Daniel Oscar Plenc

Ellen Gould Harmon conheceu Tiago Springer White durante sua viagem à Maine e estados vizinhos, em 1845 para compartilhar as primeiras revelações de Deus. Tiago era um jovem e fervoroso pregador adventista. Ellen e Tiago White se casaram em Portland, Maine, no dia 30 de Agosto de 1846 e tiveram quatro filhos: Henry Nichols (1847 – 1863), James Edson (1849 – 1928), Willian Clarence (1854 – 1937) e John Herbert (1860).

Estes afetuosos e esforçados pioneiros formaram um bom matrimonio que durou 35 anos, embora o Patrimônio White ainda tenha cartas que evidenciam alguns momentos de tensão entre o casal White. Estamos falando das cartas 64 – 67 dos anos de 1876. Faz poucos anos que este material foi publicado com a devida apresentação do seu contexto histórico no livro Hijas de Dios: Mensajes Especiales Para La Mujer (Nampa, Idaho: Publicaciones Interamericanas, 1999, p. 280 – 296). O material aparece intitulado como: A relação entre Ellen White e Seu Esposo.

Essas cartas foram escritas em uma época na qual a doença alterava as emoções do Pastor White. Alguns anos antes da sua morte, Tiago sofreu vários derrames que causaram algumas alterações na sua personalidade, que sem uma razão específica ele se sentia atacado e tratava com dureza o seu filho Edson. Ellen White pediu ao seu filho que tratasse o Sr. White com ternura porque ele já estava desgastado, sobrecarregado e atormentado (10 Manuscript Releases 29, 1871).

No ano de 1973, o Patrimônio White adquiriu uma coleção de cartas dirigidas a Lucinda Hall. Lucinda era uma das mais queridas amigas de Ellen White, e uma parente de Lucinda as havia conservado por muitos anos. Entre as 2,000 cartas escritas entre 1860 e 1899 por dirigentes da igreja, havia um conjunto de 48 cartas de Ellen G. White que não havia notícias. Algumas delas, escritas entre os dias 10 e 17 de maio de 1876 falavam de algumas dificuldades na família White. Eram cartas confidenciais de uma amiga para a outra. Um dia após ter escrito a sua primeira carta, Ellen White comentou que havia se arrependido de ter dividido tais problemas pessoais com sua amiga e pede a ela então que queime as cartas. Evidentemente Lucinda não fez assim como a Sra. White havia pedido e então estas cartas chegaram ao conhecimento público. Nas suas cartas, Ellen White dizia que não havia perdido o amor pelo seu esposo, mas havia coisas que ela não podia explicar. Ela via mudanças na personalidade de Tiago. Por conta dos derrames, ele às vezes era suspicaz, duro e exigente. No mesmo dia em que escreveu para a sua amiga, Ellen White também escrever uma carta a Tiago que dizia: Entristece-me escrever ou dizer coisas que te magoem. Perdoe-me, a partir de hoje serei muito mais cuidadosa ao escrever, para que o que eu escreva não te machuque ou irrite. (20 Manuscript Releases 23, 1876). Infelizmente, o Pr. White nunca conseguiu se recuperar completamente, ele tinha dias bons mas também dias de depressão.

Na primeira carta, Ellen White dizia: Temos as mudanças de humor de Tiago, suas emoções fortes, suas censuras e a forma como me julga (Carta 64, 10 de Maio de 1876). Ellen White dizia o seguinte em uma carta ao seu esposo: “Não reclamo para a minha infalibilidade, nem sequer cobro de ti a perfeição de um caráter cristão. Não estou livre de cometer erros e ter defeitos em minha vida.” (20 Manuscript Releases, 1876).

Durante a época na qual estas cartas foram escritas, o casal White estava trabalhando separadamente, e Ellen não achava conveniente viajar para ir encontrar-se com o seu esposo no Leste, embora pouco dias depois ela mudou de idéia e foi ao encontro de seu marido para assim acompanhá-lo. Em harmonia, os dois realizaram congressos, viajaram até Battle Creek e continuaram trabalhando juntos na Califórnia. Tempos depois, Ellen White escreveu que seu esposo se mostrava paciente, terno e bondoso (10 Manuscript Releases 36 – 37, 1877). Os momentos de bonanza haviam retornado ao lar da família White. Ellen White escreveu o seguinte ao seu filho Edson: “Papai está bem, ele se encontra alegre e feliz. É muito amável e terno comigo, e sempre pensa no meu conforto. Está muito ativo…” (Carta 3, 1879). Uma semana depois, também escreveu: “Não sei se alguma vez já desfrutamos da sociedade mutuamente como estamos a fazer agora.” (Carta 5, 1879). Na carta para o seu filho William e sua esposa Mary havia a seguinte descrição: “Temos tido um inverno tão agradável e harmonioso como nunca havíamos tido antes em nossas vidas.” (Carta 18, 1879).

Finalmente Tiago White morreu no dia 6 de Agosto de 1881. Em suas cartas anteriores, Ellen White manifestava e recordava da morte de Tiago dizendo: “Ainda que ele tenha morrido, sinto que ele é o melhor homem que já tenha vivido nessa Terra”. (Documento do Centro White, File 733-c). As dificuldades e limitações dos homens de Deus não deve nos surpreender. Pelo contrário, sua luta para se sobrepor às suas imperfeições deve ser usada como um estímulo para todos aqueles que enfrentam desafios parecidos.