ithaca (do qual ele era membro) sobre a vida e os ensinos extraordinários da Sra. White, o Dr. McCay veio à atenção de Francis D. Nichol, na época editor da revista semanal internacional dos adventistas do sétimo-dia, a “Review and Herald” (atualmente “Adventist Review”). O editor Nichol dirigiu-se à Ithaca, New York, para encontrar-se com o Dr. McCay pessoalmente. Praticamente a primeira pergunta que o cientista fez ao ministro foi: “Como a Sra. White, com virtualmente nenhuma educação escolar, aprendeu ensinos de saúde tão acima e muito além de seu tempo?”

Nichol imaginou que este cientista unitariano poderia ter dificuldade em compreender a natureza e a função de “inspiração” como os adventistas e muitos cristãos mantinham essa doutrina. Assim ele facilitou a resposta dizendo que alguns dos inimigos dela evadiam-se da pergunta alegando que ela simplesmente copiava de seus contemporâneos.

“Absurdo,” respondeu o Dr. McCay. “Isso apenas cria um problema maior do que resolve.”

“Como assim?”

“Se ela meramente copiava de seus contemporâneos, como sabia que ideias tomar emprestado e que ideias rejeitar em meio às desconcertantes e confusas correntes de teorias e ensinos de saúde que circulavam no século XIX? Muitos eram totalmente irracionais e agora tem sido repudiante! Ela teria que ser uma pessoa das mais surpreendentes, com sabedoria além de sua época para poder fazer isso com sucesso!” 2

Quais eram os conselhos da Sra. White que essa autoridade em nutrição encontrou tão avançados para os seus dias? Nós apresentamos aqui o resumo de alguns dos conselhos de Ellen White.3

ÁLCOOL, TABACO, E ABUSO DE DROGAS

1871 – “O álcool e o fumo corrompem o sangue dos homens, e milhares de vidas são anualmente sacrificadas a esses venenos.” Temperança, p. 57.

1905 – “O fumo é um veneno lento, insidioso, mas põe demais maligno.” A Ciência do Bom Viver p. 328.

GORDURAS

1869 – “Frutas e cereais preparados livres de gorduras, e numa condição a mais natural possível, deveria ser o alimento para as mesas de todos os que afirmam estarem-se preparando para a transladação ao céu.” – Testimonies for the Church, vol. 2, p. 352.

1890 – “A gordura cozida na comida torna-a de difícil digestão.” – Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 354.

1896 – “Tanto o sangue como a gordura de animais são consumidos como uma iguaria. Mas o Senhor deu instruções especiais quanto a não deverem eles ser comidos. Por quê? Porque seu uso ocasiona uma corrente sanguínea enferma no organismo humano. A desconsideração pelas direções especiais do Senhor tem trazido uma porção de dificuldades e doenças aos seres humanos.” – Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 393, 394.

SAL

1883 – “O alimento deve ser preparado da maneira mais simples possível, livre de condimentos e especiarias, e mesmo de indevida porção de sal.” – Conselhos Sobre Regime Alimentar p. 340.

1884 – “Não useis demasiado sal; abandonai os picles; excluí de vossos estômagos alimentos ardendo de condimentos; comei frutas com as refeições, e a irritação que reclama tanta bebida cessará.” – Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 420.

LÍQUIDOS COM REFEIÇÕES

1884 – “Muitos cometem o erro de beber água fria nas refeições. Tomada com as refeições, a água diminui a secreção das glândulas salivares. O alimento não deve ser ingerido para dentro com água; não é necessário bebida com as refeições. Comei devagar, e deixai que a saliva se misture com a comida. Quanto mais líquido for posto no estômago com as refeições, tanto mais difícil é para a digestão do alimento; pois esse líquido precisa ser absorvido primeiro.” – Conselhos Sobre o Regime Alimentar p. 420.

AÇÚCAR EM COMBINAÇÃO COM O LEITE

1870 – “Grandes quantidades de leite e açúcar ingeridos juntos são prejudicais.” – Testimonies for the Church, vol. 2, p. 369.

1890 – “O livre uso de açúcar em qualquer forma tende a obstruir o organismo, e não raro é caso de doença.” – Conselhos Sobre Saúde p. 154.

CARNE (INCLUINDO FRANGO E PEIXE)

1864 – “Muitos morrem de doenças causadas totalmente pela ingestão de carne, ainda assim o mundo não parece ser tão sábio.” – Spiritual Gifts, vol. 4, p. 147.

1868 – “A probabilidade de contrair doenças é aumentada dez vezes mais pelo consumo de carne.” – Testimonies for the Church vol. 2, p. 64.

INGREDIENTES DO PÃO E NUTRIÇÃO

1898 – “Farinha de trigo sozinha não é o melhor para um regime contínuo. Uma mistura de trigo, aveia e centeio seria mais nutritivo do que o trigo destituído de suas propriedades nutritivas.” – Conselhos Sobre o Regime Alimentar p. 321.

1905 – “A farinha branca, fina, carece de elementos nutritivos que se encontram no pão feito de trigo integral.” – A Ciência do Bom Viver, p. 300.

A DIETA IDEAL:

1868 – “Coma abundância de frutas e verduras.” – Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 200.

1890 – “Frutas, cereais e verduras, preparados de maneira simples, livres de especiarias e gordura de toda espécie, fazem juntamente com leite ou nata mais saudável regime.” – Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 314.

____________________________

Qual foi a avaliação de Clive McCay das ideias ou conceitos do Sra. White? Na conclusão de uma série de três artigos na “Review and Herald”, escritos por solicitação do editor Nichol e baseados nas palestras que o Dr. McCay estava dando a várias sociedades profissionais, o professor de nutrição chegou a quatro conclusões:

“Para resumir a discussão: cada moderno especialista em nutrição cuja vida está dedicada ao bem estar humano precisa ser impressionado em quatro aspectos pelos escritos e a liderança de Ellen G. White.

Em primeiro lugar, seus conceitos básicos sobre a relação entre dieta e saúde têm sido confirmados em um grau incomum por avanços científicos de décadas passadas…

Em segundo lugar, cada um que tenta ensinar nutrição dificilmente poderá compreender uma liderança tal como aquela da Sra. White que foi apta a persuadir um enorme número de pessoas a melhorarem suas dietas.

Em terceiro lugar, alguém pode apenas especular sobre o grande número de sofredores durante o século passado que poderiam ter melhorado a saúde se eles tivessem aceitado os ensinos da Sra. White.

Finalmente, alguém pode imaginar como fazer seus ensinos mais amplamente para beneficiar a terra superpovoada que parece inevitável amanhã a menos que o atual índice de aumento da população mundial seja reduzido.

A despeito do fato de que as obras da Sra. White foram escritas muito tempo antes do surgimento da científica nutrição moderna, nenhuma orientação ou guia melhor e superior está disponível hoje. 4

Mais de uma década após o falecimento do Dr. Clive McCay, confirmação e certificação continuaram a aparecer de uma interessante variedade de fontes com muita autoridade. Apenas três serão citados aqui:

Primeiro: em dezembro de 1977, a segunda edição de um relatório (Alvos de Alimentação para os Estados Unidos) foi preparada pelo Select Committee on Nutrition and Humana Needs of the United States Senate (Comissão Escolhida Sobre Nutrição e Necessidades Humanas do Senado dos Estados Unidos”:

1 – Para evitar peso excessivo, ingerir apenas tanta energia (calorias) quanto é consumida; se houver excesso de peso diminuir a assimilação de energia e aumentar o gasto de energia.

2 – Aumentar o consumo do complexo de carboidratos “ocorrendo naturalmente” o aumento do consumo de açúcar de cerca de 28 por cento da energia absorvida a cerca de 48 por cento de energia ingerida.

3 – Reduzir o consumo de açúcar refinado e processado em cerca de 45 por cento para a média de aproximadamente 10 por cento da energia total ingerida.

4 – Reduzir acima de tudo o consumo de gordura de aproximadamente 40 por cento a trinta por cento de energia ingerida.

5 – Reduzir o consumo de gordura saturada a uma média de aproximadamente 10 por cento da energia total ingerida; e a compensá-la ou equilibrá-la com gorduras poli-insaturadas, as quais deveriam corresponder cada uma a aproximadamente 10 por cento de energia ingerida.

6 – Reduzir o consumo de colesterol a aproximadamente 300 miligramas por dia.

7 – Limitar a ingestão de sódio reduzindo a ingestão de sal a aproximadamente cinco gramas por dia.

A comissão então sugeriu sete “Mudanças na Seleção e Preparação de Alimentos”:

1 – Aumentar o consumo de frutas e vegetais e grãos integrais.

2 – Reduzir o consumo de açúcar refinado e outros processados e alimentos com alto índice de tais açúcares.

3 – Reduzir o consumo de alimentos altos em gordura total, e parcialmente substituir gorduras saturadas, sejam elas obtidas de fontes animais ou vegetais, por gorduras poli-insaturadas.

4 – Reduzir o consumo de gordura animal , e escolher carnes, aves e peixes que reduzirão o consumo de gorduras saturadas.

5 – Somente para as crianças novas, substituir o leite sem gordura por leite integral, e produtos laticínios de baixa gordura por produtos laticínios de alta gordura.

6 – Reduzir o consumo de manteiga, ovos, e outras fontes de alto colesterol…

7 – Reduzir o consumo de sal e alimentos que contêm elevada quantidade de sal. 5

Segundo: em julho de 1980, os “U.S. Departaments of Agriculture and Health, Education, and Welfare” (Departamento de Agricultura e Saúde, Educação, e Bem-Estar Social) atualmente Health and Humana Services (Serviços Humanos e de Saúde) juntos publicaram suas recomendadas “Orientações Dietéticas para os Americanos” em um panfleto: “Nutrition and Your Health” (nutrição e Sua Saúde):

1 – Comer uma variedade de alimentos.

2 – Manter peso ideal.

3 – Evitar muita gordura, gordura saturada e colesterol.

4 – Comer alimentos contendo amido e fibras adequados.

5 – Evitar muito açúcar.

6 – Evitar muito sódio.

7 – Se você bebe álcool, faça-o moderadamente. 6

Com exceção da última “recomendação” (Ellen White sugeria e apelava pela total abstinência de bebidas alcoólicas), esses dois relatórios governamentais não diferem em nenhum detalhe significativo dos conselhos da Sra. White dados a aproximadamente um século atrás!

Terceiro: em junho de 1982, um relatório em conjunto foi publicado pela National Academy of Science and the National Research Council (Academia Nacional de Ciências e Conselho Nacional de Pesquisa) intitulado “Diet, Nutrition, and Cancer”. Publicado pela National Academy Press, esse significativo documento foi o resultado de um estudo de dois anos sobre a conexão entre dieta e câncer.

Ao fazer certas mudanças na dieta, uma pessoa pode substancialmente reduzir o risco de cair como vítima do câncer. Reformas sugeridas incluem comer grande quantidade de frutas, cereais integrais, e vegetais, e reduzir o consumo de gorduras, açúcar, sal e álcool. 7

Ellen White, enquanto admitia certos problemas nas Escrituras, 8 bem como em seus próprios escritos, 9 não obstante apelava aos seus leitores a “decidirem baseados no peso das evidências”. 10 Ninguém talvez estivesse melhor qualificado a julgar baseados no “peso das evidências”, pelo menos com relação aos conselhos dela sobre dieta, do que Clive M. McCay.

Quatro anos antes de sua aposentadoria, reconhecendo o valor do programa dietético de Ellen White para uma ótima vida salutar, ele começou a partilhar suas descobertas e convicções com um número de grupos profissionais e de especialistas. Em um jornal impresso, o qual servia como uma saudação de Natal de McCay a seus muitos colegas e amigos em dezembro de 1958, o Sr. McCay informou que “Clive continua suas leituras e discussões em religião, e novos e interessantes amigos têm sido assim adquiridos”.

No outro lado do jornal no espaço para mensagens pessoais a recebedores individuais, o Dr. McCay escreveu uma nota pessoal a Helen Chen:

“Ithaca, New York

18 de dezembro de 1958

“Querida Helen:

Você aumentou meu interesse no programa adventista, e seu pai ajudou-me por me emprestar livros sobre Ellen G. White. As bibliotecas de Cornell são muito pobres desse material.

Se eu fosse começar a vida outra vez eu gostaria de ser um adventista. Creio que a filosofia deles tem a melhor solução dos problemas da vida entre as tensões da cultura americana. Eu tenho feito apenas um pequeno início num processo descobrindo a sabedoria da Sra. White. Estou triste porque o pastor adventista anterior está sendo transferido. Era o Sr. (Carlyle A.) Nelson, é uma pessoa muito fina. Ele e sua esposa bem como alguns dos outros adventistas locais foram convidados na Igreja Unitariana na noite que eu discuti sobre a Sra. White.

Sinceramente

(assinado) Clive McCay” 11

Clive McCay julgou o “peso das evidências”. E seu veredicto foi favorável.

 

REFERÊNCIAS

  1. “Clive Maine McCay (1889-1967) – “A Biographical Sketch,” Journal of Nutrition, vol. 103 (Janeiro de 1973), pp. 1-10.
  2. Francis D. Nichol, Why I Belive in Mrs. E. G. White (Washington D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1964), pp. 57-59.
  3. Adaptado de uma compilação de uma página, Adventist Review, 29 de julho de 1982, p. 9.
  4. Clive M. McCay, “A Nutritional Authority Discusses Mrs. E. G. White,” Review and Herald, 12, 19 e 26 de fevereiro de 1959 (reimpresso no mesmo periódico, com uma pequena redução em 8 e 15 de Janeiro de 1981; reimpresso em formato de brochura; citado em Nichol, OP. CIT., pp. 58, 59).
  5. “Dietary Goals for the United States”, segunda edição (United States Senate Select Committee on Nutrition and Human Needs, Dezembro de 1977), p. 4.
  6. “Nutrition and Your Health: Guidelines for Americans” (U. S. Departaments of Agriculture and Humana Services, 1980), Home & Garden Bulletin No 232, p. 1.
  7. Ver “Diet, Nutrition, and Cancer” (relatório conjunto da National Academy of Science e National Research Council, Junho de 1982).
  8. Ver Ellen G. White, O Grande Conflito (Santo André, S.P.: Casa Publicadora Brasileira, 1978), p. 527.
  9. Ver Ellen G. White, Testimonies for the Church, vol. 5, pp., 675, 676.

10. Ibid., p. 675.

11. Printed newsletter, “1958: Christmastime at Green Barn Farm, Route 1, Ithaca, N.Y.”


5 – “NÃO SEM HONRA”

Willian Foxwell Albright (1891-1971) era da América – e talvez do mundo – o principal e mais importante arqueólogo do século vinte. Ele recebeu seu Ph.D. (Doutorado em Filosofia) na Johns Hopkins University com 25 anos de idade, e durante os cinquenta anos seguintes recebeu vinte e cinco doutorados “honorary” (doutorados de honra) de faculdades, universidades e seminários da fé protestante, católica romana e judaica. Ele escreveu mais de oitocentas publicações sobre arqueologia, a Bíblia, e assuntos orientais. Na década de 1950 um de seus candidatos ao doutorado na Johns Hopkins (o já falecido Alger Johns, pôs o Dr. Albrigth em contato com os escritos de Ellen White. Sua curiosidade despertada, o famoso arqueólogo empreendeu-se em sua própria investigação da vida, obra, e reivindicações de Ellen White. E em seu livro “From the Stone Age to Christianity” (Da Idade da Pedra ao Cristianismo), Dr. Albright citou a Sra. White como um dos cinco indivíduos a quem ele considerava sendo autênticos “profetas” durante os últimos 250 anos. 1

Tradicionalmente, entretanto, profetas não têm tido um período particularmente fácil em realizar seus objetivos profissionais. Invariavelmente – e inevitavelmente eles não são populares. No livro final do Antigo Testamento (como era constituído nos dias de Jesus) o narrador da história ou das crônicas do povo de Deus lamentavelmente escreveu essas palavras reveladoras: “O Eterno, o Deus dos seus antepassados, continuou a avisá-los por meio dos seus profetas (“continuamente e cuidadosamente”), porque tinha pena do Seu povo e do Templo, a Sua casa. Mas eles riram desses mensageiros da Deus, rejeitaram as suas mensagens e zombaram deles. Finalmente Deus ficou irado com seu povo que não houve mais remédio (“cura”) “(II Crônicas 36:15, 16: Bíblia na Linguagem de Hoje).

Jesus acrescentou a seguinte desapontadora bênção em Sua discussão sobre o irônico fato de que os profetas são frequentes mais reconhecidos e aceitos por sua própria comunidade: “Não há profeta sem honra senão na sua terra e na sua casa.” (Mateus 13:57).

Assim foi com Ellen G. White. Muitos membros de sua igreja repudiaram e rejeitaram seus testemunhos e conselhos. Contrariamente, muitos que não eram de sua persuasão religiosa reconheceram a sabedoria, beleza, e o poder de sua palavras – como foi o caso do Dr. Albright. Os testemunhos incluídos neste capítulo não vêm dos Adventistas do Sétimo-Dia (que poderiam ser presumidos como tendenciosos) mas, ao invés disso, da pena daqueles que não eram (e não se tornaram) Adventista do Sétimo-Dia. Eles têm, entretanto, dado à Sra. White a devida honra.

Em 1960 Pool Harvey, comentarista de notícias da “American Broadcasting Company” e colunista integrante do “United Features”, escreveu um artigo de dezesseis parágrafos descrevendo Ellen White. O artigo começa assim:

“Era uma vez, há cem anos, uma jovem moça chamada Ellen White. Ela era frágil e delicada como uma criança, tendo completado apenas a escolaridade primária (na realidade, ela nunca chegou a terminar a terceira série), e não tinha nenhum treinamento técnico, e ainda assim viveu para descrever vários artigos e muitos livros sobre o assunto de “vida salutar”.

“Lembre-se, isso foi nos dias quando os médicos ainda faziam transfusões de sangue e realizavam cirurgias com as mãos não lavadas. Isso foi numa época da ignorância médica estar às margens do barbarismo. Entretanto, Ellen White escreveu com tão profunda convicção sobre o assunto de nutrição que todos, exceto dois dos muitos princípios que ela expunha, tiveram que ser cientificamente estabelecidos.” 2

Harvey então demostrou como ela estava correta sobre a preferência pelo óleo de oliva acima da gordura animal na dieta. Nós reconhecemos agora sua sabedoria em caracterizar farinha branca refinada como carente em valores nutritivos. Sua advertência concernentes ao perigo de excesso de sal e irregularidade no comer têm-se provado corretas. Em 1960 havia duas declarações de sua pena não verificadas: o uso de vários cereais em vez de meramente trigo integral na fabricação do pão, e vegetarianismo. 3

Nove anos mais tarde o colunista Harvey fez uma atualização sobre a Sra. White para os leitores de seu jornal ao redor da América. Após citar o baixo índice de doenças respiratórias, derrames cerebrais, e câncer entre adventistas, ela continuou: “Isso tem reafirmado a fé do fiel a descobrir que as mais avançadas descobertas científicas apoiam o que foi escrito e ensinado por essa surpreendente pequena senhora, Ellen White, há mais de um século atrás. Se as descobertas científicas futuras continuarem a apoiá-la vamos ver o que os médicos de amanhã estarão prescrevendo. Ellen White advertiu contra o excesso de alimentação. Também contra a redução excessiva da alimentação (“não ir a extremos”). Mínimos doces (ela disse que o açúcar não é bom para o estômago).

Ela recomenda cereais, vegetais, frutas – especialmente maçã (“as maçãs são superiores a qualquer outra fruta”).

Recomendava contra a Carne, café ou chá. E, sinto muito, nada de biscoitos quentes.

Se algumas de suas recomendações parecem extremas, imagino como elas devem ter parecido em 1863. Ainda assim a ciência moderna continua mais e mais a dizer: “Ela estava certa!” 4

Um estudante universitário trabalhando em um curso avançado no Teacher’s College (Faculdade de Educação), Columbia University, em 1959 descobriu uma cópia do livro “Education” (Educação) de Ellen White na biblioteca de referências pessoais da Dra. Florence Stratemeyer. Dra. Stratemeyer, uma educadora administrativa e professora de educação, fora convidada a dar uma palestra diante de uma convenção de professores adventistas em Washington, D. C.. Lá ela disse outras coisas:

“Recentemente o livro “Educação” de Ellen G. White foi trazido à minha atenção. Escrito no início do século, esse volume estava mais de cinquenta anos à frente de sua época. E eu fiquei surpresa ao saber que ele foi escrito por uma mulher com nada mais de três anos de escolaridade.

A amplitude de sua filosofia surpreendeu-me. Seu conceito de educação equilibrada, desenvolvendo harmonioso, e de ideias, e reações em princípios são avançados conceitos educacionais.

O objetivo de restaurar no homem a imagem de Deus, o autocontrole da criança são ideais que o mundo desesperadamente necessita.

A Sra. White não usou a palavra currículo (curriculum) em seus escritos. Mas o livro “Educação”, em certas partes, trata de importantes princípios curriculares.

Hoje muitos estão enfatizando o desenvolvimento do intelecto. Porém sentimentos e desenvolvimento emocional são igualmente importantes. Na sociedade em constantes mudanças mudança e alterações, a habilidade de agir sobre ideias e em termos de princípios é central. Esse harmonioso desenvolvimento é tão grandemente necessário, entretanto, tão geralmente negligenciado hoje.

Eu não estou surpresa pelos membros da Igreja Adventista do Sétimo-Dia manterem os escritos da Sra. White em grande respeito e fazerem deles o centro no desenvolvimento do programa educacional em suas escolas”. 5

Dra. Stratemeyer estava, sem dúvida, familiarizada com os pontos de vista educacionais correntes em 1903 quando o livro “Educação” foi publicado, bem como aqueles de eras anteriores. Se a Sra. White tivesse meramente reorganizado e redistribuído várias ideias em moda no passado, a professora da Columbia University dificilmente teria se arriscado publicamente a chamar os conceitos de Ellen White de “avançados”!

Seis anos antes o Professor Tsunekichi Mizuno da Universidade Tamagawa do Japão (e anteriormente chefe do Museu Tokyo de Ciências e diretor de Educação Social para o Ministério de Educação do Japão) recomendara o livro “Educação” a pais professores e alunos. Ele o chamava “a mais proveitosa e útil leitura em nossa compreensão da ‘Nova Educação’ “.

“EDUCAÇÃO, escrito com a pena inspirada de Ellen G. White por uns cinquenta anos sido um livro bem conhecido o qual tem prestado maior serviço possível e alegria a estudantes, professores e pais em todo o mundo.

Quando eu estava estudando na universidade de Illinois, foi meu privilégio ter o livro em sua língua original. Eu fui profundamente tocada pelo livro naquela ocasião (professor Mizuno não é um Cristão e não professa nenhuma religião particular), e desde então tem sido meu desejo recomendá-lo aos educadores no Japão. É a minha sincera alegria ouvir que o livro finalmente tenha sido traduzido para a língua japonesa.” 6

O ministro da educação de um país Sul Europeu havia estudado no Teacher’s College da Columbia University. Ele viera aos Estados Unidos em busca de atualização e o melhor em diplomacia educacional e programas para o seu país recém-formado.

Ao retornar à Europa do Sul, Dr. Raja R. Radosavlyevish foi o autor de uma obra sobre educação moral e religiosa. Ela foi escrita na língua Sérvia, publicada pela impressora da universidade estadual, e aclamada por aquela instituição como o “melhor livro” sobre educação religiosa naquela língua.

Quando os líderes da Igreja Adventista na Sérvia leram a obra, reconheceram-na imediatamente era uma tradução do livro “Educação” de Ellen G. White, com uma introdução escrita pelo ministro da educação da Sérvia. Oitenta por cento do livro viera diretamente da pena de Ellen White!” 7 Seria isso um plágio? Quem sabe a motivação do bom homem? Se Charles Calep Colton está correto em sua declaração (“imitação é a mais sincera forma de lisonja”), então os adventistas deveriam, sem dúvidas, sentirem-se lisonjeados!

Em 1965 uma socióloga alemã, Dra. Irmgard Simon, publicou sua tese doutoral em Munster, Westephalia. Isso tratava dos Adventistas do Sétimo-Dia e Ellen White. Ela dizia, em parte;

“Quanto a questão de como foi possível uma mulher que nunca havia recebido uma educação real, e também sofrera problemas de saúde, desempenhasse um trabalho tão importante e extenso a despeito dessas desvantagens – muitas respostas têm sido dadas.

A razão mais importante seria encontrada em sua fé poderosa, em seu forte equipamento religioso e suas capacidades visionárias, coisas que a faziam absolutamente certa de ser alguém especialmente chamada… a sensação de ser alguém especialmente escolhida dava-lhe energia, persistência e paciência.

Ela estava repleta de sublimes ideias morais, as quais ela encontrava em sua própria vida pessoal e em função das quais ela também esperava que seus companheiros estivessem vivendo. Além disso, ela conhecia os seres humanos tão bem como poucas pessoas conhecem… Ela olhava para as pessoas na maneira moderna, na plenitude de seus seres, com o corpo, mente, e espírito. Ela era alguém sem medo dos homens; corajosa e consistente; lutava internamente no movimento para solucionar muitos problemas os quais as igrejas não esperavam ver solucionados por muitas décadas.

A despeito de sua forte, sim, elevada união com Deus, ela raramente perdia o contato com a realidade. Ao contrário, enfrentou muitas questões práticas na vida. Ellen G. White viveu apenas com um propósito: beneficiar e expandir a denominação que servia para que os membros de sua igreja pudessem estar bem preparados, e por uma vida agradável a Deus, pertencerem ao número da “igreja remanescente”.

Seu conhecimento de vários assuntos ela praticava com toda ênfase, entretanto não de maneira exagerada ou fanática, pois condenou todo tipo de fanatismo, mas de uma maneira que se adaptassem às circunstâncias prevalecentes. E. G. White era uma mulher sábia e liderante, e tinha uma alma forte. Ela pensava e vivia pelo movimento que formara. Desprezava “o mundo” e trabalhava inteiramente com o propósito de quebrar seus laços e ganhar pessoas para Cristo.

É fácil compreender que uma pessoa envolvida em uma tal obra, sendo sua figura central, receberia sérias críticas, especialmente sendo uma mulher.” 8

Dra. Simon discutiu a questão de a Sra. White ter sido uma das renomadas pessoas da Igreja Cristã através dos vários séculos. Dra. Simon foi incapaz de encontrar explicação científica adequada para as visões e extraordinárias experiências de Ellen White. Ela manteve a opinião de que se Ellen White tivesse sido uma católica romana em vez de Adventista do Sétimo-Dia ela muito bem poderia ter sido canonizada no devido tempo!

“Indubitavelmente foi o fato estabelecido de sua mística visão que Deus operou um poderoso esplendor sobre seus companheiros de fé, habilitando-se a ser sua líder sem manter um cargo oficial na igreja. Atuava como uma mensageira entre Deus e as igrejas. Através dela, os membros tinham uma parte com o Ser divino. Isso explica a forte posição que Ellen G. White tem mantido sobre os adventistas. A despeito de sua alta posição, E. G. White nunca caiu na tentação que outros fundadores de vários movimentos tem caído, onde eles alegavam estar elevados acima das fraquezas da carne humana, mas era uma serva e não alegava a honra que pertencia a Deus.

Os Adventistas do Sétimo-Dia ainda vivem no espírito de E. G. White e apenas enquanto essa herança durar os adventistas terão futuro. 9

Na ocasião de sua morte, a Sra. White recebeu consideráveis comentários editoriais na imprensa secular. Dois exemplos são bem típicos das observações de editores de jornais não adventistas concernentes à sua vida e o significado de suas realizações. O editor do “Toledo (Ohio) Blade” escreveu sobre uma Profetiza Moderna.”

“Sra. White… muito cedo manifestou algo dos dons de profecia. Com a formação da igreja dos Adventistas do Sétimo-Dia, ela imediatamente desenvolveu uma influência, e tal influência foi mantida até a hora de sua morte, um período de setenta anos. Além dos raros talentos como pregadora, tinha habilidades organizacionais e administrativas. Tudo isso foi dado à sua igreja. A igreja prosperou e cresceu a ponto de espalhar-se através de muitas terras, universidades, escolas médicas, hospitais e escolas para professores e missionários foram fundados.

Sra. White era uma mulher extraordinária. Tivesse ela vivido um período precursor da carreira do Cristianismo e escapado da intolerância e do fogo, muito certamente teria sido canonizada. Ela era da carne da qual os santos são feitos.” 10

O “New York City Independent” editou primeiro com relação aos resultados, e então à vida que os produziu, afirmando:

“Obviamente, esses ensinos estavam baseados na mais rigorosa doutrina de inspiração das Escrituras. O Adventismo do Sétimo Dia não poderia existir de nenhuma outra maneira. E o dom de profecia devia ser esperado como prometido à “igreja remanescente”, que havia se apegado firme na verdade. Essa fé deu grande pureza de vida e incessante zelo. Nenhum grupo de cristãos os excede em caráter moral e determinação religiosa.

A obra da Igreja Adventista começou em 1853 em Battle Creek, e tem crescido até agora. Eles têm trinta e sete casas editoras ao redor do mundo, com literatura em oitenta línguas diferentes, e um rendimento anual de $ 2 milhões de dólares. Eles têm atualmente, setenta faculdades e academias, e aproximadamente quarenta sanatórios os clínicas de saúde; e em tudo isso, Ellen G. White tem sido inspiração e guia. Aqui está um nobre relatório, e ela merece grande honra.

Recebeu ela realmente visões divinas e foi ela realmente escolhida pelo Espírito Santo para ser dotada com o carisma de profecia ou foi ela a vítima de uma excitada imaginação? Por que nós deveríamos responder? Uma das doutrinas da Bíblia pode afetar a conclusão. Em qualquer aspecto, ela foi absolutamente honesta em sua crença e em suas revelações. Sua vida foi digna delas. Demonstrou nenhum orgulho espiritual e não buscou nenhuma vantagem corrupta. Viveu a vida e fez a obra de uma profetiza digna, a mais admirável entre todas as americanas.” 11

REFERÊNCIAS

  1. William Foxwell Albrigth, “From the Stone Age to Christianity”, segunda edição (Baltimore: Johns Hopkins Press, 1957), pp. 18, 19.)
  2. De Lima, Ohio, News, 11 de agosto de 1960: citado em “Notes and Papers” impressão (Washington, D.C.: General Conference of Seventh-day Adventists, 1974), pp. 193, 194.
  3. “Talvez deveríamos reler o que Ellen White ensinou”, Today’s Food, vol. 5, número 4 (Winter, 1960), p. 8.
  4. Citado em Today’s Food, vol. 14, número 4 (Winter, 1969), p. 8.
  5. “Review and Herald”, 6 de Agosto de 1959; Citado em “Notes and Papers Concerning Ellen G. White and the Spirit of Prophecy”, sétima impressão, p. 316.
  6. Citado em “Notes and Papers”, pp. 314, 315.
  7. William A. Spicer, The Spirit of Prophecy in The Advent Movement (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., “She Never Owned a Crystal Ball”, por George E. Vandemam, It is Written productions, Thousand Oaks, Califórnia, para mais detalhes do que foi politicamente incluído na apresentação de 1937 por Spicer.
  8. Traduzido do alemão por Ingemar Linden em “Would Catholics Have Canonized E. G. White?” Northern Light, setembro de 1968, p. 7.
  9. Ibid.

10. Editorial, “A Modern Prophetess”, Toledo Blade, 19 de julho de 1915; citado na Review and Herald, 27 de maio de 1971, p. 24.

11. Editorial, “An American Prophetess”, The Independent, New York, 23 de agosto de 1915, pp. 149, 250; citado por Arthur L. White em Ellen White: The Later Elmshaven Years (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1982), pp. 444.


UMA PALAVRA FINAL AO LEITOR

No capítulo anterior eu relatei os testemunhos não solicitados dados por não-adventistas. Meu propósito – pelo menos em relação aos adventistas do Sétimo-Dia não foi inspirar fé, mas em vez disso apenas confirmá-la. As Escrituras dão vários testes para autenticar a validade das alegações de alguém à função profética. Eu os tenho aplicado cuidadosamente e escrupulosamente à Ellen White, e ela passa em todos eles, portanto, eu creria nela e em seu dom mesmo que qualquer pessoa famosa a aceitasse ou não. Veja, a aceitação deles (ou não aceitação) não é critério, e é definitivamente irrelevante, quanto a estabelecer se ela era ou não uma profetisa.

Jesus disse ao “incrédulo” Tomé: “Tomé, por que me vistes, crestes? Bem aventurados os que não viram e creram” (S. João 20:29).

Fé é importante, mas fé precisa sempre basear-se em evidência adequada. Qual é a minha evidência? Por que creio em Ellen G. White como uma legítima, autêntica, atual profetisa de Deus?

1 – Como mencionamos acima, eu tenho aplicado os vários testes bíblicos de um verdadeiro profeta. Eu constatei que Ellen White satisfaz cada requisito sobre uma ampla série de tópicos (ver capítulo 2). Há um conjunto de material sobre o qual o teste pode ser feito.

2 – Eu tenho provado o valor de seus testemunhos e conselhos em meu próprio ministério na América do Norte, na África Ocidental e em outras partes do mundo. Por exemplo, na Nigéria tivemos o privilégio de ajudar na fundação da mais nova instituição Adventista de ensino superior naquela parte do mundo, o Seminário Adventista da África Ocidental.

Nós começamos literalmente de um matagal em 370 acres no coração de uma floresta. No primeiro ano tivemos de aplicar os vários conselhos de Ellen White em educação aqui nesse novo laboratório em uma maneira sem paralelo.

Nós implementamos o programa “trabalho-estudo” defendido por Ellen G. White no qual uma porção de cada dia é dedicada por professores e alunos à experiência de trabalho fora da sala de aula. Em grandes faculdades e universidades adventistas hoje, o processo de execução e realização faz a introdução desse programa uma tremenda tarefa. Mas com apenas dois professores e sete alunos naquele primeiro ano, nós fomos capazes de fazê-lo. Nós diríamos as aulas na manhã e dedicávamos as tardes para trabalhos manuais e nós provamos o valor dos conselhos dela. Pois descobrimos que realmente nos familiarizamos, individualmente, com nossos alunos, nesse ambiente informal – conhecendo-os pessoalmente, intimamente. Nós também estávamos aptos a expor conceitos e ideias enquanto trabalhávamos lado a lado, que nós jamais poderíamos ter apresentado no ambiente formal das salas de aula.

Os conselhos da Sra. White funcionam no nível pragmático. Por essa razão, também, eu creio.

3 – Minha razão final é, admissivelmente muito subjetiva. Eu descobri que os escritos de Ellen White alimentam minha alma como nenhum outro escrito, exceto as Escrituras, podem fazer. Eu encontro e conheço a Jesus como em nenhum outro lugar (exceto nos Evangelhos) em sua incomparável biografia “O Desejado de Todas as Nações”, e nos demais volumes de sua trilogia sobre Cristo: “Parábolas de Jesus” e “O Maior Discurso de Cristo”.

Eu tenho lido os escritos publicados de Ellen White na minha sala pastoral de estudos. Tenho lido-os no meu escritório na faculdade. Mais recentemente, tenho me assentado na galeria de arquivos do “White Estate” na sede mundial adventista em Washington D.C., onde tenho lido manuscritos e cartas originais. Cada vez eu tenho ouvido a voz do Espírito Santo de Deus falando diretamente à minha alma.

De encontros pessoais muito numerosos para relatar aqui, eu estou satisfeito de que a Sra. White foi uma profetisa genuína do Senhor.

Eu convido você a ler esses escritos e decidir por si mesmo. Como a “Imperial Creamery” em Los Angeles costumava fazer propaganda de seu sorvete: “Tis the taste that tells the tale” – “É o sabor que conta a história”.